Suas Flores

Segredos, jasmim e anêmonas

- Eu vou sentir tanta falta de vocês. - Victor diz nos abraçando.

- Vão ser só duas semanas Vi.

- Mesmo assim, duas semanas é uma vida para gente.

- Ele está certo, nunca ficamos tanto tempo longe uns dos outros. - Rafa complementa.

- Vamos sobreviver. - Dou risada e nos abraçamos novamente. - E divirta-se no Havaí. - Esperamos dar o horário do embarque de todos até que ficamos apenas Rafael e eu.

- Agora seremos só nós por duas semanas Thalitinha. - Rafa diz passando o braço ao redor do meu pescoço enquanto caminhamos até o carro.

- Vamos ter nos matado até o final do dia, aposto. - Rimos e entremos no veículo.

O caminho até o meu apartamento foi silencioso, deixamos a música tocando no rádio preencher o ambiente. Tudo muito calmo dentro do carro, mas na minha mente as coisas estavam um turbilhão de emoções, um carnaval inteiro de enredos montados em perguntas. Eu estava me corroendo por dentro para perguntar a Rafael sobre a conversa dele com Gabriela na festa, porém também estava tentando achar uma maneira de perguntar sem precisar contar que fiquei ouvindo a conversa atrás de porta como uma criança curiosa. O carro parando em frente ao edifício trouxe-me de volta a realidade. Seria agora ou nunca Thalita.

- Rafa?

- Que? - Ele desliga o carro.

- O que você sabe sobre a Gabie que é tão horrível a ponto de você não querer ela perto de mim?

- Thali...

- E não me venha com essas de que quem deveria me contar é ela.

- Você acha que ela gosta de verdade de você? - A pergunta me pegou de surpresa.

- Como assim? O que essa pergunta tem a ver Rafa...

- Só... - Ele me interrompeu. - Responde.

Encaro o porta-luvas do carro enquanto penso na resposta. Gabriela me trata bem, era atenciosa e ela me enxergava, se interessava por mim como ninguém antes se interessou. Mas, se ela gostava de verdade de mim já é outros quinhentos. Como eu saberia? Quero dizer, acho que sim. Espero que sim.

- Acho que sim.

- Acha errado.

- O que você quer dizer com isso? - Altero a voz. - Pelo amor... - Tento me acalmar.

- Você é só um jogo Thalita, ela está só está tentando concertar os erros da vida dela.

- Pra quem conhece ela só do parque você está sabendo demais.

- Isso é bem maior que o parque Thali.

- Me conta.

- Não vamos brigar na primeira noite do Vi fora ou literalmente vamos ter nos matado até o final do dia.

- Rafael...

- Amanhã a gente conversa. - Ele me olha. - Okay?

- Você vai me contar?

Meu amigo não disse nada e apenas destravou as portas do carro, entendi como um pedido para que eu saísse e assim o fiz, mas deixei bem claro a minha insatisfação batendo firme a porta do mesmo. Eu sou calma, tranquila e uma pessoa muito bem estruturada. É muito difícil que eu perca as estribeiras ou me estresse por pouco, como isso, pois isso é pouco. Mas não era por ser uma pessoa muito bem controlada que faria papel de boba, pelo contrário. Não iria ficar mendigando respostas para perguntas que nem sei ao certo como perguntar. Se eles não me dizem, iria procurar sozinha. Entrei em casa e fui direto para a minha mesa de trabalho, sentei-me, abri o computador e respirei fundo.