Capítulo três - A Ordem Perdida

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"Apenas encontrando o último", a tontura do soco ainda estava presente e acalmar meu corpo disparado de adrenalina não foi tarefa fácil, mas tinha certeza que ouvi Ewerton falar isso. Seja lá o que o ele estava buscando, por que eu era esse último? Encontrar alguém para algo em meio a uma briga de escola só podia dizer que ele queria que eu entrasse para a sua gangue ou vendesse drogas para ele, coisas que tenho certeza que não seriam bem vistas pela minha mãe. Estava pronto para bombardear ele e o trio maravilha com algumas perguntas, mas fui surpreendido pelo Assistente Geral da escola que começou a dispersar os alunos apenas com sua presença emergindo de dentro da escola. Se alguma vez eu já achei um ser humano estranho na vida era aquele cara, um sujeito de cabelo penteado com mais ou menos uma dúzia de cremes diferentes para cabelo, era tão alto quanto um jogador de basquete da NBA mas era magrelo como alguém que não foi alimentado pelo hospital de onde ele vinha, uma espécie de Slendermen do High School já que na escola ele sempre usava o mesmo estilo de roupa, terno que ele mudava de cor dependendo do dia da semana, vai por mim os piores dias eram nas sextas, vocês não fazem ideia do que é segurar o riso quando tem que passar pelo John Travolta em Os Embalos de Sábado à noite. Seu tivesse tempo de esconder o sangue talvez conseguisse sair dessa, mas a chegada foi tão repentina que só tive tempo de levantar o olhar para ele e o terno preto de segunda-feira.

- Me acompanhe, Senhor Carter - Disse o assistente e suas palavras foram tão intimidadores quanto seu olhar por de baixo dos óculos de grau em estilo aviador dele. Me levantei sem dizer nada e andei em sua direção o seguindo que já caminhava a saída do refeitório. Ewerton colocou a mão no meu ombro e disse ainda sorrindo.

- Você vai sair dessa, fique tranquilo, estarei te esperando para irmos juntos para casa. Temos muito o que conversar.

- Só se prometer que você não vai cantar de novo, meus tímpanos ainda estão doloridos e não foram do soco. – Dei um sorriso e uma cara de "Você precisa arrumar um hobby mais adequado, cantar não é teu forte" e segui. Conforme andava pude ouvir vários garotos e garotas falando de mim pelos corredores e alguns até batiam palmas pelas costas do Assistente. Era uma atenção desconfortável, mas até que me sentia bem já que era invisível até pouco tempo atrás, fiz o máximo para esconder isso enquanto subíamos alguns degraus das escadas só que o assistente olhos de falcão notou e disse:

- Eu não ficaria feliz com esse tipo de atenção, Senhor Carter. O que fez foi extremamente errado.

- Eu não estou... - Fui interrompido por ele que parou de frente com a sala dos professores e fez sinal para que eu entrasse. - O Diretor está lhe esperando.

A única vez que tinha ido até a sala foi quando recebi boas-vindas a escola do corpo administrativo, mas ele não estava presente no dia então não sabia quem era ele. Ouvi alguns boatos dos outros alunos, que era um advogado e era assombrosa a facilidade que ele tinha em fazer os outros assumirem a culpa com apenas um olhar. Engoli em seco, não tinha medo dele, porém o pensamento fez meu estômago revirar e esperava profundamente não acabar sendo expulso, seria uma notícia péssima para minha mãe que me mandaria para o hospital mais próximo depois de me encher de porrada.

Empurrei a porta devagar e olhei para dentro da sala, exatamente como me lembrava. Um salão grande, com uma mesa de mármore enorme extremamente bonita com pinturas em dourado e cinza. Várias cadeiras de escritório espalhadas em volta da mesa, no meio delas de frente a uma janela uma pilha de papéis e livros em cima da mesa com um homem sentado em uma das cadeira bem na ponta da mesa de costas a janela. Era um homem jovem, por volta de trinta anos, tinha uma barba cheia da mesma cor dos cabelos loiros que estavam penteados para trás, usava um óculos de grau e também usava terno só que simples diferente do Slendermen ali, basicamente esse cara era um sósia do ator que fazia o Thor no cinema ali com miopia e tenho que admitir, são poucas as vezes que achei outro homem bonito, mas esse cara realmente estava de parabéns. Quando o olhei ele parecia ocupado assinando alguns documentos, imaginei então que se talvez eu saísse de fininho ele não iria reparar, mas quando me virei vi a porta se fechando lentamente e logo em seguida uma voz áspera falou:

As Crônicas das Sete Chamas - Amor filialOnde histórias criam vida. Descubra agora