Até que o divórcio nos separe - Parte 2

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Você já se apaixonou? Se a resposta for não, eu vou explicar como é. – cof cof, falou o especialista no assunto.

                Primeiramente você aprende a sutil arte de observar, tipo quando seu amigo diz “olha aquilo discretamente” e a pessoa gira a cabeça em cima do pescoço 360 graus e só falta apontar e começar a acenar para o dito cujo que você deveria olhar discretamente. Pois bem, isso foi pra dizer que quando nos apaixonamos encaramos tanto a pessoa que mesmo quando não queremos nosso olhar é atraído automaticamente pra ela, tipo quando você está com muita fome e consegue rastrear um hambúrguer pelo cheiro. Então a pessoa que faz parte do seu interesse amoroso começa a te achar estranho e querer fugir de você, pensando coisas desde “aquele ser é um stalker” a “aquele ser quer me matar” e você olha tanto a pessoa que as coisas que antes você poderia achar uma derrota na aparência dela passam a ser extremamente atraentes, como as orelhas de abano de certo alguém. Mas calma tudo que foi dito aí acima é quando você ainda não sabe que está apaixonando, entretanto quando você se dá conta que é meio doentinho por alguém vem à segunda fase: negação.

                Neste momento você nega que está apaixonado tipo “pfft, era só um casamento por dinheiro, mas é claro que não tenho interesse amoroso nele, só queria dar uns beijos, dormir de conchinha, receber uns ‘eu te amo’, mas não significa que estou apaixonado, é só carência”. Mas até uma batata sabe que você está mentindo pra si mesmo, contudo você repulsa esse sentimento que invade seu ser porque não quer ser submisso a ele. Entretanto é um momento tão conflituoso porque você se enche de tanta alegria quanto desespero e tristeza, pois você sente que o outro é parte de você e quando o sentimento não é recíproco, a pessoa só sofre mesmo. Então, tudo o que o serzinho faz você acha lindo, seja ele escovando os dentes, penteando o cabelo, vestindo um terno, de cueca samba canção largado no sofá coçando a bunda, em resumo o seu amor platônico se torna a coisa mais maravilhosa do mundo.

                Onde eu, Byun Baekhyun, me enquadro nisso? Bem, eu sou o cara que sabe que está apaixonado e só fica observando o mozão dando um tempo pra ele digerir a informação de que tem eu, a perfeição na Terra, como o melhor marido do mundo. Onde o Chanyeol está na descrição acima? Ele ainda se encontra na fase de negação, pois se recusa a ver que tesouro que ele pediu aos céus trocou alianças com ele.

                Você pode achar que sou apenas um iludido, que quero me convencer de algo impossível, mas eu sei que o Chanyeol gosta de mim, apenas se recusa a admitir. Descobri isso pouco mais de duas semanas depois do almoço de reconciliação numa madrugada horrível.

                Que eu acho a cama a maior maravilha do mundo é um fato, contudo naquela noite eu não conseguia dormir, me virava de um lado para o outro, sentava, deitava, ajeitava o travesseiro, me enrolava e desenrolava, em resumo, não adiantava o que eu fazia, eu não conseguia dormir, mas eu estava cansado, naquele dia eu tinha feito uma faxina na casa do Chanyeol, então eu estava quebrado, o certo era eu estar apagado sonhando com a lua de mel que eu deveria estar vivendo, mas a famosa insônia me consumia e não de uma forma boa. Então veio aquele pensamento que culminou tudo: “o que eu faria quando esse casamento de mentirinha chegasse ao fim?”.

                Isto era algo que evitava pensar, sempre que a sombra desse pensamento sondava minha mente eu a enfiava no fundo do poço e voltava a viver normalmente, mas naquele silêncio terrível, no escuro e me sentindo solitário eu não conseguia evitar pensar, e a ansiedade começou a tomar conta do meu corpo, primeiro como uma falta de ar, minha mente gritava enquanto meu coração acelerava e eu começava a suar frio, a agonia era crescente e eu só ouvia o som do meu coração ribombar em meus ouvidos, levantei de um pulo e comecei a andar de um lado para o outro no quarto, as pernas bambas pela tremedeira que acometeu meu corpo. Eu normalmente não tinha ataque de pânico, mas era dessa forma que me sentia, desci as escadas correndo em busca de água e mesmo tendo tomado quase três copos a angustia não passava, me sentei no sofá abraçando as minhas pernas tentando me controlar, aquilo já estava passando dos limites, quando a luz da sala foi acesa e escutei a voz do Chanyeol:

Eu vos declaro: Marido e MaridoOnde histórias criam vida. Descubra agora