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Minha vida é uma merda, eu tenho que admitir. Não me pergunte o motivo, pois o fato de eu ser amiga de Ino me transforma numa pessoa que não vale nada.

─ Será que foi o ovo ou a galinha que veio primeiro? ─ murmurei, olhando para o ovo frito em meu prato gracioso e humilde.

Minha amiga loira, cujo comia o mesmo prato que eu, soltou uma risada macabra, fazendo com que alguns clientes do local nos olhassem.

─ Meu anjo, foram os homens, os ovos deles chocaram e viraram pintinhos. Desde então o.homem tem só um pinto. ─ a Yamanaka fala, mordendo um grande pedaço do X Burger que até então custara caríssimo.

Ignorei seu comentário inútil e voltei a comer apressadamente para que não nos atrasássemos para a aula. Eu não sou lá aquelas alunas exemplares, mas odeio as advertências. Elas são iguais à uma pessoa específica em minha vida.

Cá estou eu agora, num restaurante, comendo X Burger com ovo, enquanto tento não me atrasar para chegar no colégio. Ino comia lentamente, tanto que vê-la mastigar daquela forma me dava agonia.

─ Eu sei que sou linda e invejável, mas não precisa me encarar como se eu fosse um pedaço de filé. ─ ela resmunga, aproximando o rosto enquanto olhava para os lados. ─ Estamos em um lugar público.

De repente, eu quis socar a cara daquela porca. Mal sabia ela que eu a martelava mentalmente.

Esta é Ino Yamanaka, minha melhor e única amiga. Eu não tenho amigos, apenas ela e meus pais; somente. O mesmo se refere à ela, já que não somos populares e ninguém nunca ouviu nosso nome. Ino é bastante extrovertida, pervertida e tudo que termine com "ida", menos uma coisa: amorosa. Também vale ressaltar que ela é o tipo que gosta de mulheres, então sempre tomo cuidado com aquelas mãos perfeitas e unhas bem pintadas.

─ Já acabei, vamos logo. ─ digo olhando para a tela rachada do meu celular. Faltava um minuto para nos atrasarmos. Não dava para chegarmos em um minuto na maldita escola, mas já seria um avanço sair do conforto um minuto adiantado.

Guardei meu celular e coloquei a mochila, anunciando que já ia me levantar.

─ Espera, testa! ─ ela grita, enfiando o X Burger na boca e se levantando. Eu sou muito ninja, por isso já estava do lado de fora preparada para iniciar uma corrida.

Tirei - ou tentei - meu casaco da marca Sedentarismo e guardei na bolsa, começando a andar ao lado de Ino.

─ Já sabe o que vai acontecer agora, certo? ─ perguntei, desafiadora.

─ Sim. Qual o melhor atalho? ─ ela pergunta, ajeitando os punhos, o que eu não entendi muito bem.

─ Passar ao lado da floricultura do seu pai, é rápido e perigoso.

─ Sim, ele vai ver que estamos atrasadas e vai me matar. Vamos arriscar, recruta.

─ Sim, senhora! ─ gritei, começando a correr. Claro, Ino não ficou pra trás, o que me aliviou um pouco. Num passe, já estávamos na rua da floricultura.

Estava pouco movimentada, o que facilitaria nossa passagem. De qualquer modo, seria muito ruim se o pai de Ino nos pegasse atrasadas, pois ele contaria para meu pai e eu ficaria de castigo. O sermão que eu - e provavelmente ela - fosse ouvir não seria pouco.

Quando começamos a caminhar com blusas de frio cobrindo nossas cabeleiras, recebendo alguns olhares reprovadores de quem passava por nós duas, mas não ligamos.

─ Sakura, não tem ninguém no caixa, ele deve estar no banheiro, a barra tá limpa!

─ Vamos logo, soldado. ─ resmunguei, olhando para dentro da floricultura completamente vazia.

─ Posso saber o que as duas estão fazendo? ─ uma voz grossa soa atrás de nós. Juro que tentei aliviar a barra, como estávamos de costas e nossos cabelos estavam cobertos por blusas, ele não via nossos rostos. Então eu tive a miserável ideia de engrossar a voz:

─ Eu sou um assaltante, melhor o senhor correr.

─ Credo, Sakura, aí até minha avó te reconhece. ─ murmurou Ino, me olhando torto.

Nós duas olhamos para trás, trincando os dentes. Lá estava o pai de Ino, com uma cesta de flores na mão esquerda, enquanto segurava uma motocicleta com a direita. Ferrou.

Automaticamente sorri e olhei instensamente para Ino, dizendo as últimas palavras antes de recomeçar a aventura:

─ Miga, corre.

O Uchiha e EU | SASUSAKU Onde histórias criam vida. Descubra agora