Capítulo 3

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Faith arregalou os olhos e começou a correr, puxando a irmã.

Quando já estavam bem distantes, Hope perguntou à loira:

- Por quê? - disse, suando.

- Ninguém deve saber que nós estamos vivas. Ou perto de algum lugar. Ou neste lugar. - disse a loira, sorrindo. - Desta vez, eu mesma admito. Eu tive uma idéia terrível e estúpida. E é melhor se voltarmos para a vovó Mary.

- Não antes de se explicarem. - disse Hayley, encarando as duas com um olhar de raiva.

Algumas horas depois...

- Como você sabia? - disse a loira, ainda olhando para baixo.

- Caroline pode não ser minha... bem, amiga. Mas ela sabe que deve contar à uma mãe quando as filhas dela decidem aparecer sozinhas em outra cidade! - disse, arqueando as sobrancelhas.

- Nós sentimos muito. - disse a ruiva, olhando para baixo.

- Vocês basicamente quebraram todas as regras! - disse a morena, ainda com um olhar severo nas garotas.

- Bem, nós não temos ninguém, mãe. Nós só estávamos tentando ter amigas. Nós vivemos apenas com a vovó Mary, que adivinha só, só gosta da Hope, me odeia e você volta cada vez menos para casa! - disse a loira, fazendo Hope e Hayley prestarem atenção nela. - É só eu e Hope, e só foi nós duas desde o nascimento. Nós só queríamos ter amigas.

Hayley fechou os olhos com força, pensando em como lidar com a situação.

Sabia que a loira tinha razão, afinal, Hayley cresceu cercada de pessoas, não foram todos amigos, mas ela conviveu socialmente com muitas mais pessoas que as filhas.

Mas ela não podia assumir um risco tão grande.

Então, ela sabia. Ela teria que resolver a questão da família ainda mais rápido.

No outro dia...

Foi um dia chato para Faith.

Mas todos esses dias monótonos eram chatos. Ela se sentou com a irmã na cama, que desenhava os mesmos símbolos, sem parar, uma cobra comendo o próprio rabo.

- Isso é uma metáfora, ou algo do tipo? - ironizou Faith, mas a expressão virou de preocupação quando viu a cara da irmã, de assustada.

- Você já teve a sensação de que algo terrível está para acontecer? - perguntou Hope, fazendo a loira olhar para ela instantaneamente.

- Okay... - ela percebe que Hope começou a ficar obsessiva com o símbolo. - Eu acho que é o suficiente por hoje. Nós podemos ir dormir.

- Nós podemos tentar. - disse Hope. - Mas ela estará nos nossos pesadelos.

- É, definitivamente é hora de irmos dormir. - disse, empurrando a irmã para a cama e jogando o caderno de desenho e os lápis no chão. - Hoje vou dormir com você. Só por preocupação.

Disse, e Hope concordou.

Afinal, elas não tinham ideia do que as esperaria no dia seguinte.

Faith estava meio-acordada quando escutou sua mãe falar, possivelmente tentando as acordar.

- Acordem, queridas! Eu consegui! - disse, com aquele sorriso lindo dela estampado no rosto. - Eu trouxe sua família de volta!

Hope foi a primeira a se sentar na cama, seguida de Faith.

- O quê? - perguntou Hope, esfregando os olhos.

- Vocês finalmente vão conhecer sua família. Seu pai... suas tias... seus tios...

- De um dia para o outro? - disse Faith, confusa. - Ontem era um dia completamente normal!

- E hoje não é. - completa Hayley. Ponham uma roupa e me chamem.

Quando Hayley sai do quarto, imediatamente Hope se agarra no braço de Faith.

- Nós ouvimos tantas histórias pela mamãe. E sabe de uma coisa? - a loira negou. - Em todas elas, eles eram perfeitos. Sabe o problema disso? - Faith nega novamente. - Ninguém é perfeito. Talvez nós não estamos prontas. Não ainda.

- Ahm, diga por si mesma. - disse Faith. - Eu estou louca de vontade de conhecer eles desde que fiz quatro anos e aprendi que precisamos ter um pai. E você também estava. Só coloque alguma roupa.

Hope estava com os pensamentos tão rápidos e em tanta quantidade, que já não sabia com o que se preocupava e o que não se preocupava.

- Você está preocupada. Eu consigo sentir daqui. - disse a loira, já pronta, sentada na cama. - Deixe-me te ajudar.

Primeiro Hope recua, mas deixa Faith colocar suas mãos em torno de sua cabeça e ela sente sua irmã tomando parte dela.

- Se sente melhor? - a ruiva assente. - Bom. - Faith sorri. - Agora, vamos lá.

Quando chegou perto da porta, ambas ouviram um homem gritar com alguém.

Aquilo fez Hope ficar nervosa, e por tanto, Faith ficar nervosa.

Hope ficou nervosa porque não gostava de pessoas nervosas, e Faith ficou nervosa pois sua irmã estava nervosa.

Era uma grande bagunça.

Então, quando abriu a porta, revelando as duas meninas, elas se tornaram a atração principal.

Como se eles tivessem visto um milagre.

Hope e Faith se entreolharam, dividindo o mesmo sentimento de não gostarem nem um pouco de serem os centros das atenções.

- Oi... - disse Hope, e o homem em nossa frente sorriu, e deu outro "oi".

Faith não estava afim de dizer oi e começar um diálogo sobre como foi a vida delas até agora e quem seria o pai, quem seriam quem, então simplesmente se virou e perguntou à sua mãe:

- Mãe, podemos brincar no quintal? - "brincar" não é uma palavra que Faith usa muito. Mas se fosse o necessário para arrastar a irmã junto dela para finalmente respirarem (algo que parecia ser impossível), é o que ela faria.

Hayley compartilhou um pouco da insegurança e deixou as filhas irem para o quintal, olhando para Niklaus logo em seguida.

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