Hope, ao chegar em casa, viu a irmã que sequer a esperou, deitada na cama coberta até o pescoço, os cabelos loiros espalhados pelo rosto, e ela estava de costas para a cama da irmã.
Hope respirou fundo antes de sentar na cama de Faith, que se virou, o rosto um pouco avermelhado e inchado.
- É assim que começa? - perguntou a loira, olhando para o teto. - Primeiro as mentiras... depois me ignoram... e daí eu serei excluída de todos os assuntos que envolvem NOSSA família.
- Você fala de Lizzie mas é exageradamente dramática. - disse Hope, se levantando da cama e se arrumando.
- Eu só quero entender quando vocês acharam que eu me tornei uma ameaça em potencial para nossa família. Tudo o que eu fiz desde meus sete anos foi tentar te ajudar, mesmo quando eu não entendia a situação direito. E agora, você esconde coisas de mim. Coisas sobre sua saúde, sobre sua vida, sobre...
Faith parou o discurso ao ver uma faísca de olhos amarelos na irmã.
- Você matou alguém. - afirmou Faith, incrédula.
- Eu não queria... - Hope respirou fundo. - Eu não queria matá-lo. Eu só... matei. Foi um acidente, eu juro. Eu, nosso pai e Marcel estávamos lá, e eu matei todos os vampiros da Greta, e tinha um bibliotecário...
- Espera, o quê? Por que você achava que eu não gostaria de ver as pessoas que mataram, não só minha mãe, mas um dos meus amigos, Henry, que teve uma morte terrível para um garoto tão legal com todos na escola. Por que você não acha que eu gostaria de ver essas pessoas morrerem? - perguntou ela, ainda indignada.
- Eu não precisava de platéia...
- Ah sim, mas Marcel, que torturou e manteve nosso pai longe de nós por sete anos. Ou nosso pai, que não falou uma palavra sequer conosco por oito anos, mas não sua irmã, que sempre ficou do seu lado por quinze anos.
- Eu sinto muito! - gritou Hope. - Mas no momento temos problemas muito maiores do que problemas de crianças normais.
- Esse é o problema, certo? Sempre temos problemas maiores. Descontrole de poderes, ativação da maldição do lobisomem, mãe morta... nunca podemos nos importar com coisas normais... até que um dia isso se acumula dentro da gente e nós explodimos. - murmurou Faith, antes de voltar a dormir. - Só para que você saiba... não é como se eu fosse te abandonar aqui, e, eu não sei, fugir para Zurique, ou Londres, ou Berlim... eu vou ficar aqui, e lutar com você não importa se perdermos. É só uma lembrança que eu tenho sentimentos também. E ver a pessoa que eu mais amo e confio na minha vida mentindo para mim? Eu odeio esse sentimento. - terminou Faith.
- Eu sinto muito. - disse Hope, agora verdadeiramente, encarando com os olhos azuis encharcados de lágrimas o rosto da loira.
- Não se preocupe. Só, vá dormir. - disse Faith, apagando a luz. Ficou muitos segundos antes de continuar. - É egoísta querer que você fique ao meu lado para sempre? Eu quero dizer... eu não aguentaria esquecer você. Ou você... morta, de alguma maneira impossível.
- Bem, se eu de alguma forma for morta e for para sempre... eu quero que seja como uma heroína faria. - disse ela, direcionando seu olhar para a loira, que foi até sua cama e se deitou ao seu lado.
- Quero que me prometa algo. E sei que parece mórbido, mas estamos sempre em perigo, então é uma promessa válida.
- Sim, continue.
- Se uma de nós estiver pronta para morrer. As duas vão. Por que eu não aguentaria a sensação de saber que perdi minha gêmea. E acho que você também não. - disse Faith, olhando no rosto da garota que desviou o olhar para o teto.
- Eu prometo. Exceto... se for algo que eu sei que você encontrará uma solução para minha morte. Afinal...
- Sempre tem uma brecha. - disse Faith, abraçando o corpo de Hope o mais próximo possível de si, o que foi retribuído.
Ela não estava pronta para o que veio em seguida.
A volta à Mystic Falls.
Foi alguns dias depois dessa conversa.
- Então... estamos de volta. - sussurrou Faith para Hope, que olhava toda a escola.
- Sim... e ainda é meu problema para resolver. Sabe, a questão da maldição de lobisomem. A bruxa super poderosa que me escolheu como hospedeiro. Então, por que não procura sua melhor amiga para conversar um pouco sobre os assuntos que estão bem desatualizados? - perguntou a ruiva, olhando Faith de lado, que ignorou.
- Vou ir na biblioteca. Quem sabe tem algo naqueles livros sobre a Hollow.
- Tanto faz. Te vejo hoje à noite?
- Sim. E diga para seu lado lobo esperar por mim. - brincou Faith, se afastando.
Chegando na biblioteca, foi colocando cada uma das letras naquele objeto, até que completou a palavra Hollow.
Seis livros sairam da prateleira, e falavam o mesmo de sempre.
Apenas se um ser imortal morresse com ela, ou fosse dividido em quatro seres imortais.
O que obviamente não era mais uma opção.
Respirou fundo antes de olhar em volta e digitar "Tríbrida".
Cinco livros que ela pegou um por um e fez sua pesquisa.
- Por que está procurando sobre sua própria história, loirinha? - perguntou Penelope, se escorando na mesa.
- Pois meu pai sabe tanto quanto eu, minha mãe está morta e eu não estou afim de fazer qualquer outra coisa exceto ler livros que explique um pouco mais sobre minha espécie enquanto finjo que faço um trabalho de história da magia.
- Essa foi uma resposta realmente longa. Desnecessária. Por que ignorou todas minhas chamadas?
- Minha mãe está morta, minha irmã prestes e minha família inteira está desesperada, além de eu estar a um minuto de uma crise. Tenho maiores problemas. - disse ela, fechando um livro com força e saindo do local.
Ela ficou tanto tempo sentada no banco da praça que quando percebeu, a lua já estava quase completa.
- Droga. - disse ela antes de caminhar a passos rápidos e largos em direção à floresta que ficava atrás da escola Salvatore.
No meio do caminho, sentiu uma dor gigantesca no tornozelo.
E ela se repetia por todas as partes do corpo.
O único homem que estava naquela rua a tocou pelo ombro, e todos aqueles sentimentos juntos a deixava estressada.
Ela se virou, ficando frente a frente, e sentiu outra pontada de dor.
Aquele simples ato de bufar tornou todo o rosto do homem roxo por falta de oxigênio, e ele morreu.
Logo seus olhos se tornaram amarelos, e sua tia Freya apareceu no meio da rua para finalmente cortar a ligação que tinha com Hope antes de levá-la para um lugar seguro.
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The Original Twins
FanfictionFaith e Hope nasceram diferentes. E agora, as pessoas que elas conhecem, terão de enfrentar a sua magia e suas habilidades sobrenaturais. Ligada a fanfic Legacies 1.