Stupid Kiss

3. Fugitiva |Hwang Hyo-Rin

Saber que agora eu era vizinha do Baek Eun Jo foi um impacto para mim.

Digo,é uma situação que nunca me imaginei estar. Sair de casa e me deparar com Eun Jo ou ouvir os barulhos altos de sua residência nunca passaram pela minha cabeça. Principalmente, depois do que eu pedira ao papai quando ele pensou em voltar para a Coréia.

No dia em que essa ideia apareceu na cabeça do ser humano mais conhecido como papai,ele estava mexendo euforicamente no computador,soltando algumas risadinhas sapecas. Até desconfiei que aquele senhor estava vendo coisas erradas—cruzes,tá repreendido! Eu só sei que ele teclava e teclava;seus dedos não cansavam de digitar.

Eu estava lavando as vasilhas naquela tarde e toda hora eu olhava por cima do ombro para espiá-lo. Quando terminei de lavar as vasilhas, decidi ir para o ataque,finalmente descobrir o que papai estava tramando. Flexionei os meus joelhos e enrijeci meus lindos dedinhos,como se fosse uma predadora. E então,em menos de um segundo,eu pulei nas costas de meu pai como uma onça e cravei as unhas dos meus dedos em seus ombros,obrigando a paralizá-lo,enquanto eu soltava um rugido: "Woah!".

— Ai,misericórdia! Menina do céu!—meu pai exclamou,assustado,sem fôlego,quase-morrendo.

Eu não sou uma má pessoa,mas eu meio que aproveitei da fraqueza do meu pai naquele momento para fuxicar o que ele estava fazendo. Na tela do seu computador, aparecia um site coreano de compra e alugo de casas,hotéis e apartamentos. Eu estranhei. Afinal,por que raios papai compraria ou alugaria um edifício na Coréia?!?

—Pai,por que você tá nesse site?—fitei o homem,querendo uma explicação.

Ele virou o rosto para mim,com um sorriso maroto.

— O que acha da gente voltar a morar na nossa antiga casa lá de Seoul,minha princesinha?— ele tinha dito aquilo como se eu fosse um bebê. Eu adorava quando ele falava com esse tom de voz comigo; nessas horas eu era a queridinha do papai. Mas essa é a primeira vez que eu me lembro não ter gostado disso.

— Não sei,pai. Eu gosto daqui.—dei aquela desculpa esfarrapada clássica.

— Aigoo,mas você também gostava de morar lá,então tá decidido!—papai disse,autoritário, e em seguida deu uma risada maléfica que ecoou no fundo do meu ouvido. 

Eu apertei meus punhos contra o avental úmido. Aquilo era injusto! Eu não queria voltar para lá…apesar que a vida nos Estados Unidos não era a melhor coisa do mundo também. Bufei,revirando meus olhos em estilo rebelde.

— Aigoo,não faz essa cara!—papai esboçou um pouco de preocupação, apertando minha bochecha esquerda— Estou com tanta saudade de minha terra natal,minha querida… —ele tirou a mão de minha bochecha e bateu em seu peito em um efeito dramático.

Afff! Revirei meus olhos.

— Tá bom,então! —suspirei com raiva— Mas que não seja na nossa antiga casa!

Papai concordou,apesar de achar que aquilo era uma birra supermelodramática de uma adolescente. 

Mal sabia eu que a casa que ele escolhera era ao lado da residência que eu queria me afastar.

E agora cá estava eu escondida dentro de casa. Só de imaginar me reencontrando com aquela peste já me dava calafrios. Por isso,tracei um plano. Um plano bem…como eu posso dizer?…arriscado? Eu só sei que estava com a corda no pescoço. E essa foi a única ideia salva-vidas que apareceu em minha cabeça: fugir de Eun Jo e não deixá-lo descobrir que sou sua vizinha.

Entendo que esse não é um dos planos mais geniais mais criados,mas olhe pelo meu lado: o que eu poderia fazer além disso? Nada! Em vista disso,meus caros amigos,virei uma fugitiva em plena ação!