13. Estão todos bem

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Carina se apoiou no parapeito olhando para a rua deserta. Haviam poucas coisas que a tiravam do sério, a monotonia era uma delas. Ela não tinha um trabalho ou qualquer distração e estava tão cansada de não fazer nada que até observar a rua parecia uma alternava melhor do que ficar trancada no quarto.

-Você poderia ir a biblioteca e pegar um livro ou ligar para algum amigo. - Carina se virou para Virgínia que estava ajoelhada no canteiro de flores, Heloise estava do outro lado da cerca viva com a tesoura de jardinagem na mão. Para ela era estranho ver sua mãe, cuidando do próprio jardim, colocando a mão na massa.

-Todos os meus amigos são adultos com trabalhos. - disse mudando a mão e apoiando o queixo na mão esquerda.

-Você pode nos ajudar no jardim. - Heloise sugeriu. - Vamos plantar petúnias no outro lado.

-Mãe, se lembra quando eu era pequena e você tentou me colocar nos escoteiros? Se lembra do que eu disse quando voltei daquele acampamento?

-A natureza é uma merda cheirosa. - Heloise disse sem olhar para ela. - E onde está Vitor?

-Com Fabíola ou no trabalho. - ela deu de ombros.

-Você já teve a conversa com Fabíola? - Virgínia indagou. Carina balançou a cabeça. - Carina, você é uma mulher adulta e independente, por que diabos não falou com ela ainda?

-Sabe quando dizem que tem um elefante na sala? No meu caso é uma manada. Não me sinto confortável ao lado dela e o médico disse que eu não posso me estressar demais.

-Sério que essa é sua melhor desculpa?

-É a melhor que eu tenho, mamãe. - ela falou sorrindo, então de repente ouvi o motor de um carro entrando na rua. Virou o rosto e encarou o automóvel vermelho se aproximando e estacionando em frente a casa da frente. - Vizinhos novos.

-Eles vieram semana passada, um casal adorável. - Virgínia disse se levantando e tirando as luvas. Carina desceu os degraus da varanda e seguiu até Virgínia.

A porta do passageiro se abriu revelando um mulher de meia-idade loira usando saltos altos e um sobretudo verde. Carina observou ela dar a volta no carro até o motorista, um homem de cabelo preto acinzentado que usava um terno fino. Carina franziu a testa estranhando a familiaridade do homem, mas então ele se virou para ela e foi como mil socos em seu estômago. 

-Carina? - ele caminhou em sua direção parecendo surpreso em vê-la ali.

Ela deu um passo para trás sentindo tudo a sua volta girar. Heloise rapidamente passou por cima da cerca viva e segurando a mangueira apontou para ele, disse.

-Fiquei longe da minha filha.

-Heloise? O que você... - o jato de água direto na cara dele interrompeu sua fala.

-Heloise! - Virgínia gritou ao tentar tomar a mangueira da mão dela.

As imagens começaram a se tornar borrões à sua frente.

-Mãe! - ela gritou colocando uma das mãos sobre os olhos tentando encontrar equilíbrio, então sentiu alguém a segurar pela cintura.

-Está tudo bem, meu amor. Vamos para dentro. - Heloise tentou soar calma, mas Carina conseguia ouvir a tensão em sua voz.

Carina não ousou olhar para trás enquanto sua mãe a guiava para dentro da casa de Virgínia, ela não virou quando ele chamou seu nome ou falou algo quando Virgínia questionou o que estava acontecendo.

Ela apenas fechou os olhos e deixou que sua mente vagasse por aí, e se surpreendeu quando descobriu que a única coisa que queria era que Vitor estivesse ali com ela.

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