Doce, intenso café Call

Energéticos e cafeína

capítulo 1/2

-Vania! VANIA! Onde está a chave do meu carro?

- Meu Deus! O que disse senhor?

Disse Vânia, correndo da cozinha para a sala de visitas, secando as mãos em sua calça, já que acabara de lavar a louça suja.

- A chave do meu carro, terei que repetir?

- Me desculpe senhor Rich, eu realmente não sei onde ela está.

- Pensava que ao menos para contratar empregadas competentes, o meu pai servia, mas enfim, farei tudo sozinho como sempre!

Vania é a recém empregada doméstica, contratada por o grande chefe de negócios, senhor Rick, pai de Rich.

Só Deus sabe o que em poucos dias de trabalho Vânia passou, porém, enfrentar a familia mais mesquinha e nariz em pé da cidade, é necessário.

O senhor Rick não é uma má pessoa, trata todos como iguais, porem quando se se trata de seu filho, Rich, os problemas de relação tomam conta de ambos, afinal, expectativas em algo que foge do seu controle, é a grande causadora de problemas familiares.
Bufando de raiva e com passos largos, Rich volta para o seu quarto, para procurar novamente por sua chave do carro, o que já foi motivo bastante para ele se estressar.

- Achei! Se não tenho gente competente para ajudar, eu faço por mim mesmo, meu pai e esse defeito de não selecionar bem quem põe em casa.

Disse Rich, para si mesmo, enquanto posava em frente ao espelho, ajeitando detalhes de sua camisa branca, e seu relógio prata de grife.

Ele pega o seu celular, disca para o seu pai e aguarda a linha, porem sem êxito.

- Quem é que resolveu atrapalhar o meu dia, ligando para o meu pai, justo quando preciso falar com ele? Droga!

*Enquanto isso, no café*

-Alo? senhor Rick? Da empresa Ponte?
-Ah sim! O chefe da empresa Ponte.

*Andy arregala os olhos, olha ao redor, e volta para o telefone, abanando a própria blusa contra o peito.

- Sim, sou eu mesmo, resolvi ligar pessoalmente, pois aqui na empresa, você é muito bem falado, bom, na verdade os seus pratos são muito bem falados.

- Ah, sim, obrigado haha, não é bem assim, porém muitas pessoas aqui da cidade gostam. Me desculpe a indelicadeza, mas precisa de algo?

- Ah, sim, desculpe, não me comuniquei direito, na próxima semana, no sábado, para ser mais exato, farei um coctel aqui em casa, e gostaria muito que voce fosse o responsável pela parte do buffet.

Andy fica nervoso, suas mãos soam, porem numa tentativa frustrada de não mostrar tal nervosismo, ela solta:

- Ah não, não sei fazer coctel, bebidas aqui é só café e derivados do leite mesmo. O que é coctel?

-Hahaha! Não, meu jovem, se trata de uma reunião em casa e...

Senhor Rick é interrompido, por sua secretária, que o comunica de um possível imprevisto.

- Andy! Desculpe o inconveniente, podemos tratar disso mais tarde?

- Claro, senhor, quando preferir.

Andy não sabe muito bem sobre o que exatamente ele irá fazer, mas falando em termos de negócios, servir a um evento desse porte, seria muito bom para o café.

-Então fica combinado, as oito da noite, passarei aí no seu café, para resolvermos isso.

-Oque? Aqui no coctel, quer dizer, no café? Senhor Rick? Ah, ele desligou.

O que acabara de acontecer? O homem mais rico e importante da cidade, ligando para Andy, marcando horário no café, Andy olha ao redor, tenta digerir o que acabara de acontecer, e volta para suas atividades, sem comentar com ninguém mesmo, afinal ele é o tipo de pessoa que sabe ouvir, mas na hora de desabafar, ele é um ótimo cozinheiro.

Os clientes entram e saem do café, o cheiro de café novo, toma conta do lugar, afinal são Quatro da tarde de uma quarta-feira, hora em que o grupo de executivos do prédio dois, se reúnem no café para colocar em falas, assuntos inacabados de negócios.

A porta é tomada por homens de terno, parecem até seguranças de uma celebridade famosa, mas na prática eles são pessoas bem amaveis quando se trata de Andy.

- Olá, sejam bem vindos, fiquem a vontade, vão querer algo?

Os executivos olham um para o outro, e como num coro de Natal, dizem:

- Café! Do preto e do forte.

-Haha, como esperado, só um minuto.

Andy já sabia a resposta, afinal não era  nenhuma novidade a reunião, porém como o dilema dele é fazer cada cliente se sentir especial e acolhido, ele sempre pergunta e oferece algo mais.

O tempo passa, e Bela, uma cliente amigável, chega ao lado de Andy, e com um coxicho baixo, ela diz:

- Só uma xícara de café bem forte, para fazer alguém aguentar um trabalho estressante como esse.

Disse ela, se referindo ao aglomerado de executivos.

- Eu não entendo é nada do que eles falam, mas e você Bela, como posso te ajudar hoje?

-Hoje só vou querer uma boa conversa mesmo.

O tempo passa, eles jogam papo fora, e a tarde vai embora.

Capítulo 2/2

-Pai?

Disse Rich, olhando o carro de seu pai entrando pelo portão. Ele estava se preparando para sair, afinal como hoje as aulas foram suspensas em sua faculdade de engenharia, ele marcou de sair com uns amigos.

-Pai? O que faz aqui? Tão cedo, e...

-E preciso de motivo para voltar para a casa?

O pai de Rich sai do carro, para na frente do filho, e diz:

- Hoje tem algo que queria que fizéssemos juntos, como voce sabe, O coctel é sábado e, eu preciso ir me encontrar com o dono de um café, para organizar o buffet.

-Haha! É serio isso?

Diz Rich, com um dos braços apoiando o outro e a mão no queixo, tornando a falar:

- Não, eu entendo que queira recuperar o tempo perdido, com o filho que foi covardemente isolado mas, justo hoje?

-RICH! Já disse e repito, não quero que torne a dizer isso, entendeu? Quando será que vai parar com essa bobagem e me perdoar?

- Quando você vir falar comigo por sentir vontade, e não para recuperar relação, para mostrar para os seus amigos interesseiros.

- Filho!

Disse o senhor Rick, colocando a mão no ombro de Rich.

- Filho, eu sei que errei no passado, mas eu só quero uma chance de te mostrar que me arrependo.

E se arrepende mesmo, o que o senhor Rick diz, é verdade, mas devido a traumas e decepções do passado, Rich, perdeu a crença de que pode ser amado por alguém, incluindo o próprio pai.

Os dois entram em um consenso, vão para o carro, e partem rumo ao café.