Loving In Hell • Carl Grimes

1. Family?

Antes

-Kylie, acorda! -Mandy me sacode e abro os olhos vagarosamente. -Tá acontecendo alguma coisa lá fora. -O que?

Dou um pulo da cama e corro até a janela, vejo pessoas correndo de um lado pro outro, e pessoas se... Mordendo?
Escuto um barulho no andar de baixo e fico em choque.

-Mandy fica aqui. Não sai desse quarto, tá bom? -Ela balança a cabeça afirmativamente.

-Mas e a mamãe? -Mandy abraça seu urso de pelúcia começando a chorar.

-Vai ficar tudo bem, Mandy. Só me escuta. -Abraço minha irmã e vou até a porta, fechando-a.

Ando até a escada devagar, e me inclino sobre o corrimão. Vejo minha mãe caída no chão, e uma pessoa ajoelhada de costas pra mim, mastigando alguma coisa. A porta do meu quarto se abre mostrando Mandy escondida atrás da mesma com seus olhos marejados, fazendo um pouco de barulho, o que chamou a atenção da pessoa ajoelhada. Meu coração começa a bater mais rápido quando a pessoa se vira pra mim. Seu rosto deformado e sua pele cinzenta estavam à mostra, as roupas rasgadas e sangue em sua boca, seus olhos estavam sem vida, como se aquela pessoa já tivesse morrido. Arregalo meus olhos e corro pro meu quarto rápido, entrando e trancando a porta.

-Mandy, não faz barulho. -Sento do lado de Mandy na cama, abraçando-a. -Eu estou aqui, vou te proteger. -A "coisa" começa a bater em minha porta forte, apenas fecho os olhos. A preocupação é maior que o medo, eu não consigo chorar.

[...]

Aquela "coisa" batendo na minha porta já estava irritando, Mandy dormiu em meus braços e fui até a janela, tentando assistir como as pessoas acabavam com aquilo. A rua estava completamente vazia, mas eu conseguia ver algumas atirando na cabeça daquelas criaturas, ou enfiando facas. O que estava acontecendo? Eu estou com medo. Isso é um pesadelo.
A porta estava começando a quebrar, deve ter entrado mais dessas coisas dentro de casa.

-Mandy! -Ela acorda num pulo. -Precisamos sair daqui agora. -Ela assente, mas com medo.

-Cadê a mamãe? -Ela choraminga.

Ando até ela e me ajoelho pra ficar do seu tamanho. Pego suas mãozinhas e olho em seus lindos olhinhos castanhos.

-Ela está bem, Mandy. -Abraço ela e ela não retribui. Me afasto. -Precisamos ir agora, não fala nada. -Repito me levantando e correndo pra abrir a janela.

Olho pra minha cômoda e vejo uma faca de cozinha que eu havia usado pra cortar algumas frutas na noite passada. A pego e puxo Mandy comigo.

"Seja forte, Kylie. Mesmo quando a mamãe não estiver por perto."

Eu vou ser forte, mãe. Prometo.

(4 anos depois)

Acordo com o barulho dos errantes batendo no vidro do mercado em que eu e Mandy nos instalamos. Bufo e pego minha arma, vou até Mandy e começo a empurra-la com o pé.

-Precisamos sair pra procurar comida e mais munição. -Falo e a ajudo a levantar.

-Kylie, já tá na hora de eu aprender a atirar! Já tenho dez anos! -Mandy fala e cruza os braços.

-Não começa, Mandy. -Falo me virando e tiro a faca do bolso. -Não temos tempo nem pra dormir, ainda mais te ensinar a atirar. Precisamos economizar munição, já que nem temos mais. -Digo e recupero o fôlego. -Pega sua faca, vamos sair. -Ela vira os olhos e tira a faca de dentro do seu bolso. -...três,...dois,...um. -Abro a porta e os errantes entram.