3. Thank you.

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~Kylie

Andava pela comunidade sozinha, via as pessoas andando pelas ruas, despreocupadas com o que havia lá fora. Aqui é um bom lugar para se viver uma vida. Logo me pego imaginando, como seria se minha mãe e minha irmã estivessem do meu lado, aqui, nesse momento. Me encosto em uma árvore qualquer dali e começo a pensar sobre tudo o que já passei, tudo o que eu já vivi.

A vida é feita de obstáculos.

As pessoas boas sempre morrem.

Flashback On

-Mamãe, o que eu vou ser quando crescer? -Minha mamãe me pega no colo.

-O que você quer ser quando crescer, flor? -Ela sorri me olhando e botando uma mecha dos meus cabelos pra trás de minha orelha.

-Eu quero ser uma heroína! -Levanto os braços e ela ri. -Vou proteger todo mundo. -Sorrindo, deito minha cabeça em seu ombro.

-Até a Mandy? -Mamãe olha pra sua barriga e balanço a cabeça.

-Sim! -Começamos a rir e mamãe me dá um beijo no rosto.

Flashback Off

Sem que eu percebesse, eu já estava chorando ali mesmo. Isso dói. Perder pessoas que você ama dói mais que um profundo machucado. Por quê eu não morri ainda? Por quê? Seria tão mais fácil. Eu passei por tudo isso com cada uma dessas pessoas pra depois perdê-las? No final de tudo, ficar sozinha? Não. Eu não vou mais me deixar levar pelo amor das pessoas. Amar dói. Pode ser qualquer tipo de amor, mas no final, quando a pessoa te deixa, dói.

Escuto passos de alguém próximo, limpo meu rosto rápido e me levanto começando a andar pra longe.

-Kylie. -Escuto a voz de Carl atrás de mim e paro. -Tá tudo bem? -Ele dá alguns passos até ficar do meu lado.

Me viro e o olho de cima a baixo. Mais bipolar que eu.

-Vai embora garoto. -Digo e me viro pra continuar andando. O escuto respirar fundo.

-Sua casa é do lado da minha. Se precisar de alguma coisa é só me chamar... -Carl fala, mas não quero saber, continuo andando. Não perguntei nada pra ninguém.

Quando me dei conta de que Carl havia ido embora, me escondo atrás de uma árvore e começo a segui-lo com o olhar. Vejo o garoto entrar em uma varanda com Michonne e uma bebê no colo. Uma bebê! Olho pra casa do lado... É, minha casa é realmente ao lado da casa dele.

Corro até a casa, algumas pessoas me olham na rua, mas nada que eu me importasse. Subo as pequenas escadas da casa, e abro a porta. A casa estava meio vazia, mas era aconchegante. Todos os cômodos estavam ali, sofá, mesa, estantes...
Vou até as escadas e subo. No andar de cima haviam duas portas. Abro a primeira e lá era o banheiro, sorrio instantaneamente e entro. Começo a tirar minhas roupas e entro no box, ligando a ducha na água quente. Nunca pensei que sentiria tanta falta de um banho em toda a minha vida, e bom, aqui estou eu.

Depois de passar alguns minutos debaixo d'água, desligo a ducha e pego uma toalha começando a me enxugar. Escuto alguém bater na porta da minha casa e bufo.

Será que ninguém aqui pode ter privacidade?

Desço as escadas de toalha, e vou até a porta abrindo-a. Ninguém estava lá, abaixo a cabeça e vejo uma cesta com roupas, a pego e fecho a porta. Subo as escadas novamente e abro outra porta, que obviamente seria o quarto. Boto a cesta de roupas em cima da cama e começo a tirá-las de dentro da mesma, pego dali uma regata branca e uma calça preta. Me visto e volto ao banheiro pra escovar meus dentes, e meu deus, que sensação maravilhosa de se sentir novamente.

Assim que acabo, desço as escadas, pego uma faca da cozinha colocando-a no bolso de minha calça por precaução, e saio de casa. Já estava de noite, não que eu não queira descansar, mas estava bem fresco do lado de fora, então decidi aproveitar.
Ando até o portão e começo a ver como funcionam as coisas. Sinto alguém andar atrás de mim, ponho a mão na faca em meu bolso e me viro encontrando a tal Maggie.

-Olá. -Ela sorri. -Está tudo bem? -Balanço a cabeça afirmativamente. Largo a faca, Maggie olha pra baixo e depois olha pra mim. -Você quer conversar? Acho que tem tempo que não conversa com alguém, não é?

Balanço a cabeça negativamente, mas ela continuava me olhando e me dei por vencida. Afirmei com a cabeça e ela para ao meu lado.

-Está gostando de Alexandria? -Ela pergunta olhando pra algum lugar aleatório.

-Sim, dá pra viver uma vida em paz aqui dentro, eu acho. -Falo as duas últimas palavras baixinho e ela me olha.

-Você tinha família? -Maggie pergunta, balanço a cabeça. -O que aconteceu? -Eu a olho. -Se não quiser falar sobre isso, tudo bem, eu...

-Não quero falar sobre. -Falei e olhei pros meus dedos.

-Entendo. -Ela olha pra mim por um tempo e parece me analisar. -Por quê tem tanto medo de se apegar? -Fala depois de um tempo.

-O quê?

-Eu vejo em seus olhos, Kylie. Você não deixa se apegar o suficiente à alguém. -Ela estreita os lábios. -Por quê?

-Porque as pessoas boas sempre morrem. Se você amar alguém, na hora de partir vai doer, e todas elas partem, de algum jeito. -Desvio o olhar.

-Beth sempre falava isso. -Maggie respira fundo. -Sempre estaremos aqui para o que você precisar, porque nessa vida nada é impossível, e afinal, somos uma família. -Ela me olha e sorrio.

-Obrigada. -Agradeço e ela me surpreende com um abraço, que saudades de sentir um. Fecho os olhos, e quando Maggie me solta, abro os mesmos e vejo um sorriso em seu rosto, e eu também sorri.

É, de vez em quando, se afastar nem sempre é o melhor.

Continua...

Loving In Hell • Carl GrimesOnde histórias criam vida. Descubra agora