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O vente gelado batendo em meu rosto não me acalma, caminhando em direção ao laboratório assombrado e com Lucas ao meu lado, não sei o que mais me deixa nervosa. A rua está deserta e só há eu, Lucas e três meninas que vieram conosco checar se iríamos mesmo cumprir o desafio. Sinceramente, se elas não estivessem aqui eu já teria travado no meio do caminho e teria me recusado a ir, mas não vou dar esse gostinho a Ana Júlia.

– Tá com medo? – perguntou Lucas e meu coração saltou mais alto do que eu achava possível.

– Hmm, nem tanto. – olhei para ele. – Você tá?

– Nem tanto também. – soltou uma risadinha nasal, muito lindinha aliás.

– Você sabe da lenda? – perguntei baixo, com medo de parecer boba demais por acreditar nisso.

– O que disse? – me olhou curioso.

– Ah, deixa.

As três meninas que nos seguiam mais distantes chamaram nossa atenção quando chegamos no campus.

– Quando vocês entrarem a gente volta pra festa. – falou uma delas.

– Tá. – foi tudo que Lucas disse.

Voltamos nossa atenção à ir para o laboratório. Alguns alunos possuíam as chaves do laboratório de anatomia porque alegavam precisar dele para fazerem pesquisas e estudos, sendo assim a diretoria providenciou e deu a chave aos alunos que lhe era conveniente. Então aqui estamos, com uma dessas chaves, prontos para entrar no prédio.

– Fica atrás de mim, ok? – Lucas disse abrindo a porta e espiando lá dentro. Meu estômago revirou só de imaginar o que poderia acontecer nesses 30 minutos.

Ele entrou na frente, escancarando a porta e tateando até encontrar o interruptor na parede, tentou ligar a luz mas percebeu que não estava funcionando.
Olhou para mim, que ainda estava parada perto da porta e fez sinal para que eu o seguisse.

Relutante, dei passos vacilantes até ele.

– Por que não tá ligando? – perguntei e ele deu de ombros, desistindo de tentar.

– Eles provavelmente deixam desligado por precaução, não sei.
Vamos só esperar os 30 minutos, ok? – assenti e ele foi sentar.

Dei uma olhada rápida no local, parcialmente escuro e iluminado apenas pela luz que vinha dos postes da rua. Estava indo me juntar a Lucas quando olhei para as paredes do laboratório e enxerguei acima dele uma mulher ruiva, de cabelos bagunçados e olhos vidrados.

Gritei e corri até a porta, ouvindo um baque e mais gritos.

Senti uma pressão muda nas costas, como se todo o oxigênio do lugar estivesse emepenhado em me empurrar de encontro a porta.

– Você enlouqueceu? – ouvi a voz de Lucas atrás de mim, e me virei devagar com medo do que iria encontrar.

Era apenas ele, com os cabelos bagunçados e uma expressão assustada. Virei um pouco para o lado, tentando enxergar algo atrás dele mas não havia nada.

– Desculpa, ah meu Deus! Você não viu aquilo ali? – apontei para o quadro e ele pulou para trás, vindo para mais perto de mim.

A professora. – ele parecia assustado quando enlaçou seu braço ao meu, mas ao perceber que estava se aproximando demais tentou reverter a situação. – Fala sério Kiara, você acredita nessa lenda ridícula?

Sangue subiu para minhas bochechas e eu prendi o ar instantaneamente.

– Ah... Não, claro que não. Eu só me assustei. – sai de perto dele e fui sentar em cima de um dos balcões, longe das cadeiras e do quadro da professora.

A Lenda de ÁureaOnde histórias criam vida. Descubra agora