Chapter Eight

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RM.

   Depois de finalmente ter buscado Ella dentro da lojinha de fantasias, nos despedimos da atendente  sorridente e continuamos com o percurso escolhido para o dia; ao chegar a ala de fetiches, foi impossível não rir ao perceber a vermelhidão presente no rosto de Ella de forma evidenciada. Os olhos castanhos brilhando de forma curiosa eram capazes de torna-la ainda mais adorável aos meus olhos. Procurei caminhar de forma silenciosa ao seu lado, com a vida agitada que levo, momentos onde as palavras não são necessárias devem ser apreciados de forma devida, embora soubesse que a alma jornalista de Ella em breve superaria sua timidez suficientemente para que ela me atacasse com inúmeras perguntas.

— Não acha fascinante? — questionei conforme observava-a olhar para a banca onde diversos chicotes estavam alinhados.

— Como? Você gosta disso? — murmurou enquanto erguia os olhos em minha direção.

Contornando-a para que assim tivesse maior visão da banca, passei meus dedos pelos inúmeros chicotes que variavam desde os mais rígidos, passando pelos delicados revestidos por camurça até os trançados com variadas pontas.

— Não vejo problemas em usa-los, mas não é algo que eu veja profunda utilidade. — começo a explicar e giro o corpo, conduzindo-a até o stande onde uma dommer demostra algumas técnicas de amarração.  — Vê o que ela faz? — murmuro ao lado dela sem realmente desviar seus olhos da cena a sua frente.— A delicadeza e precisão rígida como as cordas envolvem ao corpo humano. Veja como o a pele antes leitosa e imaculada ganha forma e desenhos ao serem pressionadas. Isso é uma bela arte. Aprecio belas artes, o shibari é uma dessas artes. 

— É tão lindo e diferente, mas não machuca estar tão imobilizado assim?

Com uma suave risada, limitei-me a balançar a cabeça e posicionando minha mão na base de sua coluna levei-a pela área até novos stands. Embora ainda corada, Ella não se conteve ao perguntar sobre o que não entendia. O que sempre rendia novas conversas e algumas explicações engraçadas devido a sua evidente confusão.

— Você só pode estar brincando!? Essa coisinha fofa aqui que mais parece um chaveiro de coração não pode ser um vibrador, é impossível. — indagou enquanto balançava-o no ar.

— Mas é a verdade, e essa coisinha fofa ai se chama bullet. — expliquei pacientemente enquanto pegava o pequeno controle que vinha junto e acionava-o. Um pequeno palavrão escapou pelos lábios volumosos, erguendo uma de minhas sobrancelhas, desliguei o bullet e voltei a coloca-lo no lugar. — Acredita agora?

— Deus me defenda dessa pequena coisinha maléfica. — apressada, ela empurrou para o lugar onde estava antes e sai me puxando, olhando brevemente para o relógio constatei que tínhamos alguns minutos sobrando.

— Quer da uma olhada na parte reservada aos apreciadores do voyeurismo ou prefere sair pra almoçar logo?

— Almoço, acho bati minha cota de descobertas, látex, couro e vinil por hoje. — Ella murmurou mais para si do que me respondeu.

Rindo, conduzi-a pelo lugar até finalmente estivéssemos saindo pelos portões do lugar e indo até onde o carro estava estacionado. Mesmo após horas desde que a exposição ter sido aberta, a cada instante novas pessoas chegavam, não era atoa que esta era considerada uma das maiores exposições da cultura erótica na ásia. Quando chegamos ao carro, guardei as sacolas no banco de trás antes de finalmente dar a volta e entrar no carro.

— Pode ligar o som caso queira, deve demorar alguns minutos até estarmos no restaurante. — aviso enquanto dou partida no carro e sigo para fora do estacionamento.

O tempo que levou até o restaurante deu-me o pretexto inocente o suficiente para observar Ella — como se eu não já estivesse fazendo isso antes —, sua pele pálida e levemente rosada contrastava agradavelmente com os olhos amendoados que possuía. Dona de um nariz suave e arrebitado, os lábios volumosos e levemente avermelhados finalizavam o belo quadro a sua frente. Ele teria que lembrar-se de mais tarde agradecer ao Min pela insistência para que ele aceitasse participar daquela entrevista. No fim de tudo o encontro havia gerado resultados mais promissores do que os esperados.

— O que vamos comer? — fui retirado de seus pensamentos pela voz doce de minha acompanhante. Desviando os olhos da estrada enquanto o semáforo estava fechado, sorri expondo minhas tradicionais covinhas.

— Comida Tailandesa. 

DionysusOnde histórias criam vida. Descubra agora