Dias depois daquela situação, tudo parecia ter voltado ao que sempre foi.Luccino estava trabalhando nas motocicletas de sua oficina, quando uma moça loira e com um vestido cor-de-rosa entra em sua oficina.
— Bom dia, Lídia, deseja alguma coisa ? — Ele sorriu para a moça, que lhe encarava. Ela negou com a cabeça.
— Não quero nada, só estou curiosa... — E ignorando a expressão confusa do mecânico, andou pela oficina, olhando tudo em volta.
— Bom...— Ele estreitou os olhos e voltou-se para a sua tarefa. — Se precisar de algo, estou aqui.
E alguns minutos se passaram, Lídia observou Luccino com uma expressão de como quem não entendia o que via. Luccino tentou terminar suas tarefas sem olhar pra ela, quando saiu debaixo de um carro que tinha que consertar após a moto, pegou um pano e limpou algumas manchas de graxa da própria roupa.
— Luccino, eu não estou entendendo. — Lídia finalmente se aproximou, Luccino a olhou confuso.
— O que ?
— Não estou entendendo como o Major Otávio preferiu trocar a mim, uma moça linda, graciosa e esperta, por um mecânico pobre e sujo de graxa ? — O tom Lídia continha muitas coisas, indignação, rancor, vergonha e desprezo. E isso deixou Luccino um pouco ofendido, mas não importava, ele estava acostumado a sua condição e não tinha vergonha dela.
Até porque se Otávio gostava dele daquele jeito, ele não tinha motivo nenhum para se envergonhar.
— Randolfo te contou sobre nós ? — Disse ele, tentando manter uma passividade.
— Contou, mas eu não gostei nada dessa notícia. — A baixinha disse, parecendo uma criança mimada. — Você e Otávio me enganaram.
— E você queria mesmo que te contássemos ?
— Luccino, como você teve coragem ? Eu sempre achei que você era uma pessoa boa e honesta, e agora recebo a notícia de que você roubou meu noivo anos atrás. — Ela parecia realmente furiosa com isso. Com raiva de Luccino e dela mesma.
— Nunca tivemos nada além de amizade quando vocês dois estavam juntos. — Luccino respirava pesadamente, queria esbravejar com Lídia, jogar na cara todos os erros que ela mesma havia cometido com o capitão. — E eu não tenho culpa de nada, ele nunca gostou de você, Otávio só subiu no altar por uma questão de honra, você sabe.
— E você o adulou direitinho, não é ? Você estava lá no meu casamento, pronto pra fazê-lo desistir de mim. — Acusou a loira.
— Desculpe, mas eu estava mesmo em seu quase-casamento com Otávio, e foi você que o abandonou para correr para o poeta.— Luccino cruzou os braços, fazendo-se imponente diante da menor. — Não coloque sobre mim uma culpa que é sua.
Lídida bufou, com o queixo empinado.
— Você deveria ter vergonha disso! Se juntar com outro homem. — Não, ele não deveria.
— E você deveria ter vergonha de esconder um filho do seu noivo, filho esse que não era dele. Eu apenas me dei o direito de amar! E não nada há de errado nisso.
— Soube que faz anos que vocês estão juntos. Todo esse tempo e eu não percebi, devo ser uma tonta. — Lídia olhou pro lado.
— Não é. Pouca gente sabe. Não são todos que entendem que o amor é para qualquer um. — Disse Luccino, pesaroso.
— Como se alguém fosse obrigado a aceitar essa...indecência. — Disse ela, com repúdio.
— Não há indecência alguma! Eu amo Otávio... E você respeite ou não, ele me ama também. — Luccino se via quase indefeso, já fazia tempo que ele não ouvia alguém falando daquele jeito.
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Eu estava certo
FanficE se Randfo descobrisse que o sonho... ...não era apenas sonho ?