;; after death | yuqi [(G) I-DLE]

Soyeon

,⚰️

Estávamos caminhando pela cidade da vida. Eu acreditava que estava exausta, mesmo sem poder sentir nada, e um silêncio constrangedor fazia horas ali. Yanan estava caminhando muito rápido e na frente. Bom, soubemos que Soojin não era minha luz. Quem poderia ser? Eu tinha um medo enorme de não encontrar ninguém como minha luz e ser torturada eternamente, sem opção de reencarnar num corpinho novinho.

— Pensa em outra amiga ou sei lá. – pediu mau humorado, parando no meio fio.

Soltei um suspiro, avistando diversos carros passando e me preparando para a maldita dor. Yanan observava tudo, com o cenho franzido, parecia segurar a dor também. Tentei controlar meu corpo fantasmagórico e não sentir tanta dor. Eu era um fantasma, por que doía tanto? Depois que passou, cai de joelhos no asfalto, observando Yanan com o respiração descompassada.

— Yanan... – murmurei. Ele não me respondeu.

— Seu tempo ta acabando, Yuqi. Pense rápido quem pode ser sua luz. – ordenou entridentes.

Olhei-o desconfortável, lembrando-me de Soyeon. Ela gostava de mim e éramos muito próxima. Ela era como uma irmã mais nova que nunca tive. Sorri, ao lembrar vagamente dos seus momentos icônicos quando queria fazer rap e falava de todas nossas qualidades. Soyeon era um anjo que poucos admiravam. Sempre trazia torta de morango as terças-feiras das garotas. Era única, e como sempre, colocava músicas da Ariana Grande para pensarmos que estávamos divando como ela.

De repente, já estavamos no trabalho de Soyeon. A loira estava rindo, enquanto decorava algumas tortas, finalizando com os morangos inteiros, dando um toque especial com o açúcar de confeiteiro. Queria muito toca-la, e mesmo que fosse um fantasma, sentia algo incomum. Sentia falta dela. Sentia falta de tudo aquilo. Talvez eu estivesse com saudades da vida. Olhei para Yanan, que observava a cafeteria minuciosamente. Olhei para baixo, contemplando o visual de Soyeon. Era simples, mas tinha um sonho alto demais.

— Acho que... não consigo fazer isso mais... – balbucio, sentindo meu rosto mais gelado que o normal.

Yanan aproximou-se de mim, olhando para Soyeon que começou a fazer um rap qualquer sobre tortas e Soojin. Vire de costas, porque era uma tortura rever Soyeon fazendo raps para sua namorada que odiava torta de morango. Ou pelo fato que ela começou a introduzir meu nome, depois de nove meses morta.

— Yuqi, forças. Seu tempo está acabando. Você precisa saber se é ela... – sua voz saiu fraca, como se não conseguisse falar, ou se implorasse tanto.

— Estou tendo sentimentos, não era para isso acontece, Yanan. Estou morta, porque eu sinto falta delas, porque sinto como se meu coração estivesse batendo, porque estou... chorando? – encaro seus olhos pretos como o céu negro prestes a chover.

— Porque precisa estar completa. Você está procurando sua luz, vai ter essas sensações. – explicou tênue. Me senti, pela primeira vez perto dele, acolhedora. – Vamos, logo passa. Não esqueça que seu tempo está acabando, precisamos agir rápido.

— Acho que... não queria morrer. Eu quero viver, Yanan! – grito, desesperada. Parecia que alguém estava me sufocando. Não gostava disso, porque já estava morta.

— Para isso precisa da luz, Yuqi. – contou como se fosse óbvio. – A. Luz. Yuqi!

—"Song Yuqi gosta de torta de morango. Com um, com dois, com três morangos. Vou fazer cada um diferente, com um, com dois, com seis corações! Song Yuqi gosta de torta de morangos... " – ouvia a cantarolar, a mesma música que cantávamos quando eu a ajudava.

Sentada no balcão, observei Soyeon fechar a porta do estabelecimento, sorrindo para mim enquanto limpava as mãos no avental. Ela sorria contente demais, me perguntando se estava pronta para fazer as tortas. Eu apenas assentia, lambendo meus dedos cheio de calda de morango. Ela riu, brincando com o chantilly, juntamente comigo. Então, começamos a preparar as decorações das tortas para na manhã seguinte, as pessoas se desgustar dos docinhos. Fiz quatro tortas com a decoração diferente, Soyeon gostou. E quando estávamos no último, ela começou a cantarolar e eu aprendi tão rápido. Ficamos assim a noite toda. Ela me deu a última torta, dizendo que era especial. Com três morangos e três corações. Ainda não sabia o que era os seis corações.

Voltei á tona, quando a porta apareceu. Yanan me puxou, mesmo que eu não quisesse. E desejasse de coração que ela fosse minha luz. Contudo, meu desejo não era uma ordem. Abri meus olhos relutante, vendo o cemitério que estava tão familiarizada. Começamos a correr, e eu pensando na próxima amiga.