Minnie

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Depois daquela conversa maluca, o menino me levou de volta a terra, falando coisas malucas e sem sentindo algum. Ainda pensava muito no que ela me dissera. Encontrar a luz através de pessoas que amo. Eu amava tanta gente que era impossível me recordar de algum deles. Na verdade, não me recordava de nada. Contudo, eu podia ver seu rosto, mas não do garoto.

- Espere! - digo, parando ali no meio da cidade da vida -, por que não posso ver seu rosto, mas posso ver o rosto dela?

O garoto parecia me observar. Tentei não corar com aquilo, sua feição estava completamente borrada e não podia ver expressão alguma.

- Ela é filha de Lúcifer - disse simplista -, mas se te incomoda não ver meu rosto...

De repente eu pude ver o seu rosto. Sereno como os rios perto da minha casa, em Macau. Os cabelos eram brancos e combinavam perfeitamente com seu rosto fofo e bonito. Demasiado marcante. Ele riu, um sorriso mais lindo que já havia visto ou presenciado. Ele parecia um bebê mais velho. Fofo demais a ponto de me levar a loucura. Engoli em seco, sequer podia fazer isso, desconfortável. Se eu era uma alma penada a morrer ou encontrar a luz, que não tinha sensações ou sentimentos, porque sentia que ia explodir de vergonha?

- Gostou do que viu? - ele gargalhou, pronto para estalar os dedos.

- Não! - gritei, impedido que ele voltasse ao terrível borrão. - Você é bonito. Consegue me ver também?

- Obrigado. Mas acho que você... não pode me ver... - pausou e coçou a nuca - tanto.

- Por quê?

- Eu... eu bem... trabalho para Seungyeon, e uma de suas prioridades é não revelar as identidades de seus funcionários. Lúcifer pode me descobrir ou um de seus ceifeiros. É tudo uma burocracia maluca. - ele suspirou. Fantasmas suspiravam, e podia desaparecer. - eu te vejo perfeitamente. Você se lembra de como era tão linda?

- Lembro vagamente de algumas coisas. - desvio o olhar, vendo um carro em alta velocidade passar por nós. Por fração de segundos, eu gritei pensando que ainda estivesse viva para morrer. Contudo, o carro passou por nós. Antes fosse só isso. Eu senti uma dor profunda, que assemelhava que estivesse ainda viva.

O garoto de sorriso bonito me ajudou, tocando minha mão e passando a dor insuportável.

- O que é isso? Parecia que estavam me matando pela segunda vez! - indago confusa demais.

- Tem que procurar a luz, Yuqi. Cada vez que ver um carro ou ele passar por você, vai sentir a mesma dor que sentiu ao morrer.

Eu nem lembrava da minha dor.

- Você encontrou a luz?

O garoto de cabelos cinza me ignorou, olhando para o lado, voltando a andar. Não fui respondida de imediato, mas ele parecia tomar forças para tal. Foi quando avistei Minnie numa loja de roupas. Havia 5hrs que havia sido atropelada e morta e ela já estava rindo e fazendo compras. Eu sabia que Minnie era uma falsa, desde que andava demais com Soojin. Nunca confiei nela, mesmo sendo minha amiga.

Sua aura de ser superior, por ser rica e sempre cursar escolas de elite e fazer aulas de jazz tomava conta da cabeça de Soojin. Mas não iremos fala dela. De qualquer forma, eu amava Minnie, e sei que estaria afogando suas mágoas nas compras. Era seu vício. Agarrei a mão espírita do meu novo amigo, o puxando para a loja, a qual observava Minnie fazer compras.

- Nem está triste com minha morte... - nego, triste e ofendida.

- Por quê ainda estaria? - olhei-o confuso, querendo respostas. Ele deu de ombros. - Faz cinco meses que morreu.

- Como? - grito, estupefada. - Não, não faz tudo isso. Faz 5hrs que morri, o tempo não passa tão rápido assim...

- Na cidade da morte, sim. - ele me olhou suavemente, como se quisesse me acalmar. Neguei, ainda sem entender. - A morte é um descanso quando se encontra a luz. Você precisa descansa-lo para pousar em outro corpo. Por isso o tempo passa tão rápido lá. E Minnie é uma gatinha.

- Ela é sapatão, tira os olhos. - murmuro irritada. Mais por mim do que por ela. Havia a julgado sem ao menos entender de nada.

Ficamos observando e seguindo ela por horas. Até que ela se encontrou com Soyeon. A loira estava mais linda do que a última vez que a vira. Elas se abraçaram e não demorou para que Soyeon chorasse.

- "Sinto tanta falta dela, Minnie... " - balbuciou, segurando as mãos da morena.

- "Também sinto, Yeonnie... ela faz falta. Saudades de suas piadas sem graças, ou de como sua voz ficava mais grossas no karaokê. Eu amava demais. Mesmo que brigávamos as vezes."

- "Eu sei que a amava. Por isso guardou por tanto tempo esse segredo." - meu deus, Minnie gostava de mim?

Queria ir embora de lá após saber daquilo. Minnie gostava de mim e Soyeon sabia disso e nem me contara. Meu deus, só de imaginar o quanto magoei Minnie por estar namorando, talvez a pessoa errada. Ou da vez que a beijei só por diversão. Ela queria aquele beijo. Lembrei-me então no dia da festa de pijama na Miyeon.

Estava agradável, todas estavam bebendo na festa de pijama da mais velha. Miyeon gostava dessas coisas. Estávamos brincando de verdade ou desafio, só valendo o desafio, ou contava um segredo que nenhuma sabia. Soojin sempre sugeria isso. Minnie bebeu um longo gole do soju, murmurando algo e logo olhando para mim. Eu acabava de terminar um desafio, que era dançar sensualmente uma música da Ariana Grande. Logo a garrafa parou em Minnie e em mim. Soyeon sugeriu um beijo nosso ou um segredo. Não havia percebido seu olhar sugestivo e malicioso para minha amiga. Minnie timidamente recusou o segredo, e eu também. Não iria estragar esse momento divertido. Nos beijamos na sala de estar de Miyeon. Enfrente a lareira, de todas as meninas e minha atual namorada Shuhua. Era como uma explosão nossos lábios se mexendo. E eu pude sentir a química que transbordava em nós.

Despertei do transe, com uma dor forte, igual quando havia sido atropelada. O garoto de cabelos brancos segurou minha mão, me puxando para uma porta brilhante que se fazia em Minnie. Eu sentia seu amor me preeencher. Pulamos na porta e tudo se tornou branco demais para enxergar algo.

;; after death | yuqi [(G) I-DLE]Onde histórias criam vida. Descubra agora