Capítulo 5

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Vergonha é um sentimento penoso que surge através de algum ato, e é o nome do imenso sentimento que cresceu em meu peito após este abraço, e eu alimentei este sentimento com o meu gosto pelo calor de seus braços, que me aconchegaram de uma maneira surreal. A descarga de adrenalina estava tão grande que meu coração batia descontroladamente dentro de meu peito enquando eu estava enlaçado nele, e o mesmo se apertou de uma maneira dolorosa ao nosso afastamento.

Eu não conseguia o olhar, não após desabar em sua frente. Poxa, ele é o primeiro garoto que me cativou tão rapidamente e eu mostro a ele o quão fraco sou por puro medo de perder algo que nunca tive a chance de ter.

- Você está melhor? - ouço a perfeita melodia de sua voz digirida a mim.

- Sim, me desculpe por isso. - digo passando a mão em meu rosto na tentativa de me deixar mais apresentavel, o que com certeza não faria efeito.

- Não há motivo para desculpas, você tem sentimentos e as vezes eles transbordam. - ele diz e eu me sinto cada vez mais acanhado. - Mas isso só confirma a minha hipótese de que você está com medo de alguma coisa, por isso não aceita a proposta da Lisa.

Eu não consigo responder, minha voz não sai mais. Eu perdi todas as minhas forças naquele último pedido de desculpas, então apenas solto um suspiro fraco e volto a andar em direção ao meu inferno pessoal. Talvez essa fosse a chance de pedir ajuda, talvez essa forsse a chance de finalmente me livrar de tudo o que esta acontecendo mas eu não consigo.

Ao chegar em frente de casa sinto meu ar se esvair. A quentura natural da casa está maior do que de costume, o que significa que eles estão com raiva e isso me faz travar mais ainda. Retiro meu casaco e o amarro na cintura, tentando tirar um pouco do calor que estou sentindo. Se fosse para escolher em qual calor eu quero ficar, eu escolheria o calor dos braços de Jungkook.

- Eu irei me despedir aqui. - digo ainda um pouco distante da porta, não quero que ele ouça os gritos de ódio direcionados a mim.

- Eu posso te acompanhar até a porta. - ele responde parando a minha frente e me encarando de um jeito intenso.

Acho que tudo que ele faz é intenso, e eu nunca conheci alguém igual a ele.

- Não é necessário, você ja fez coisas demais. - digo o encarando de volta. - E obrigada por tudo, é uma pena que não nos veremos mais.

- Quem disse que não? - ele pergunta e me faz ficar surpreso, ele pretende me ver novamente? - a vida nunca deixa claro o que nos reserva, então sempre virá uma surpresa ao nosso encontro. E eu duvido muito que a Lisa desista de você, seja qual for o seu poder, ela gostou dele. - ele diz e isso me faz ficar um pouco confuso.

- Ela não lhe contou meu poder? - pergunto, pois me ele parecia saber.

- Ela só me disse que encontrou um garoto com um grande potencial. - ele diz simples.

Eu apenas assinto e continuo o encarando, criando coragem para ir. Então eu decido reparar em seus detalhes pela última vez, os guardando em minha memória.

Seu corpo era perfeitamente lindo, com tudo em seu devido lugar. E aquelas vestes pretas contestavam perfeitamente com sua pele e marcavam os lugares certos, como seus braços musculosos e suas coxas fartas. E seu rosto, como seu rosto é perfeito! E eu não quero esquece-lo, de jeito algum. Quero manter em minha mente o que me deu esperança de melhorar a minha vida um dia.

- Obrigado por tudo. - digo e recebo de resposta apenar um mexer de cabeça.

Eu preciso sair de perto dele o mais rapido possivel, se não acabarei falando demais. Então eu me viro hesintantemente e caminho em direção a porta, mas quando chego na maçaneta meu corpo para de responder.

O calor aumentou e está me fazendo soar, e eu odeio isso. Me faz mal. Olho para trás e vejo que Jungkook ainda está ali, e que pareceu confuso diante do meu medo de tocar a maçaneta.

Fecho os olhos, respiro fundo e entro de uma vez só, escutando o meu coração quebrado se estilhaçar mais ainda.

- ONDE VOCÊ ESTEVE? - ouço a voz estérica da minha mãe em conjunto as suas passadas violentas.

- D-desculpe, a padaria foi atacada. - digo em um tom sussurado e completamente assustado.

- E você quer que eu acredite? Em você? - diz e solta uma risada sarcástica - Então, cadê meu dinheiro? Hein? - diz e isso faz minha mente estalar.

Procuro entre meus bolsos e nada, eu perdi o dinheiro. Que ótimo.

- E-eu perdi... - respondo me encolhendo ao sentir o calor aumentar.

E não deu ao menos tempo de pensar, pois seu tapa em minha cara veio rapido demais. Tão forte que fez minha cabeça tombar para o lado e me fez ter a visão de meu pai e meu irmão, que riam com escárnio.

E logo em seguida veio um chute, um soco e várias outras agressões. Eu não sei por quanto tempo fiquei apanhando, só sei que o último foi o mais dolorido. Pois ela acendeu uma chama em sua mão e queimou a pele de meu braço com toda vontade que tinha, o que me fez urrar de dor.

- Não gaste uma coisa que não é sua, su porco imundo. - diz e me arrasta para dentro de um armário que tem ali, com sangue e lágrimas saindo de mim. - Você ficará aí até amanhã, pensando no que fez.

- Não me deixe aqui, por favor! Não me deixe aqui! - digo tentando inutilmente segurar a porta, mas não adiantou.

Assim que ela trancou a porta, eu me sentei no chão e começei a chorar. Eu deveria ter ido com Jungkook, eu deveria ter sido mais corajoso. Olho para meu casaco preto e vejo que ao menos ele está intacto. Esse armário é escuro e abafado, eu não gosto disso. Eu quero e preciso sair daqui, se ao menos eu conseguisse usar meus poderes...

Mas eu não consigo ao menos me concentrar para isso, a dor em meu corpo está forte demais. Então acabo adormecendo, com a cabeça apoiada em meus joelhos.

Logo pela manhã a porta foi aberta, revelando a imagem do meu pai. Seus olhar para mim era carregado de repulsa, o que não me deixa surpreso. E ele sai logo depois, sem falar absolutamente nada.

E depois de alguns minutos, quando um pouco da minha força e minha consciência voltam, me levanto e me forço a ir até meu quarto. E ao olhar no espelho sinto minhas lágrimas sairem em forma de explosão, o que faz arder meus hematomas. Minha boca esta cortada, estou com cortes em algumas partes do rosto e roxos em outras, assim como no resto do neu corpo. Mas o estrago está em meu braço, que está criando bolhas e ardendo muito.

Eu não posso continuar aqui. Eu não posso mais.

Tranco a porta do quarto e ajoelho no chão e enfio minha não de baixo da cama a procura de uma mochila antiga aue era do meu irmão, ele a ganhou de uma senhora que trabalhava na floricultura. Mas ele não gostou, era "sem graça demais" para ele, então ele apenas a jogou no lixo. Mas eu tinha me apaixonado por ela, que era de couro falso branco com detalhes dourado, então eu a peguei escondido e a guardei.

Assim que a achei, coloquei meu casaco branco, minhas únicas duas calças, minha única camisa preta de manga comprida e minha única camiseta branca que sobrou,  a que estou usando esta suja de sangue. Pego minhas pedras também e abro a janela e olho para baixo, graças a deus não era muito alto.

Então, em um momento de coragem, pulo a janela com a minha mochila nas costas e começo a correr em direção a cidade.

Preciso achar Jungkook.

ᴄᴏʟᴅ · ᴊᴊᴋ + ᴘᴊᴍOnde histórias criam vida. Descubra agora