11. Reunião

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Vanessa entrou agitada no quarto onde eu estava na casa dos Leicam. Veio até mim com uma sacola em mãos. Já fazia dois dias que eu estava aqui, e ela ainda não tinha aparecido para me visitar, mas agora ela além de me visitar, tinha ordens explicitas de André para me levar embora. O mais rápido possível. Ela era assim obedecia sem questionar.

— Já chega de descanso. — Disse ela, e estendeu uma sacola para mim, a peguei com a mão do braço bom. Olhou para os terríveis pontos em meu braço. — Espero que isso não te prejudique.

— Logo eu ficarei boa. — Respondi, apesar de não ter absoluta certeza disso, o que eu sabia era que doía muito.

— Trouxe algumas roupas para você. — Observou a camisola que eu vestia, que pertencia a mãe de John. — Quer ajuda para se levantar? — Seu tom de voz era preocupado.

— Acho que consigo fazer isso.

— Tenha cuidado, Agatha. Sem muitas extravagâncias.

A única pessoa que estava na casa naquele momento era Francine, mas a sua mente parecia estar em outro lugar, e eu sabia muito bem aonde. Ela conversava com Vanessa, mas as suas repostas eram curtas e superficiais, as vezes eu me perguntava se ela realmente estava escutando Vanessa.

Francine estava sentada em uma cadeira de fio trançado na cor vermelha, fitava o portão, eu sei que ela tinha esperança de que Valéria a qualquer momento poderia entrar por ele.

Vanessa se recostou na coluna do hall de entrada ao perceber que Francine não respondia com muito animo ao seu papo superdescontraído.

— Por que você acha que ela fez isso? — Eu e Vanessa nos entreolhamos, não sabendo para quem ela realmente estava fazendo a pergunta. — Valéria tinha os seus defeitos, mas ela era uma menina boa, não consigo acreditar que sempre esteve envolvida com criminosos.

— Tenho certeza que foi alguma coisa momentânea. — Disse eu, não sabendo se era o certo eu dizer isso.

— Você quer dizer que ela pode ter tido um surto?

— Sim.

— É o que estamos tentando provar. É o que ela nos disse. Mas Valéria sempre me pareceu uma pessoa equilibrada, não a nada que possa comprovar isso. Nenhuma ida a algum médico. Não sei mais o que fazer. — Lamentou.

— O que a senhora pode fazer nesse momento é descansar. — Pus minha mão em seu ombro, o afagando.

— Sério mesmo? — Vanessa sussurrou para mim. — Descansar?

Francine deu dois tapinhas de leve em minha mão, então se virou ligeiramente para trás. Seus olhos negros me encararam com intensidade.

— Sua mão está fria. — Uma forte tensão cresceu em meu peito. Como eu ainda não tinha aprendido, eu não deveria tocar nas pessoas assim sem antes controlar a temperatura do meu corpo. Compartilhei um olhar com Vanessa, seu rosto estava pálido, como se todo o sangue de sua face tivesse evaporado. — Você tem certeza que está melhor para ir embora? Meu marido pode continuar cuidando de você sem nenhum problema. — Soltei um suspiro de alivio, e o sorriso de Vanessa se espalhou pela sua face.

— Não já estou bem melhor. — Tirei minha mão do seu ombro, a deixando aonde ela deveria estar, ao lado do meu corpo.

— Fiquei muito triste quando você e o John terminaram. Torço muito para que vocês dois se acertem.

— Acho que o André está preocupado com a nossa demora. É melhor nós irmos. — Disse Vanessa, me livrando do rumo constrangedor que essa conversa estava tomando.

(Completa) Sopro Congelante (Todos os passados)Onde histórias criam vida. Descubra agora