She Wouldn't Tie You Up in a Chair

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Desculpem a demora. Eu me distraí pensando em Anúbis.
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"Tudo começou muitos anos atrás, antes do scene ganhar força no mundo todo. Um garoto estava sentado num bar levemente deserto, talvez por ser quinta-feira.

Ele não era realmente um garoto, ele já era velho o suficiente para estar num bar. Mas não velho o suficiente para conseguir lidar com o que tinha acontecido apenas um mês antes de seu aniversário.

Mesmo sendo velho o suficiente para conseguir bebidas e outras coisas seus pés não tocavam o chão, eles ficavam balançando soltos da cadeira. Suas pernas estavam juntas, encostando uma coxa na outra. Uma de suas mãos apertava o tecido de sua calça e a outra segurava um copo perto de sua boca.

Sua posição era minimamente estranha em um bar, mas ainda assim intrigante para quem prestasse atenção. Se eu fosse Sherlock Holmes eu deduziria que ele nunca estivera ali antes, na verdade ele nunca bebera álcool em público antes. Aquele era provavelmente o primeiro dia depois de seu aniversário de 21 anos.

O fato dele ter acabado de fazer 21 anos e já estar num bar demonstrava que seus pais não se importavam muito com o que ele fazia. Isso talvez explicasse seu estilo de se vestir, mas vamos falar disso depois.

Ele continuava engolir seco e encarar a parede. Depois que a música tinha começado ele não tinha, em momento algum, bebido do copo -que já estava no final. Alguns diriam que ele conhecia a música que estava tocando, mas eu diria que isso era muito pouco provável já que era a primeira vez que aquela música era mostrada ao público. Mas eu não duvidaria se me dissessem que ele conhecia a voz (não duvidaria, por que ele conhecia).

A música era sobre o desastre que eu mencionei antes. O 11 de setembro. Sim, esse mesmo. A destruição das torres gêmeas. Mas, voltando a minha épica narração.

O garoto não tirava os olhos da parede, por que se sentiria estranho de encarar o cara que estava cantando (principalmente por que o irmão dele tocava baixo e não deixaria nenhum detalhe passar) e também por que eles não tinha certeza do que ele queria.

Aquela não era a primeira vez do garoto/jovem/adulto/anão num show daquela banda. Na verdade, desde que ele os descobrira por acaso ele sempre ia em todos os shows. Ele até mesmo via os ensaios, para você ter uma noção.

Mas aquele não era qualquer show. Aquele era o show mais importante da carreira daquela banda. Aquele era o primeiro show em que eles tocavam uma musica totalmente original. Talvez por isso o jovem não quisesse olhar o cantor, talvez ele achasse que aquilo tiraria a magia de tudo.

Em compensação o cantor não fazia questão de esconder os olhares que dava ao garoto, tentando ler sua reação. A banda havia insistido que não queria mostrar a ele a música antes de fazer o show ao vivo. O homem no microfone, mais do que definitivamente buscava a aprovação do jovem, mas ele não conseguia saber se ele tinha gostado da música, por que ele se recuzava a olhar para o palco.

Isso de fingir não existir não durou muito, por que logo o garoto começou a chorar. Ele esperava algo forte, mas aquele refrão era de matar.

"This broken city sky like butane on my skin
And stolen from my eyes
Hello Angel tell me where are you
Tell me where we go from here"

Acho que era mais ou menos assim, não lembro com certeza. Eu nunca decorei nenhuma letra, exceto as mais chicletes.

O garoto que se recusava a olhar para o palco com medo de roubar o que deveria ser uma grande estreia para banda mudou de ideia. E encarou o cantor que também estava chorando.

I Don't Love You - FrerardOnde histórias criam vida. Descubra agora