Stark estendeu a mão pela cama e Natasha não estava ali. Ele olhou o relógio e constatou que a soneca da tarde havia sido mais prazerosa para uns do que para outros.
Eles haviam se mudado do apartamento, indo para uma casa luxuosa saindo de Boston, que por mais que ele odiasse admitir, era bem parecida com a casa dos seus pais. Apesar de Natasha ter escolhido a casa, ela não dormia direito há dias e ele estava cogitando trocar de colchão pela terceira vez desde que eles se conheceram — uma quando eles começaram a se relacionar, outra quando se casaram e agora, já que a esposa não conseguia dormir.
Ele se ergueu, seguindo pelo corredor. As paredes estavam decoradas com fotos, relíquias do casamento que agora não traziam mais dor ou angústia, dispostas pelas paredes, fotos do casamento de Gabrielle e Marshall pouco depois do acidente e algumas fotos de Natasha com a barriga de grávida, além dos milhares de cliques que eles tiraram desde o dia em que se conheceram.
Fotos eram importantes naquela casa.
Havia se passado seis meses desde o infeliz incidente que o fez um adepto da nanotecnologia que ele e Natasha haviam criado e seis meses desde que ela havia descoberto sobre a gravidez.
Ele observou o quarto ao lado do deles e encarou o grande M sobre a porta branca, pintado de cor-de-rosa e abriu, esperando vê-la ali dentro. O quarto era branco em sua totalidade, com detalhes coloridos e enfeitado com ursos de pelúcia. Estava escrito Masha sobre a parede do berço, mas não havia sinal da esposa por ali.
Stark seguiu, descendo as escadas e notou-a parada no meio da sala, olhando para a árvore de Natal gigantesca no meio da sala. Ela usava um vestido vermelho, os cabelos gigantes caídos nas costas e quem a visse daquele jeito — de costas —, nem notaria que havia uma bola na sua barriga se preparando para explodir.
— Nat? — James chamou e ela o olhou, virando-se a ponto de ele conseguir ver a barriga. Aquela imagem era a que lhe tirava o ar todos os dias, uma lembrança familiar de um sonho distante que ele havia tido muito tempo atrás, mesmo que na sua imaginação ela nunca estivesse chorando como agora. — O que houve? — perguntou se precipitando escada abaixo, ignorando a dor que ainda sentia pelo pé quebrado, principalmente no frio.
A neve escorria pelas janelas da casa, se acomodando no parapeito, observando o casal como se achasse graça.
— Eu não consigo! — disse em prantos, jogando uma das bolas de enfeite dentro da caixa antes de começar a chorar feito uma garotinha. — Eu não consigo!
Ele se aproximou, a envolvendo nos braços e a mantendo por perto.
— Não consegue o quê, Nat? O que aconteceu? — Ela resmungou algo em meio ao choro que ele não entendeu. — Nat... Eu não entendi o que você disse.
Ela se afastou brava, o empurrando e esbravejando em russo como se ele pudesse compreender. O surto foi tão grande que ela simplesmente parou um momento depois, voltou a colocar a mão no rosto e chorar feito uma criancinha.
— Eu não consigo colocar a estrela lá em cima. — Disse entre lágrimas e ele finalmente entendeu qual era o problema. Stark olhou para o topo da árvore de natal e notou a estrela torta, se aproximou e a endireitou como havia feito da última vez, já que ela era pequena o suficiente e não alcançava a ponta, como nunca conseguiu.
O motivo pelo o qual ela estava chorando por aquilo provavelmente havia sido o mesmo que a fez chorar duas noites atrás quando ela tentou pegar a escova de cabeço em cima da cama e seu braço não alcançou, mas isso não queria dizer que ele sabia que motivo era esse, muito pelo contrário, ele não fazia a menor ideia.
— Amor, Nat... — Ele tentou procurar algo para dizer, mas... O que se fala numa situação dessas? Stark a puxou para longe, sentando-se com ela no sofá e a trazendo para perto, alisando a barriga devagar. A filha parecia o reconhecer e dar cambalhotas no útero da mãe toda vez que ele chegava perto demais.
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Nano Contratual (Desgutação | Completo na Amazon)
RomanceJames Bartholomew Skandar Stark com toda certeza é o nome mais poderoso da atualidade. O misterioso e reservado empresário do ramo de tecnologia viveu todos os seus bons 28 anos construindo o seu império sem dar abertura para que ninguém soubesse ma...