Capítulo 10

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- Nos episódios Anteriores -

   Ele imediatamente se lembrou e vestiu a camisa enquanto Lukas ria da situação. Eu dei um sorriso, acenei para eles e voltei a me sentar na cadeira.

- Continuação -
               
{•••} - Dois dias depois-

-Visão do Dw-

   Hoje tem baile funk aqui na Rocinha, mas não to afim de ir. Eu estava no escritório, assinando alguns papéis como de costume.

   De repente, pasou-se em minha cabeça um flash do pior dia que tive em toda a minha vida. A última vez que me lembro ter chorado. O dia em que perdi a pessoa mais importante na minha vida.

   Comecei a ter dores de cabeça com as memórias que tinha.

   Me lembrei do dia em que minha mãe morreu, na minha frente.

    Eu tinha 15 anos. Estava voltando da escola. Quando cheguei em casa, vi o lindo sorriso da minha mãe. Ela tinha o cabelo curto e cacheado, da cor preta. Usava roupas simples e colocava os nossos pratos na mesa. Eu estudava em escola publica mas sempre me esforcei muito para estudar, para compensar o esforço dela por mim.

  - Oi mãe - dei um abraço nela e ela me deu um beijo na testa.

  - Deus te abençoe. Deixa a bolsa no sofá e vem almoçar. - ela dizia sorrindo.

   Ela havia feito omelete, do mesmo jeito que havia feito a mesma coisa no dia anterior, e no retrasado havia feito ovo cozido. Não temos dinheiro para comprar carne. Tendo arroz e feijão, tá ótimo. Me sentei na mesa e nós começamos a comer.

   De repente, ouvimos um barulho de tiros, um atrás do outro. Como sempre, nos jogamos no chão, mas dessa vez não deu tempo. Um tiro atravessou a janela, quebrando-a, e pegou nas costas da minha mãe.

  - MÃE! - gritei rastejando até ela - Mãe! Não! Não!  - as minhas lágrimas desciam desesperadamente.

   Ela ficava cada vez mais fraca. Passou a mão em meu rosto, com um olhar piedoso, enquanto eu estava totalmente desesperado.

  - Calma... Se cuida, Diego.- ela sussurrava.

  - Não mãe! Não! Não me deixa sozinho nesse inferno!

  - Promete pra mim que vai ficar bem? - ela falava fraca.

  - Prometo mãe...

  - Eu te amo... Diego - falou fraca.

   Assim, ela fechou os olhos, e não respirou mais.

   Aquela foi a última vez que eu chorei. A vez que a única pessoa que me amou, se foi.

   Fui interrompido de meus pensamentos, quando ouvi o barulho de tiros e muitos gritos. Logo em seguida, o rádio tocou.

     - O dono colou aqui e tá atirando! -

     - Que dono porra? -

     - Morro dos Macacos -

   Eu peguei minha 12 e subi na laje, onde já haviam dois capangas, deitados, com a arma apoiada no chão. Fiz o mesmo que eles. Comecei a atirar nos caras, que caiam sangrando no asfalto.

   As viaturas da polícia Civil começaram a chegar mas eu não podia desrespeitar a minha própria regra. Não posso matar políciais...

   Os policiais começaram a atirar mas um dos tiros foi parado por um corpo. O tiro que veio direto do blindado parado pelo corpo de uma *criança* .

A Dona Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora