PARTE II: Crômio

1.7K 280 206
                                    

— Falando sério, Jongin, você precisa trocar logo essa coisa — advertiu Yixing, sentado em um dos bancos altos do balcão

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

— Falando sério, Jongin, você precisa trocar logo essa coisa — advertiu Yixing, sentado em um dos bancos altos do balcão. — Seu braço não vai durar muito.

O moreno tirou do bolso um papel com um endereço escrito em letras rebuscadas, agitando-o no ar. Eram as coordenadas para a oficina de algum biomecânico que alguém de confiança havia lhe indicado.

— Eu sei. É por isso que estamos aqui, certo? — Ele apontou para as imensas letras impressas em uma das paredes. Mesmo com a cor amarela já desbotada, ainda era possível ler "Zona 07" em uma tipografia robusta. A Casta dos programadores e engenheiros mecânicos.

Estavam em um bar clandestino na região urbana da Chinatown, onde a tecnologia se mesclava ao estilo punk decadente e ao sotaque dos chamados Mestiços. Havia luzes, placas luminosas e letreiros com caracteres chineses por toda parte. Quando vivia na Casta 7, aquele era o seu lugar preferido. Todas aquelas cores fluorescentes — amarelo, roxo, azul, verde e rosa — davam-lhe a impressão de que aquele era um lugarzinho alegre e aconchegante em meio ao caos.

Ali, mais do que em qualquer outro lugar, a máquina fazia parte do homem. Era difícil encontrar um cidadão que não tivesse ao menos uma prótese aqui ou um olho biônico acolá. O próprio dono do bar, um sino-canadense chamado Wu Yifan, usava grandes binóculos metálicos com infravermelho que o auxiliavam a enxergar o mundo de outra maneira, após ter sua visão danificada em um acidente.

Um dos homens na mesa atrás deles tinha um gancho de bronze substituindo uma das mãos, e uma moça de cabelos rosa-shocking, jogando dardos com duas amigas do outro lado do salão, tinha punhos de zinco com pedras de rubi. Piercings, chokers e tecnologias acopladas ao corpo eram uma marca registrada naquele bairro. Fora ali, inclusive, que conhecera Zhang Yixing.

— Ora, ora, se não é o cara mais jovem a ingressar na Casta 7 através do Underground — disse uma voz animada, assim que um garoto com boina, roupa de combate e um enorme brinco de ferro na orelha esquerda apareceu detrás do balcão. As roupas pesadas sequer combinavam com sua aparência jovial e os olhos alongados como os de um felino. — Você é Kim Jongin, certo? O garoto do punho de aço. Você é uma lenda! Nem dá pra acreditar que você deu o primeiro mergulho aos catorze anos.

Jongin o cumprimentou com um gesto de punho-contra-punho, deixando que o metal dos dedos da mão esquerda batessem contra a pele do garoto. Isso fez com que a prótese chiasse e soltasse algumas faíscas em protesto.

— Punho de aço — ele sorriu em resposta. — Acho que gosto disso.

Aquele era um dos únicos lugares onde as pessoas não se queixavam ou pareciam exitar ao apertar a sua mão de metal. Em castas mais pobres, seu braço mecânico seria considerado uma aberração, já que muitos associavam toda tecnologia robótica aos terríveis ciborgues das castas mais abastadas.

— Meu nome é Minseok — disse o bartender, enchendo ambas as canecas sobre o balcão com uma bebida azul cintilante. — Essas são cortesia da casa. Fiquem à vontade, e tomem cuidado após o toque de recolher. Nada funciona nessa cidade depois da meia-noite.

UndergroundOnde histórias criam vida. Descubra agora