Capítulo 10 - Uma Garota que Não tem Medo de Amar

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Eu acordei, comecei a ouvir o que se passava a minha volta, mas me recusava a abrir os olhos.

Não era muito, fazia muito frio, o inverno enfim retornara. "Assim como minha sensatez...", eu pensei.

Sabia que já devia ser tarde, que de fato eu perdera a primeira aula, eu não me incomodara. Não tinha pressa em encarar ninguém... Só queria dormir... Eu de fato demorara para pegar no sono, eram muitos os pensamentos. Esse ano parecia tem passado como um filme na minha cabeça até aquele dia.


"Você fez besteira, Granger!"

Uma afirmação simples e ao mesmo tempo acusadora. Fora a coisa mais sincera e profunda e quem sabe... A mais verdadeira que ele já me dissera. Mas naquele momento que eu abrira finalmente os olhos e pensara nisso eu nada mais fizera do que entortar a boca como se desse de ombros. Não me parecia uma besteira tão grave assim, afinal às vezes são necessárias besteiras o bastante para se fazer o certo. Ok, eu sei que não faz muito sentido, mas devia fazer para alguém, pois me soou sábio e não idiotamente impulsivo como tudo o que acontecera esse ano.


Olhei pela janela, nevava, não me surpreendi, era mais um indício de que tudo voltara ao normal, aos eixos. Isso não me deixou extremamente feliz, muito menos triste... Não mudou em nada o meu humor. Aquele humor estranho que você não sabe exatamente o que é, que aparece na maioria das vezes quando você acorda... É um sentimento estranho, e por pouco não é gelado e estremecido como aquela paisagem de Hogwarts, deserta, às oito da manhã de uma terça-feira nevada. Eu chamaria de um humor ao contrário do seu humor na TPM, quando tudo te incomoda demais, esse ao contrário, tudo é indiferente demais.


Por que quando algo muda na gente, algo muda igualmente na nossa volta? Quando se está triste, tudo tende a estar mais depressivo ainda. Quando se está feliz, tudo parece engraçado. Quando se retorna a ser o que era antes, como se você tivesse tido umas férias de você mesmo por muito tempo, tudo parece como se você não visse a muito tempo. Por que nunca percebemos o que está acontecendo com a gente quando ainda se está em tempo de consertar isso? Eu pelo menos nunca percebo. E pra não me achar uma completa anormal, é confortável imaginar que não sou a única.


Saindo um pouco da parte poética da coisa, você já escorregou numa casca de banana de mini saia e caiu de pernas abertas no meio de seus professores e descobriu que estava sem calcinha? Tá, isso também nunca aconteceu comigo, mas eu preferira que isso tivesse acontecido ao ter de reviver essa semana mais uma vez. Ah, por que eu não escrevo há uma semana?! Eu não sei, tentei encontrar uma boa desculpa, como... Torci o pulso, não tive tempo, estive doente... Mas a verdade, é que estive ausente do meu eu essa semana. Quer dizer... Apesar de retornar a minha velha vida, eu não retornei tão rapidamente a escrita. A escrita nunca foi um hábito do passado, sempre foi um hábito.
Mas vamos falar dessa semana logo de uma vez enquanto eu tenho fôlego. Terça feira, depois de meditar contra a vidraça embaçada eu desci para o Salão Comunal, a Hermione de sempre, sem a maquiagem, sem a vadia, sem a cruel, sem a fazedora de besteiras. E sem sequer olhar para o ambiente em si, mas já adivinhando, pois depois de seis anos de convivência não há nada mais previsível, eu saí dizendo:


– Oi, Harry. – ele estava uniformizado, mas aparentemente não havia ido para aula nenhuma, sua capa estava jogada no sofá e sua camisa branca com os primeiros botões abertos. Devia estar me esperando descer, ou apenas meditando, como costumava fazer. E eu pensara que uma vez o encontrara assim por causa da Gina.


– Achei que não acordaria nunca. – ele disse com um meio sorriso cansado. É, pelo visto dessa vez não era por causa da Gina.


Eu fui até ele, ele se levantara e ficamos a uns dois metros de distância um do outro, nos encarando, passando alguma mensagem silenciosa pro outro. Silenciosa demais para ser interpretada por mim, depois do que me pareceu longínquos cinco minutos eu desatei a falar.

Apaixonada Pela Serpente 2 (APS2) - A VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora