Flores e Laura

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Uma terrível escuridão, que parecia cada vez mais dominar os sentidos daquela pobre alma, distancia-se cada vez mais, respeitando até mesmo a língua portuguesa ao fazer o uso da ênclise para expressar um momento tenso como esse.

Marina acorda, mas não reconhece o lugar em que se encontra até escutar alguns "pi" e desejar que eles fossem o 3,14 da matemática. Mas não, ela não está na OBMEP. Trata-se de um hospital, e Fran se encontra numa poltrona ao seu lado, chorando exageradamente.

— Calma Fran, eu tô viva! – consola a amiga.

Fran rapidamente seca as lágrimas, e sua expressão triste e desesperada torna-se ansiosa.

— Até que enfim! Você sabe quantos animais marinhos morreram pra gerar a energia necessária pra hospitalizar você?! – disse ao levantar-se rapidamente.

— Mas será possível que ninguém se importa comigo?!

— Eu me importo, amigaaa! Linda e maravilhosa, nunca critiquei. – diz Laura, entrando na sala acompanhada por alguns fotógrafos e um cameraman. — A Marina é minha melhor amiga gente, somos muito próximas!!! Acho que vocês deviam me entrevistar já que eu que estou no centro do vídeo, né?

— Laura? Tira essa gente daqui, tá louca? Ela precisa descansar e burrice é contagiosa. – diz Fabiana, piscando o olho como uma psicopata.

— Obrigada, Fabs.

— Hm? Ah, eu tava falando da sua burrice. – diz, passando uma folha de sua erva favorita no nariz.

— O que aconte... – Marina começou, mas logo se lembra do motivo de ter desmaiado e desmaia de novo.

— Meu Deus, chama a ambulância!!! – Mel grita, desesperada.

— A ambulância vai muito buscar ela no hospital pra levar ela pro hospital de novo. – Laura revira os olhos.

— Gente, os peixes! – Fran choraminga.

— Ah, vai tomar no seu cu. – Laura arranca a folha da mão de Fabiana e esfrega na cara de Francieli. — O importante é que somos famosos e o dinheiro já deve estar rendendo.

— Na conta da Lavínia. – Marina acorda ao ouvir a palavra "dinheiro"

Laura passou por 50 tons de vermelho diferentes antes de se pronunciar novamente, bem treinada para não surtar e...

— PORRAAAAAAAAAAAAAAAA! – Fabiana solta o grito da pantera no lugar de Laura. — Eu vou matar aquela desgraçada!

As lamparinas do juízo brilham na mente de Anderson e ele sorri de repente.

— Ou... a gente pode usar a fama pra ganhar dinheiro. – sorri mais abertamente, quase rasgando os cantos da boca. De repente, ele tira o celular do bolso e começa a digitar rapidamente. — Vou inscrever a gente no famosos da internet.

— Ótima ideia. – diz Marina. — Acabou com o resto de reputação que eu tinha.

— Será que a gente já pode ir embora? Já causamos muitas mortes e...

— Sinceramente, Francieli? Ninguém liga. Vamo comer carne sim e a próxima é a sua se você não calar a boca. – Laura se irrita, sorrindo novamente ao escutar três batidas na porta. — Uau, flores! São pra mim!!!

— E por que é que tá escrito "Marina" no canto do cartão? – Mel pergunta inocentemente. De novo.

— Awn, flores pra mim! – Marina exclama, recebendo florzada na cara e espirrando que só a gota. — Awn, é do Faustão!!

— Lê pra gente, lê! – Lala pede animada aos pés da maca.

— "Cara Marina,

O motor do meu carro não funciona tão bem quando o seu pulmão. Eu e Selena concordamos que você, sua eguinha pocotó, os confeiteiros e toda a galera da produção desse sucesso da internet deveriam vir no meu programa no sábado. As passagens estão aqui, esperamos vocês!

Oloco, bicho!

Fausto Silva"

De repente, ouve-se um estrondo e todos viram para Laura, encarando-a sem entender o que havia acontecido. Ela está jogada no chão, fazendo alguns movimentos estranhos.

— Que isso, Laura? Tá apagando o fogo do rabo no chão?

Deixam ela ali e continuam conversando entusiasmados sobre a possibilidade de estarem ao vivo para todo o Brasil.

— Já que não tem flor agora, quando eu morrer eu também não quero flor. – ela se levanta e abre a porta para sair. Antes que ela o faça, Fran se aproxima dela com cara de quem tinha cheirado a erva da Fabiana.

  — Mas isso é lindo, Laurinha! Você está fazendo o mundo um lugar melhor por cuidar das plantin... 

— Ah, vai te foder, Francieli. – Laura interrompe a moça, bate a porta e antes que Fran caia, ouve-se um "crec". — Ai meu Deus gente eu vou ser presa...

— Com licença, é aqui o quarto de Marina Reis? – um homem interrompe Laura e ela se estica inutilmente para tentar esconder o corpo de Francieli.

— É sim, o que que foi? – pergunta ela.

— Chegaram essas flores... para Francieli, é você?

WhomonizersWhere stories live. Discover now