7. Era nosso segredo!

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Não vi Bruno entrar na escola e não tive qualquer sinal dele até a hora do recreio. Estava sentada no fim do corredor comendo uma coxinha e tomando uma coca quando ele chegou e se sentou ao meu lado.

_Eu contei para o meu pai. - Abri os olhos surpresa com a declaração dele e parei de mastigar, eu queria era cuspir tudo na cara dele.

Não precisava ser muito inteligente para saber o que ele tinha contado, e tudo? Isso quer dizer que tio Cláudio agora deve estar me julgando! Não quero nunca mais voltar para a casa dele! Caramba! Com que cara eu vou olhar para o meu tio agora? Não quero pensar o que vai acontecer!

_Fica tranquila Ana, meu pai disse que vai ajudar, mas temos que prometer que vamos falar com eles caso role algo a mais... Meu pai disse que não quer ser avô agora. - Bruno ri como se fosse piada!

Engulo com muita dificuldade o que estava na minha boca e tenho a leve impressão que não mastiguei direito! Dou alguns soquinhos no meu peito e bebo e da coca para ajudar a descer e me arrependo no minuto seguinte. A Coca-Cola parece ter rasgado meu esôfago.

_Não quero ter que olhar para o seu pai nunca mais! Estou morrendo de morrendo de vergonha!

_Vergonha!? Por que?

_Por que!? Qual é Bruno!? Você sabe que essa coisa entre gente é errado, somos quase irmãos!

_Não somos irmãos Ana, não tem nada de errado eu me apaixonar por você? A preocupação dos meus pais é só com você!

_Eu! Não sei porque...

_Talvez porque sua mãe simplesmente te deixa ser criada por outra família. Ela mal paga o colégio pra você? Não sei nem quando foi a última vez que ela te deu qualquer coisa! Você não tem ninguém para te aconselhar e não quer contar a minha mãe, logo está sem instrução nenhuma!

A declaração dele fez todo sentido, eu sei de tudo isso, então porque está doendo tanto? É como se tivesse levado um tapa na cara. Acho que Bruno percebeu, porque me abraçou assim que me olhou de novo.

_Desculpa... Eu não deveria falar assim você... Não pensei no que estava dizendo.

_Você não disse nenhuma mentira não é!? Isso. Faço um gesto apontando de mim para ele e depois voltando o dedo na minha direção. _Tem que acabar! Eu não posso me apaixonar por você! Eu te amo como meu irmão, não se beija um irmão, tá errado!

_Eu não sou seu irmão Ana! Qual é o seu problema? Se não me beijasse com certeza beijaria outro cara e minha se preocuparia do mesmo jeito!

_Não... Ela não se preocuparia! Respondo começando a ficar irritada.

_Por que não!? O tom de voz do Bruno mudou e ele está falando mais alto.

_PORQUE VOCÊ É FILHO DELA! Grito.

_E DAI? Meu amigo responde no mesmo tom e altura.

_SOMOS QUASE IRMÃOS SEU IDIOTA!!!!!! Acho que exagerei.

_NÃO SOMOS IRMÃOS PORRA!!! TEMOS PAIS E MÃES DIFERENTES! QUAL A PARTE DISSO VOCÊ NÃO ENTENDI?

Fico calada olhando para ela os olhos do Bruno, ele nunca gritou comigo, nunca falou desse jeito. A respiração acelerada dele denuncia o grau do seu nervosismo. Ouvimos o sinal, mas nenhum dos dois se move. Olho para os lábios dele e penso o quanto é bom beija-lo. Eu não deveria estar pensando nisso! Meu rosto cora e Bruno sorri de lado.

_Foda-se! Ele diz e puxa para um beijo.

Como uma idiota que eu sou correspondo ao beijo, mesmo sabendo que é errado, eu quero beija-lo. Quero viver isso com ele e só com ele. Eu não sei o que atraiu, o que levou a sentir isso... Talvez se eu soubesse, se eu conseguisse fazer o meu coração parar de disparar ou tirar essas espumas que se formam no meu estômago toda vez que ele beija. Se eu soubesse como parar tudo isso!!!

Ouço um raspar de garganta e nos desvensilhamos. Dani Bastos está com um sorriso divertido nos lábios.

_Vocês sabem que é proibido beijar aqui, certo? São as regras...

_Sim, me desculpe. Respondo totalmente constrangida já me levantando para ir embora. Não falo nada para o Bruno só me viro e faço meu caminho para a sala.

_E quem liga para as regras!? Só não deixem te pegarem gatinha! Ela pisca e sorri cúmplice. _Qual o seu o lance com o Bruno?

_Eu não tenho lance nenhum com ele!

A garota de cabelos loiros com pontas azuis ergue uma de suas sombrancelhas e sorri divertida.

_Aquele beijo pareceu bem sério!

_Não temos nada... Digo com um certo pesar.

_É uma pena, porque ele anda dispensando todas as vadias que se aproximam... Eu pensei que você fosse a culpada.

_Não podemos ter nada, ele deveria voltar a vida que tinha.

_Não podem ter nada... Você tem namorado? Ela se espanta com o próprio pensamento.

Estamos sentadas na sala dez, bem no fundo da sala para ser exata e o professor de biologia ainda não apareceu.

_Eu não tenho namorado! Não tenho ninguém! Não é por isso... Nós somos amigos, fomos criados juntos, é errado! Ele como se fosse um irmão!

A garota solta uma gargalhada, olho para ela indignada. Por que eu estou falando com essa garota mesmo? O projeto Smurf para de rir ao ver minha expressão de quem não está achando a menor graça.

_Esse lance de vocês é meio clichê... Não é errada... É só... É mais comum do que você imagina.

_A mãe dele me cria desde que eu era um bebê... Digo com vergonha e pesar.

_A menos que o pai de vocês seja o mesmo... Ela da de ombros e sorri. Agarre o bofe com vontade! Ela sorri de lado de novo. _Eu faria isso se fosse você, o Bruno é um gato!

_Você não entendi... Eu não posso ficar com ele. Fomos criados juntos, juntos mesmo! Eu só vejo minha mãe no fim de semana, isso desde sempre, durante a semana eu moro na casa dele.

_E vocês juntos na mesma cama!? Quê? Eu gostaria de dormir na mesma cama que o seu bofe.

_Ele não é o meu bofe! Estou frustada e essa garota parece estar curtindo com a minha cara.

_Olha, agora é sério, não tem nada de errado, sei que parece tudo novo, deve ser estranho pra você e tals, mas é normal e totalmente compreensível, desencana. Ela sorri.

Como se fosse fácil...


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Espero que estejam gostando. Escrevo com muito carinho.

Obrigado a todos que leram e votaram.

E

stou meio sumido lá mas é porque estou com algumas coisas para resolver... Me desculpa!

Meu melhor amigo (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora