+16 | Flora Mendes foi um tipo de garota que enfrentou as frustrações da vida justamente quando tinha começado a viver. Os sonhos, as lembranças, as ideologias... tudo pelo o que tinha passado foi manchado pela falsa versão criada do amor. Ela era s...
“Oh, and I don't mean to be jealous It's just careless me, boy” — American boy, Little mix
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Na segunda-feira vou para faculdade preparada em ficar a tarde inteira na reunião de organização do festival. Festival o qual acontece todo ano juntamente com outras universidades da cidade pra arrecadar bens à caridade. Um dia divertido para família, com brincadeiras, shows e comida. Todo ano alguns alunos são escolhidos pra planejá-lo, nunca havia sido antes, na verdade nunca tinha ido antes, é minha primeira vez e estou um pouco nervosa. Sei que acontece apresentações bem legais, incluindo um show de talentos. Algo grande pelo o que percebi... preciso me dedicar, afinal é por um bom motivo. Hoje não irei ao trabalho, recebi o dia de folga pelo Sr. Montgomery quando o mesmo descobriu sobre semana passada. Me preocupei com meu emprego de início, mas ele me garantiu que estava tudo bem e que era apenas para superar o susto.
A minha aula em si passou tranquilamente, fiquei o tempo todo com Mia, ela era uma das organizadoras junto comigo, o que me tranquilizou de imediato.
— Você já tinha participado do evento? — pergunto enquanto tomamos café antes de ir para a reunião.
— Ah sim, ano retrasado me chamaram. É bem legal, mas nada muito incrível... sabe como é, essas coisas são mais pra formar uma imagem do que agir, entende? — responde com um tom de crítica. — Mas o bom é saber que muita gente é ajudado de fato, então permito-me organizar todas as vezes, mesmo sabendo que é trabalhoso.
Ficamos um tempo na mesa conversando e terminando de comer. Mia é uma pessoa muito engraçada, seu jeito espontâneo parece tornar tudo uma piada e é impossível não rir de quase perder o fôlego. Eu já tentei e não dá.
— Você vai na praia sexta à noite, né? — Mia me encara. — Parece que a festa vai ser bem legal e acho que será tipo um esquenta pro meu aniversário sábado!
— Não sei ainda... preciso ver como vou estar emocionalmente — rio ao respondê-la. — Prefiro guardar minha energia pra sua festa. Queria que a Brooke pudesse ir nas duas, mas ela vai viajar na manhã de sexta, então sei lá.
Prometo à ela que pensarei sobre a praia enquanto caminhamos até a reunião. A sala fica no outro campus em frente, muito maior que o nosso. Quando estamos nos aproximando da entrada avisto a galera do Straight Vodka batendo papo num banco. Jay me vê e acena antes de roubar o cigarro de Toby, no entanto Jasmine e Toby me analisam com um olhar bem parecido transmitindo-me uma sensação esquisita. Collin não parece me notar ao digitar no celular sentado de costas, até que vira a cabeça em minha direção me fazendo rapidamente desviar o olhar.
A reunião é interessante e suficiente pra esclarecer todas as minhas dúvidas, fico mais animada do que esperava para o planejamento. Aos poucos, o grupo de mais ou menos sete estudantes e cinco professores, concorda em alugar brinquedos infláveis e vários tipos de barracas com jogos como um grande parque de diversão. Me sinto um pouco cansada com a demora e uma vontade incontrolável de ir ao banheiro. Peço licença aos de mais e saio, ainda bem que restam apenas meia hora.
Quando estou lá fora, vejo que o banheiro fica do outro lado do corredor enorme, respiro e começo a atravessá-lo. Quase chegando no final, ouço uma leve música sendo tocada numa das salas, um ensaio provavelmente. Me aproximo do vidro da porta e vejo o pessoal da banda praticando. Eles arrasam... a voz do Jay é como um calmante em sintonia com a melodia, se encaixa perfeitamente. Todos aparentam estar muito concentrados e há mais pessoas na sala os observando. Collin está focado em sua guitarra com as bochechas rosadas e o cabelo suado à frente, sua pele brilha com a luz e ele parece energizado pela música. Neste momento, eles param de tocar pra um intervalo, o que me faz perceber que estou vigiando-os há um tempo. Envergonhada olho ao redor torcendo pra que ninguém tenha reparado no meu momento bisbilhoteiro e corro até o banheiro.
Assim que termino de lavar minhas mãos, me viro pra pegar papel e dou de cara com Jasmine.
— Meu Deus, que susto! — coloco a mão no peito tentando controlar minha respiração e a encaro. — Como entrou dessa forma?
— Entrei normal, como sempre faço. — sorri pra mim cinicamente. Ignoro meu subconsciente que insiste em compará-la com uma cobra. — Então, vi você nos assistindo... e, assim, tenho certeza que os meninos não falariam nada por serem educados ou bobões demais, mas não gostamos quando ficam olhando os nossos ensaios, somente gente envolvida na banda tem permissão. Como eu não sou educada, fui a única que tive coragem de avisar.
Gelo imediatamente, impossível explicar a vergonha que estou sentindo. Fiquei tão paralisada vendo cada detalhe... q-que perdi a noção, acho. Me sinto uma idiota de ter deixado eles repararem, tanto que não consigo controlar a raiva que me sobe por ser tão burra, ou talvez, por dar à Jasmine a experiência de me constranger, por isso nem penso ao respondê-la.
— Ah claro, e quem decidiu isso? Você? — dou uma risada sarcástica. — Fica tranquila Jasmine, o tempo que eu fiquei nem foi usado pra te observar, preferi olhar pessoas mais... hm, sabe como é, talentosas! — jogo o papel no lixo e ando em direção à saída.
— Como o Collin, não é? — detenho o passo respirando fundo para não retornar. — Sei como é.. difícil não prestar atenção naquele homem! Estou com ele diariamente, mas ainda não me acostumei com tamanha beleza, desculpe flor, você não é a única. Entendo você por se iludir, afinal ele consegue sem simpático e fofo com qualquer um, mas no seu caso é só por educação mesmo! Só eu consigo experimentar esse verdadeiro lado dele e no melhor lugar do mundo... na cama!
Isso é demais. Infelizmente meu gênio não tem paciência suficiente pra ignorá-la, eu odeio gente assim com todas as minhas forças! Meu instinto não consegue se segurar, por isso me viro encarando-a profundamente e falo a primeira coisa que me vem à mente:
— Você deve estar bem equivocada por achar que significa alguma coisa pra ele. Sinceramente, Collin tem coisa mais importante pra se preocupar, como por exemplo a filha dele, Alyssa! Então não tente se rebaixar dessa maneira só pra me provocar como se fosse a coisa mais gratificante do mundo. Eu estou pouco me lixando tanto pra você quanto pra ele. Desculpe-me você, flor... seu showzinho não funcionou.
Mal consigo raciocinar assim que disparo essas palavras, eu sou uma idiota imbecil e a cada dia que passa tenho mais certeza disso. Quando olho sua expressão e a vejo perdida por um segundo, me arrependo amargamente, mas se eu soubesse o que estava por vir...
— Filha? — me encara com um olhar sinistro. — Ah claro... E quem te contou sobre a Alyssa? Collin? Duvido muito... ele nunca falaria.
Espera. Ela a conhece?
— Eu conheci a Alyssa. Foi por acaso, sou sua professora! E como você sabe sobre ela? Pensei que ele guardasse em segredo...
Começo a ficar totalmente confusa. Será que todo mundo sabe?
— E ele guarda! — Jasmine responde carregando uma expressão de pena. — Já te falei, Flora... somos muito mais que amigos de banda. Fui a única que ele confiou e por isso contou. A situação é essa, se eu fosse você não se intrometia mais! Não é tão simples quanto parece...
— E por que diz isso? Ele ainda está com a mãe da menina? — não me seguro em perguntar.
— Não exatamente. Você não consegue entender? Esquece isso garota, cuida da sua vida... Eles não estão juntos de verdade, nunca estiveram, mas precisaram ficar pela filha. E relacionamentos abertos têm suas vantagens. — termina maliciosamente.
Saio de lá no mesmo minuto, me recuso a me envolver mais ainda nessa história. Minha vida já é complicada demais e de problemas quero distância.
