Capítulo 21

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"I know a fake love when I see it anyway"
—Entertainer, Zayn Malik

"I know a fake love when I see it anyway"—Entertainer, Zayn Malik

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— Pai... Estou pra te falar isso há um tempo, mas confesso que não sabia como.

— Filha, agora que eu já sei que envolve sua mãe, estou ficando mais assustado ainda...

— Desculpa, só estou com medo de piorar a situação. — falo com cuidado te encarando. — A gente não pode deixar que isso nos prejudique papai, não quero que o progresso do senhor seja alterado por isso...

— Não quero ser mais um problema pra você, querida! Nada disso tá certo, era você que devia me dar trabalho e não ao contrário. Eu tenho sorte por ter alguém tão preocupado comigo, mas detesto saber que a minha situação chega a esse ponto. — ele diz decepcionado.

— NÃO, pai! Não pense isso... o senhor não é problema nenhum, eu faço isso porque sou sua filha, porque eu te amo e porque você é meu melhor amigo. Nós sempre estaremos juntos nessa e tudo vai ficar bem!

Eu odeio vê-lo assim, odeio esse medo constante de nunca saber se vou encontrá-lo bem quando acordo, ou quando volto do trabalho ou quando saio rapidinho... é horrível. Com o tempo ele foi melhorando, tornando tudo muito mais fácil de lidar. Agora estamos correndo risco de novo, odeio essa sensação.
Passamos as duas últimas horas tomando café na cozinha e conversando sobre minha mãe. Explico o que ela falou, meu ponto de vista, todos os meus receios e que também, apesar das circunstâncias, nada mudará. Eu estou com ele e ele está comigo, sempre vai ser isso... é só o que precisamos.

— Ah, fica tranquilo. A gente pode muito bem inverter os papéis de vez em quando. — brinco querendo cortar o clima meio dramático enquanto caminho para lhe abraçar depois de encerrarmos a conversa. — Posso dar trabalho também, se quiser...

— Só pra manter a pose de um pai sério vou fingir que nem escutei... — ele debocha, mas sorri quando eu finalmente o abraço. — Seria muito irresponsável se eu também desejasse isso?

— Acho que sim, mas ninguém precisa saber!

— Tem razão... — beija minha testa.

Quando realmente terminamos, subo para meu banho depressa por já estar tarde. Fico o tempo todo pensando nesse assunto... eu sei que ele ficou chateado, não é fácil. Meu pai.. meus PAIS eram muito apaixonados, deve ser horrível o que ele sente. Doeu ver ele tentando disfarçar que não havia ficado magoado novamente, não quero que ele passe por aqueles dias terríveis outra vez. Não sei se aguentaria... sozinha.
Saio do banho e coloco um pijama bem fresco, abro minhas janelas pra ventilar o quarto e me deito na cama. Aproveito o momento pra mexer no celular e me atualizar nas redes sociais. Primeira coisa que vejo é uma postagem da mãe da Brooke. Seu marido de costas fazendo biscoitos recheados e Broo rindo ao lado com as bochechas sujas de farinha, é uma linda foto e me faz lembrar dos meus velhos momentos com a minha família. Faz tanto tempo...
Depois de alguns minutos gastos, encontro um story de Jasmine; no primeiro ela agradece o apoio no show de hoje através de uma foto tirada da plateia em cima do palco e no segundo mostra Collin todo sorridente tocando em sua guitarra — como se já não fosse tortura demais — escreveu "não sei o que eu acho mais bonito: ele ou a guitarra". Que perspicaz, não é mesmo?
Há um story adicionado recentemente pelo Jay também. Assim que abro, me deparo com uma imagem de Collin "ajudando" Jasmine a tocar. Me sinto enojada com o brilho no olhar dos dois e simplesmente bloqueio o celular. Sério mesmo Collin?
Sinto um sentimento estranho me atingir que não me agrada nem um pouco, por isso desligo tudo e me preparo para dormir. Talvez um bom sonho compense o dia desastroso.

Na manhã seguinte, saio de casa um pouco nervosa por causa da prova, mal toquei no minha comida e mal troquei palavras com papai. Só disso acontecer é motivo suficiente pra mais nervosismo... eu nunca recuso um café da manhã, principalmente com ele, posso dispensar qualquer refeição do dia, menos isso. Puxei ao Sr. Mendes, óbvio.
Notei uma diferença em seu humor assim que ele acordou, agora estou muito preocupada... estou prevendo uma recaída e não sei mais o que fazer.


(...)

Faço a prova em duas horas, saio mais cedo e o pessoal ainda está em aula, então nem vejo mais Broo ou Mia.
Como estou de carro aproveito pra fazer compras e rapidamente chego ao mercado. Quando termino ainda tenho tempo pra almoçar com papai, mando uma mensagem avisando e me apresso até em casa.

— Pai, será que o senhor pode me ajudar? Estou cheia de sacolas! —pergunto enquanto abro a porta. Levanto a cabeça e rapidamente congelo com a cena diante de mim. Só pode estar de brincadeira com a minha cara!

— Olá filha, estamos indo ajudar. —papai responde meio inseguro já prevendo o quanto estou puta.

— O que o Nick está fazendo aqui? — pergunto arqueando as sobrancelhas.

— Vim visitar seu pai, Flora. Faz muito tempo, queria saber se estava tudo bem. Sei que não quer essa aproximação, mas não acho que essa seja a melhor opção...

— Não cabe a você decidir o certo a se fazer! Não me intrometo na sua família, portanto pare de se intrometer na minha. — o interrompo sentindo meu corpo queimar de raiva.

— Flora, querida... não precisa disso! Que falta de educação. Nick sempre foi um amor de pessoa conosco, nunca nos destratou, sempre nos ajudava. Não sei se você se lembra filha, mas ele frequentava muito essa casa e acabamos fazendo amizade. — meu pai me repreende envergonhado. — Incluindo sua família... Pare por favor!

Idiota, idiota, idiota, idiota. Ele consegue enganar todo mundo com esse rosto de bom rapaz, mas ele é um babaca imbecil que estragou toda a minha vida e minhas lembranças. Sei que está fazendo isso para me testar, é exatamente o que Nick faz.
Olhar pra ele agora só me faz pensar o quanto fui burra de desperdiçar uma fase ótima ao seu lado... a humilhação, as mentiras, as brigas nada saudáveis que tínhamos... tudo foi tão desgastante e doentio quanto ele. E agora eu também pago por isso!

Nem percebo que havia saído até escutar o barulho da porta batendo com força. Minha respiração está ofegante e se mistura com a ventania que balança meu cabelo. Eu devia contar toda a verdade para o papai, desta forma ele veria que seu melhor e único genro não é nada amoroso.

— Flora! — uma voz ridícula me chama atrás. — Espere... Antes que você me ataque de todas as formas, só quero que saiba que eu realmente gosto, sempre gostei dos seus pais. Escute o que estou te falando morena... eu errei e desrespeitei todos vocês, mas nunca menti sobre meus sentimentos... nunca deixei de ser sincero em relação a isso! Amo você e amo sua família.

— Ah, por favor Nick! Eu não aguento ficar ouvindo isso, tem que ser muito cara de pau. Primeiro: pare de me chamar de morena, não sei se percebeu mas você perdeu esse direito há anos. Segundo: Poupe-me meus ouvidos com sua explicação ensaiada e terceiro: pare de falar que me ama... se realmente não mentisse, nada daquilo teria acontecido. Você nunca me amou, só criou uma bolha pra eu poder viver. Mas não sou mais aquela menina, então me deixe em paz. Eu não te amo e nunca te amarei de novo, entenda de uma vez!

— Quem criou a porra dessa bolha foi você, só você! E se realmente não fosse mais aquela menininha teria seguido em frente, coisa que você não faz. — ele responde mostrando quem é de verdade. — Só fica colocando a culpa em mim pra justificar o desastre que a sua vida é... mas nós dois sabemos que o grande culpado é você, não é mesmo Flora? Ainda está vivendo na bolha por vontade própria, não por minha. Só é burra demais pra perceber...

Não respondo mais nada. Não consigo. É isso que ele consegue fazer comigo, o que sempre fez comigo... faz sentir-me uma idiota incapaz de tudo, uma pessoa frágil. Eu não me sentia assim há muito tempo e é só questão de Nick aparecer pra mudar esse fato.
Apenas o que faço é observar com as unhas cravadas em minha mão ele indo embora com um sorriso cínico no rosto.

Broken heartsOnde histórias criam vida. Descubra agora