Quando eu disse que amei - Felipe (Parte Final)

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- Após chegar ao trabalho, fiquei com ele fixo em minha cabeça, quase não consegui me concentrar nos meus deveres diários, parecia que me passava um incomodo tremendo no peito, depois do expediente, fui para casa dele o mais rápido possível, e já com um sensação inquietante fui chegando a casa dele e de longe avistei Lucia, a prima dele, que tinham um vínculo de amizade bem forte, ao me ver logo perguntou-me dele, e eu respondi que não sabia, que deveria estar em casa, pois já havia passado do horário de trabalho, ela me questionou sobre o lugar onde ele estava trabalhando, e eu apenas afirmei o que ele me disse, que estava vinculado a uma empresa de entregas de volumes, como uma espécie de Correios ou algo assim, onde estava temporariamente, ela me disse que ele havia ligado para ela no fim da manhã, dizendo que se algo lhe acontecesse que por favor ela ajudasse a mãe e a irmã dele, aquilo já me deixou muito aflito, ele havia me dito que não poderia usar celular durante o expediente, por isso não havíamos nos falado durante todo o dia, e por quê de tudo isso que ele afirmou a ela, eu já estava muito nervoso, peguei o celular no bolso e passei a ligar para ele, porém, o celular apenas caia na caixa postal da operadora, liguei inúmeras vezes até tentar falar com ele, mas não tive resposta alguma, horas se passaram, ele não apareceu, o celular ainda não chamava, e eu estava desesperado, logo a irmão dele chegou junto com o pai dele, ambos viram nossa reação e perguntaram o que se passava, não quis alarmá-los, e expliquei da melhor maneira o que estava acontecendo, e cada minuto que passava, e a falta de contato e de informação, nos deixava mais angustiados ainda, e assim foi a noite inteira, eu ligava, não atendia, olhava na frente da casa, e nada, ninguém sabia ou tinha visto, amanheceu e eu estava sem dormir e sem saber o que fazer.

- Logo cedo saí pelas ruas perguntando sobre ele, ninguém sabia, até que um dos meninos que jogava bola no campinho bem próximo disse que viu ele passar de moto antes de às nove da manhã, ele entraria às oito no trabalho, logo fiquei mais intrigado ainda, e durante o resto do dia mais nenhuma informação eu consegui, a noite o pai dele já estava bêbado e irmã estava na casa de Lucia, ela já havia passado o dia cuidando de minha sogra no hospital, ele era a única que ainda não sabia o que se passava com o filho, eu então resolvi voltar para casa aquela noite, já estava extremamente cansado, não sabia o que fazer, já havia falado com vários amigos, e nada, liguei para o antigo trabalho dele e nada, até que um dia meu sogro resolveu postar em redes sociais sobre o desaparecimento de Felipe, no mesmo dia disseram a minha sogra que já sabia que havia algo muito errado, ela já estava tento uma melhora significativa, querendo sair o mais rápido possível do hospital para encontrá-lo; e assim passamos uma semana sem nenhuma notícia, até que numa sexta Lucia me ligou pela manhã, dizendo que haviam localizado ele, que uma amiga dela, teria o visto em um bairro um pouco distante, então prontamente fomos até lá, sem alarmar ninguém antes de ter certeza, ficamos próximo do local indicado, até que de fato ele apareceu, com capacete em mãos, pronto para sair na moto que estava logo em frente, eu gritei seu nome do outro lado da rua, ele se assustou, montou na moto e ligou, eu corri para a frente dele, que disse que eu deveria ir embora dali o mais rápido possível, pedi que ele me dissesse o que estava acontecendo, o porquê de ele ter sumido desse jeito, um cara apareceu no portão da casa de onde ele havia aparecido, dizendo que não podia atrasar, ele disse que já estava indo, eu perguntei pra onde, ele pediu pra que eu subisse na moto, falei pra Lucia ir para casa e depois disse que explicaríamos tudo, ele disse pra ela ter calma e esperar em casa, poucos metros dali ele parou a moto e disse que eu descesse, me disse que me amava, mas que precisava de mais uns dias para resolver os problemas que estava passando, me deu um beijo e foi embora, em fiquei completamente sem ação.

- Cheguei em casa de tarde, refletindo sobre tudo isso, minha cabeça estava a mil, meu celular tocou, era ele, dizendo que estava em frente a meu prédio, corri e desci, vi ele em cima da moto, abracei ele, e disse que por favor não se fosse mais, ele prometeu que era a última noite, eu implorei que me dissesse o que estava rolando, ele me contou que para juntar o dinheiro acabou se envolvendo em um campo perigoso, venda de drogas, aquilo me deixou extremamente chocado, mas logo após me dizer ele começou a chorar, e eu chorei junto com ele, abracei-o com toda força, e pedi por favor que parasse com aquilo, ele disse que acabou perdendo uma carga, e ficou com uma dívida que precisava pagar, ele não me disse o valor que seria, eu disse que ajudaria a pagar, faria um empréstimo ou algo assim, ele disse que não, que tudo se resolveria aquela noite, que nunca mais se envolveria naquilo, sem me dizer do que se tratava ou o que iria fazer, me abraçou e pediu pra que esperasse seu retorno, voltei para casa e aguardei, ele me ligou novamente já a noite, pediu que eu fosse até uma praça no centro da cidade para encontrá-lo, peguei um táxi e fui o mais rápido que pude, logo o achei estava sempre lindo, com aqueles olhos que me mostravam o mundo, ele saiu da moto me abraçou pela cintura e disse que tudo estava resolvido, e que poderíamos voltar pra casa, ao longe ou alguém gritar, " - dedo duro morre cedo", logo depois um estrondo alto se repetiu três vezes, eu caí ao chão, e sobre mim Felipe, ouvia vozes e gritos ao nosso redor, eu estava tonto e com um zumbido no ouvido, após alguns segundos, me espantei e ainda deitado olhei para o lado e lá estava ele, já haviam tirado ele sobre mim, tremendo me virei chamado por seu nome, e não me respondia, estava desacordado, passei a mão no rosto dele, e disse "- amor, acorda, o que está aconteceu", eu não conseguia ouvir as pessoas que estavam em nossa volta, mas via todos preocupados, e minha audição voltando ouvi alguém dizer, " - atiraram nele pelas costas", foi quando me levantei em desespero, e vi as marcas de sangue nele, que estava com uma camisa azul clara, me ajoelhei, a comecei a sacudi-lo, num ato desesperado para reanimá-lo, as pessoas diziam que não tinha mais jeito, que socorro estava a caminho, meu peito estava sem ar, deitei ao chão novamente, com lagrimas que saiam involuntariamente dos meus olhos, e olhando para o rosto dele, pedi que não me deixasse, comecei a fazer carinho na barba dele, o que ele mais amava, dizendo que no céu ninguém faria um carinho como o meu, mas ele já não me ouvia mais, abracei ele pondo meu peito junto ao dele, pra ele sentir meu coração, e dele não sentia mais nada, eu não sentia mais

- Doeu tanto meu coração quando ele se foi, que parecia que cada lágrima que saia dos meus olhos rasgara a minha pele, ele era tão gentil e tão bonito, um amor que dê certo jamais haverá de ter outro, eu queria tanto ele aqui, mas ele precisava se encontrar, a minha mão estava aqui para que ele a segurasse nela, mas por um segundo quando largou, eu o perdi para toda minha vida.

- Houve uma investigação que apontou os culpados, seriam dois dos capangas do "chefão" que Felipe decidiu entregar à polícia que desbancou o contrabando deles, e mesmo assim, o pai dele ainda me culpou por muito tempo pelo ocorrido, isso foi quase insuportável pra mim que o amava tanto é não queria perdê-lo, minha ex-sogra conseguiu recuperar-se e saiu do hospital, mas jamais vai superar a dor de perdê-lo, Lúcia continuo a cuidar da irmã mais nova dele, a qual mantenho contato até então, depois de muita luta judicial por justiça, e cansar por nada ser feito, decidiram se mudar e recomeçar de um outro jeito e em outro lugar; eu tive que tentar segui em frente, mesmo com uma dor invisível e sempre presente.

Fim!
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