Capítulo 1 - A grande recaída

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Uma lágrima cai escorrendo entre os vidros, estes estão com uma aparência mais amarelada, mais antiga. O mesmo salão de antes, porém... agora aos cantos a visão se encontra com teias, as aranhas pegavam agora o seu "almoço" que se baseia nos insetos que passeavam pelas paredes, irônicamente caminhavam para sua morte.

A mesma garota, o mesmo cenário mas tudo em um tom "descolorido", em um clima mais nublado e deprimente.

A pobre Iris agora sozinha no presente, relembrava as lembranças que estão tão bem fixadas em sua memória. Apesar de ter se passado anos desde o "acidente" de sua mãe.

Ela toca sutilmente o único consolo deixado por sua amada que se foi sem prévia e sem aviso, deixando-a desamparada e sozinha diante de uma responsabilidade que ela nunca esteve pronta para se comprometer, o de assumir o seu lugar no trono.

Agora podemos ver que a pequena aprendiz, cresceu e pôs a tomar o banco que antes custumava ser de sua professora. Ela toca perfeitamente bem, igualzinha sua mãe, porém... Não há um sorriso belo em seu rosto,muito menos a postura perfeita e elegante da bela moça.

Apenas um olhar desolado e abatido, o vazio dos seus olhos se assemelham ao salão abandonado que ela se encontra, suas lágrimas não cessam mas não há soluços ou lamentações. Suas mãos trêmulas permanecem em "dó", seus dedos tentam por vezes encontrar um caminho, uma nota que expressasse o que ela está sentindo... mas em vão.

-Você nunca havia me dito... que iria desaparecer desta forma.

Os pés fracos param de pisar no pedal repentinamente, fazendo o vidro parar de girar, seus dedos se retiram, fechados em um punho, ela cruza os braços colocando-os apoiados na beirada do instrumento, aos poucos o seu corpo lentamente se esgueira para baixo, por fim sua cabeça repousa.

Não é a primeira vez que Iris tentou tocar algo para sua mãe, essa busca por compôr uma música perfeita, que retratasse o que ela de fato sente e o que ela gostaria de ter dito... é quase impossível.

Tudo está vazio, não há música que descreva esse sentimento tão amargo de está só... Do que o próprio silêncio.


Alguém bate na porta interrompendo seus pensamentos e lamentos, rápidamente a mesma limpa suas lágrimas, afirmando a entrada.

-Com licença, Princesa? ¬O elegante Edward, o mordomo e braço direito do rei, abre a porta a chamando.

-Sim? ¬Ela vira parcialmente o corpo, o suficiente para que ela pudesse o enchergar.

Suas vestias são as de sempre, um palitó preto antigo com uma camisa de botões branca, esta contrasta perfeitamente com seus cabelos grisalhos, um monóculo dourado e o seu famoso relógio de bolso, este do qual nunca se separa.

O que mais impressiona na aparência de Edward, é que apesar de sua idade, um pouco avançada, o seu rosto permanece bem conservado, como se o tempo tivesse parado para ele nos 30.


Ele prossegue o aviso;


-O rei a chama!

Ao ouvir isto, Iris franze a testa, fazendo uma expressão de nítida raiva.

-Diga que estou ocupada! ¬Antes que se virase, Edward interrompe.

-Perdão mas... O rei parece um pouco agitado, aparentemente é urgente.

Coração de Vidro (Em Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora