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Book Trailler ↑


Pode ser complicado, mas não é impossível.】

Sempre sonhei em ser psicóloga e poder ajudar as pessoas que necessitam de ajuda seja de que maneira for.
Lembro-me quando foi a primeira vez que me perguntaram qual era a minha profissão dos sonhos e eu logo respondi - sem hesitar - "psicóloga".

Quando entrei para a universidade e decidi que queria isto para a minha vida nunca pensei gostar tanto desta maravilhosa profissão.
Quando estava ainda a estudar, sempre imaginava no dia em que realmente iria trabalhar, e quando isso acontecia o meu coração parecia que queria sair do meu peito e eu sabia o quão feliz esta profissão me ia fazer.

"Bom dia Doutora Kylie o Doutor Paul já lhe trás os documentos do seu novo paciente." Liz, a secretária do hospital psiquiátrico, fala dando um leve sorriso e senta-se na sua cadeira preta aparentemente nova.

Assinto dando um leve sorriso também e sento-me numa das cadeiras cinzentas posicionadas ao lado de uma máquina de café disponível na sala de espera.

Olho para a sala de espera e vejo a dor e sofrimento no rosto de algumas pessoas e isso corta-me o coração mas infelizmente eu não posso ajudar, tenho uma pessoa que precisa da minha ajuda e eu tenho que me focar nisso!

"Doutora Kylie que bom vê-la." Paul tira-me dos meus pensamentos chegando perto de mim.

O seu corpo magro, vestido com uma bata branca e um crachá azul - com o seu nome - é avistado por mim e logo me levanto apertando a mão que ele havia estendido para mim em forma de saudação.

Caminho atrás dele quando este me dá indicação para o fazer e vamos percorrendo vários consultórios até chegar ao consultório certo. O hospital é todo branco incluindo a decoração o que me faz uma certa confusão.
Nunca gostei de lugares assim, sei lá, talvez seja uma mania minha.

"Sente-se, fique á vontade." Ele diz sentando-se na sua cadeira em frente ao computador e rodando a mesma enquanto olha para mim.

Ele estende-me uns papéis com o suposto paciente que eu irei ajudar ou pelo menos tentar, visto que é o meu trabalho.
Pego nos papéis e olho para tudo com bastante atenção. Paul tem um sorriso no rosto e digamos que eu quase aposto que ele não quer que eu fique com este caso, talvez já havia pensado noutra pessoa para ficar com ele.

Jack Gilinsky, 25 anos.

"Ok, quando posso ir vê-lo e começar com o meu trabalho?" Falo quando acabo de ler a ficha do rapaz e então vejo que nenhuma foto havia sido afixada.

"Isso quer dizer que vai ficar com o caso dele?" Pergunta dando um leve sorriso e então assinto pousando as folhas em cima da mesa de vidro do seu consultório.

"Estou aqui para ajudar seja quem for, é um caso complicado mas não impossível de resolver." Falo decidida e ele escreve algo no seu computador e volta a encarar-me.

"Ele está numa casa de ajuda, ele é toxicodependente para além de ter problemas graves de depressão e ansiedade." Ele fala e eu assinto esperando ele continuar com o seu raciocínio e me responda á minha pergunta anteriormente feita. "Pode ir vê-lo assim que quiser, quem pediu a sua ajuda foi a mãe dele que referiu já ter sido ajudada por si."

"Sim, é possível, já ajudei imensa gente então possivelmente sim." Encolho os ombros e olho para o relógio pendurado atrás da sua secretária. "Na parte da tarde eu irei vê-lo." Anuncío e então levanto-me.

Despedimos-nos e saio do seu consultório com os papéis na mão andando até á saída do hospital.
O vento bate contra o meu rosto e eu dou um leve sorriso e nesse exato momento o meu telemóvel toca e eu tiro-o da minha mala preta - que havia ganho no meu aniversário de 20 anos mas que raramente a uso - .
Vejo que a minha melhor amiga decidiu tirar o dia para me chatear - como sempre - opto por atender antes que ela decidisse desligar.

"Eu estou a sair do hospital, vai ter a minha casa que eu já estou a ir para lá." Falo mal atendo e ela apenas diz um ok e desliga.

Chego ao meu carro e destranco o mesmo entrando logo de seguida e pondo os papéis e a minha mala no banco do lado, fecho a porta e coloco o cinto enquanto ligo o carro e arranco com o mesmo logo de seguida.

A viagem não demora muito tempo e em 15 minutos eu já consigo avistar a minha casa. Ainda vivo com os meus pais, sim eu com 23 anos devia de já ter uma casa e uma vida sozinha mas os meus pais não me querem deixar ir embora e eu também não vejo necessidade disso, não agora.

"Filha, saís-te tão cedo nem dei por teres ido." A minha mãe fala quando eu entro em casa e coloco as chaves no pequeno móvel de mármore.

"Tive que tratar de uns problemas." Apenas falo e dou-lhe um beijo na testa e é aí que percebo a minha melhor amiga atrás da minha progenitora.

Anabelle está a comer um biscoito feito pela minha mãe e está com um expressão de total felicidade, os biscoitos da minha mãe são os melhores.

"Vamos subir porque sei que tens algo para me contar." Eu falo enquanto dou uma leve gargalhada e a minha mãe vai para a cozinha.

"Mãe, a Ana almoça aqui, ela é muito fã dos seus cozinhados." Eu falo enquanto subo as escadas e ouço uma gargalhada rouca da minha mãe.

Abro a porta do meu quarto e vejo que ele foi limpo á alguns minutos atrás pois tem o cheiro suave a detergente. A minha mãe e as suas manias com a limpeza.

"Foste saber quem é o teu novo paciente?" Anabelle fala já sentada na minha cama e eu dou um sorriso assentindo apenas e então coloco os papéis em cima da minha secretária.

As conversas que eu tenho com os meus pacientes são totalmente confidenciais mas a Ana ajuda-me imenso quando o dia é desgastante.

"É um rapaz que tem problemas sérios e podem vir a ser demasiado graves." Apenas adianto e ela balança a cabeça. "Logo vou visitá-lo a um centro de ajuda."

Ela não faz qualquer tipo de pergunta e eu agradeço mentalmente por isso pois são coisas do meu trabalho e que não dizem respeito somente a mim.

"Bem..." Ela começa e eu olho para ela pedindo para que continue. "Consegui entrar para o curso de fotografia que eu tanto desejava." Anabelle completa com um enorme sorriso.

Curso de fotografia sempre foi o grande sonho da Ana e eu sei o quão feliz ela está com isto. Lembro-me quando consegui entrar no curso de psicologia - uma das melhores memórias em toda a minha vida.

"Eu estou tão feliz por ti." Caminho até ela e abraço-a com uma certa força e acabo por gargalhar. "Logo vamos comemorar."

"Jantarada e um passeio pela praia." Ela sugere e eu - logicamente - concordo.

Ela sabe como eu gosto de passear pela praia, fazemos isso várias vezes.
O barulho do mar acalma-me parece que lá tudo é perfeito e os problemas são esquecidos.

"Sabes que idade ele tem?" Ela pergunta - enquanto caminha até á minha enorme varanda - e pelo olhar que faz sei que não vem coisa boa.

"Ele é apenas meu paciente, apenas Ana." Falo enquanto pego no meu computador e caminho até á minha cama.

Anabelle gargalha - talvez pela minha resposta - . Ela tem problemas graves e a sua gargalhada é contagiante.
Nunca vi a Ana triste, mesmo depois de muita coisa acontecer na sua vida.

"Sabes que pode ser o teu grande amor." A minha melhor amiga enlouquece de vez e desta vez sou eu quem gargalha.

"Acho que quem está a ficar doida és tu." Olho para o meu computador quando sinto uma almofada bater contra o meu rosto. "Ai é assim?" Coloco o telemóvel na secretaria e atiro-lhe a almofada.

Passámos o tempo no meio de risadas e almofadas a voar contra o rosto uma da outra e este momento até me fez esquecer o nervosismo que eu tinha para logo á tarde - onde eu ia conhecer um dos piores casos em toda a minha vida profissional -.

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Promise Me | J.G | FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora