sete :: the end

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P.O.V. Jungkook

Os lamúrios foram o que me acordaram. Quando olhei para o lado, vi Jimin chorando em meus braços.

— Amor? Jimin? O que houve? — falei baixinho, ainda grogue de sono, mas no fundo eu queria me desesperar. Ainda que eu soubesse que ele era humano e ficava triste e assustado, eu tinha essa vontade de insana de só vê-lo feliz.

Ele não me respondeu e eu me dei conta de que estava dormindo. Tendo um pesadelo, para ser mais exato. Seus pequenos dedos agarraram minha camisa quando uma lágrima silenciosa escapou do canto de seu olho. Como se controlava essa ânsia de protegê-lo do mundo inteiro? De abraçá-lo e poder afastar todas as suas dores? Não tinha como, e aquilo me frustrava mais do que deveria.

Levei minha mão até sua bochecha e chamei seu nome novamente. Quando ele acordou de supetão e me olhou apavorado, com aqueles grandes olhos tristes, eu o puxei mais para perto, tentando inutilmente passar a dor dele para mim. "Você não pode sofrer", era o que queria dizer, mas perdi a fala ao ouvir seus soluços.

Jimin se pressionou contra mim, em um emaranhado de pernas, braços e respirações descompassadas e afundou o rosto na curva do meu pescoço.

— Jungkook. — Senti que ele disse meu nome simplesmente por dizer, como se para confirmar em voz alta que eu estava ali.

Não saber porque ele estava sofrendo era pior do que vê-lo naquele estado, então acariciei suas costas com minhas mãos para levá-lo alguma espécie de conforto e calor.

— Por que está chorando? — perguntei, fingindo ser o forte da relação, quando eu só queria chorar junto com ele sem motivo aparente.

Lembrei-me da noite em que nos confessamos um para o outro. Foram suas lágrimas que arrancaram as palavras de mim, porque a ideia de estar o fazendo sofrer era mais insuportável que o medo das consequências de amá-lo. A verdade era que, pouco tempo depois, eu descobri que amá-lo só tinha consequências boas; era o resto de mundo que não prestava.

Jimin esperou os soluços diminuírem para me responder.

— Eu sonhei que... você estava... estava se casando com Hae Sook. — Todos os meus músculos tensionaram. Ele não olhava para mim, mantinha o rosto escondido. — Você me dizia que era a melhor opção. Que ficar com uma mulher seria melhor, mais bem visto... mais suportável para as pessoas ao nosso redor.

Era aquele tipo de medo que ele sentia? De que eu o abandonaria por sermos dois homens? Ah, não. Era tudo culpa minha. Eu mantinha tudo em segredo, com receio de opiniões que nem importavam. Eu era um monstro. Estava fazendo aquilo com a cabeça dele, implantando os medos mais cruéis simplesmente porque eu era covarde demais. Do mesmo jeito que fui covarde ao ignorar minha paixão por semanas, ao gritar com ele na noite que soube da gravidez de Sook, ao desconversar quando ele discretamente perguntava se podíamos jantar com meus amigos. Minha fraqueza estava fazendo ele sentir dor. Meu Deus, o que eu estava fazendo?

Apertei ainda mais o abraço, até o ponto dele reclamar com leves gemidos.

— Me perdoa. Eu sou um covarde. Eu te amo muito, Jimin. Mais do que você acha, mais do que eu te digo. Eu nunca quis que você achasse que eu podia te largar por algo mais aceitável socialmente. Nossa relação é uma das coisas mais preciosas da minha vida. Eu sinto muito que não esteja mostrando isso para você ou para o mundo. Eu errei. Me perdoa, por favor. Eu vou mudar, vou fazer melhor. Mas não desiste de mim. Eu não sei o que eu faria sem sua amizade, sem seu amor, sem seus carinhos. Não dá para sobreviver à sua perda.

Ofeguei. Eu tinha falado tudo de uma vez sem respirar, desesperado para contar as ansiedades do meu coração antes que fosse tarde demais, antes que ele saísse por aquela porta e nunca mais voltasse. Como no dia em que gritei com ele e o vi se afastando, sumindo da minha vista. Eu achei que alguém tinha arrancado meu coração fora. Não queria sentir aquilo de novo, nunca mais.

Jimin se afastou, tentando me olhar nos olhos. Contra minhas expectativas, ele estava somente surpreso. Abriu a boca para falar. Eu achei que ele diria que não era culpa minha, que a culpa era dele, e aquilo iria virar uma discussão eterna sobre quem estava errado. Mas não.

— Promete para mim que a gente vai ser melhor do que isso? — ele disse. — Que vamos finalmente acreditar que nosso amor é mais valioso que nossos medos e paranoias?

Nem hesitei.

— Sim, prometo.

— Eu também prometo.

Ainda era difícil acreditar que ele estava nos meus braços, que aquele homem maravilhoso era só meu e que apenas eu era sua intimidade mais bela.

Vi Jimin abaixando os olhos, talvez duvidando de si mesmo, ou pior, de mim. Prometer era fácil, cumprir a promessa podia se tornar um peso. Por isso, eu ia fazer com que ele nunca mais duvidasse.

Virei nossos corpos e me sentei sobre ele. Jimin me encarou com olhos arregalados.

— O que está fazendo?

Não consegui conter um pequeno sorriso de lado e usei minhas mãos para responder sua pergunta. Levei os dedos até o botões do seu pijama e comecei a abrir um por um. Não demorou para que ele percebesse o que eu queria e toda sua confusão foi substituída por desejo. Afastei o tecido e admirei o que tinha por baixo. Ele era lindo demais para que eu permanecesse são à sua frente. Toquei seu abdômen definido, fazendo os contornos com as pontas dos dedos e levando arrepios para seu corpo inteiro. Senti-o apertando as minhas coxas, ansioso para me tocar também.

Quando voltei a olhar em seus olhos, vi fogo e adoração. Ah, que se foda a calma! Ataquei sua boca com a minha apenas para sentir seu gosto, do qual eu sentia tanta falta o tempo todo. Às vezes, quase parecia que eu estava obcecado por ele, mas era apenas a paixão fluindo e correndo pelas minhas veias. Nem precisava fazer sentido, eu só precisava dele.

Levantei-me apressado e fui direto para a gaveta da mesa de cabeceira, onde guardávamos o lubrificante e as camisinhas. Olhei para ele enquanto pegava as coisas, e Jimin começou a tirar a roupa antes que voltasse. Quando ajoelhei-me na cama, ele me ajudou a tirar as minhas roupas e ainda fez questão de colocar a camisinha em mim de uma forma que meu corpo todo estremeceu. Só o que eu precisei para perder todo o controle foi ver ele mordendo o lábio e apertando o lençol com os dedos quando eu derramei lubrificante na minha mão bem explicitamente.

Em questão de segundos, eu já estava invadindo ele com os dedos. Bem, invadindo nem era a palavra certa, porque eu sabia que tinha sua total permissão. Eu ainda não estava sentindo prazer, mas olhá-lo revirando os olhos com poucos movimentos dos meus dedos me fazia sentir de uma forma que acontecia poucas vezes na vida. Era intenso demais para aguentar. Despertava meu lado mais impaciente, mais instintivo. Como se, aos poucos, eu estivesse perdendo o controle de mim.

Jimin gemia de uma forma manhosa que enlouquecia meus ouvidos. Cansado de esperar, tirei meus dedos e me abracei a ele, nos fundindo de uma forma que era ao mesmo tempo completamente imoral e completamente pura. Ele arranhou minhas costas como costumava fazer e eu já estava começando a associar aquela pequena ardência na pele aos melhores momentos do meu dia.

Toda vez que eu me movia, um "eu te amo" saia da minha boca. Não podia ler os pensamentos de Jimin, mas, só pela expressão que ele me mostrava, percebi que eu estava judiando dele da forma mais maravilhosa possível. Era capaz matar alguém de amor? Porque era isso que ele estava prestes a fazer comigo.

— Jungkook...

Eu adorava quando ele dizia meu nome. Fazia um pequeno bico com os lábios, como se estivesse esperando por um beijo.

Passei a me mover mais rápido, o prazer explodindo meu cérebro.

— Eu te amo — ofeguei. — Eu te amo demais. Jimin, meu amor.

Podia não ser para sempre. Podia acabar em um mês ou um ano. Mas, ao menos, eu tinha ele hoje e isso era ser o suficiente. Porque nenhum medo do futuro tinha o direito de ser maior do que o amor que eu via em seus olhos.

Ele gozou primeiro que eu, se contraindo e se apertando todo, o que era só o que eu precisava para derreter também. Deitamos um ao lado do outro, e com aquela onda de êxtase ainda nos fazendo brilhar, sorrimos. Meu rosto estava vermelho, a pele suada e a respiração ofegante, mas, quando ele segurou minha mão e disse "Também te amo", eu era o homem mais feliz do mundo.

incontrolavelmente ; jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora