Como Ir Para O Inferno (EM ANDAMENTO)

2. Onde Você Esteve Esse Tempo Todo!?

A enorme porta de madeira escura da sala do padre Marechal se abre. João aparece empurrando-a, caminha até um grande banco retangular de madeira em frente à sala e se senta.

A madre superiora aparece na porta.

-Ligaremos para seus pais. Eles decidirão oque fazer com você. -Disse madre Beth de forma fria e cruel para João, como sempre, lançando seu olhar de menosprezo.

A porta se fecha.

O corredor estava silencioso. Aliás, como quase todos os corredores daquele internato que João tanto odiava.

O recém-encrencado abaixou a cabeça e levou as mãos até os cabelos castanhos e encaracolados.

João escutou uma voz masculina ao seu lado:

-Ela é uma vadia mesmo.

João levou seu olhar junto com a cabeça na direção da voz.

Havia um garoto sentado à sua esquerda. Ele estava lá quando João saíra da sala?

-Realmente, é uma vadia. -Concordou.

João analisou o garoto de cima à baixo. Usava uma blusa branca de mangas curtas, uma calça jeans azul-clara, e um par de tênis vermelho. Seus cabelos eram lisos, curtos e escuros. Não que João tenha reparado, mas os lábios do desconhecido eram carnudos e avermelhados.

João reparou que havia uma mancha rosa na barra da camisa do outro, bem próxima do zíper do seu jeans. Aquela mancha parecia... batom?

O desconhecido reparou que João estava olhando.

-Vai ficar só olhando a banana ou vai tirar a casca?

João se assustou com as palavras do garoto de cabelos escuros. Tanto que arregalou os olhos. Desviou o olhar para os olhos do outro.

-Como é!? -Disse João em alto tom.

-Calma, eu to brincando, cara.

A porta da sala do padre se abre, os dois ocupantes do banco olham para a entrada e madre Beth aparece.

-Daniel -Diz a madre. -O padre Marechal o aguarda.

Então esse é o nome dele, pensou João, Daniel.

Daniel ergue-se do banco e caminha em direção à sala.

-Pervertido. -Sussurrou a madre para Daniel enquanto o mesmo passava na sua frente adentrando a sala.

João se levanta e caminha rumo ao corredor vazio e silencioso.

Daniel se senta numa cadeira de madeira. A mesma cadeira que João estava sentado há poucos minutos, e à sua frente estava sentado o padre Marechal.

-Daniel... -Começa o padre. -Essa não é a primeira e creio que nem seja a última vez que você é flagrado fazendo essas... essas coisas.

-Você faz coisas piores, padre. -Comenta Daniel.

O padre Marechal leva sua cabeça até a madre superiora que se prostava de pé atrás da cadeira que Daniel estava sentado.

-Madre, por favor, pode nos dar licença?

-Claro, padre Marechal. -Responde a madre em um tom serio e severo. Dito isso, a madre dá meia volta e se retira da sala, deixando Daniel e Marechal a sós.

-Por que nao escolheu um lugar mais escondido, Daniel? Qualquer dia a madre superiora ou uma de nossas freiras podem chamar os seus pais. -O padre joga suas costas na cadeira de couro e madeira. -Se bem que não seria tão ruim assim.