1. Atividade Diferente

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-João!! -Os gritos da madre superiora ecoavam no corredor do internato. -Você vai me acompanhar até a sala do padre!

-Por acaso a senhora se refere ao velho pedófilo? -Debocha João.

A madre superiora anda com passos firmes até João e agarra seu braço direito.

-Estou cansada dessas suas atitudes, João!

As crianças da sala 23 (todas com cerca de 9 a 10 anos) observavam a cena sentadas em suas carteiras, imóveis.

*Meia Hora Antes...

Lá estava a madre superiora, andando pelos corredores do Internato Santa Luzia com passos leves porém barulhentos por conta da sola de sua sapatilha, cada passo que dava se ouvia um *tock* no silencioso corredor do terceiro andar.

A madre superiora se aproxima da porta da sala 23 e abre. Se depara com todas as crianças sentadas em suas carteiras fazendo algum exercício do livro.

-Posso ajudar, madre Beth? -Pergunta uma loira que está sentada atrás de uma enorme mesa de frente para todos os alunos.

-O padre está te chamando na sala dele. -Responde a madre superiora lançando um olhar frio para a loira.

A loira se levanta, anuncia para os alunos continuarem a atividade e se retira da sala.

-Professora Regina.

A loira para de frente para a madre.

-Sim, madre Be...-

-Madre superiora

Madre Beth olhava com extrema frieza para Regina, como se a loira não passasse de um inseto ou algo mais desprezível.

-Nao sou uma de suas coleguinhas, professora Regina. Peço que me trate com respeito.

Regina mirava os olhos da madre superiora com uma expressão de "Quem é você na fila do pão, querida?".

Regina se deculpa com um "deculpe-me" que mais soara como um sussurro, em seguida se vira e sai andando pelo enorme corredor.

João estava na sala 28, bem em frente a sala 23. Estava matando aula. A sala 28 estava tendo uma aula ao ar livre, portanto a sala estava vazia.

Ele espreitava a porta e vira toda a cena diante dos seus olhos.

A madre superiora sai andando pelo corredor e desce as escadas.

João sai da sala e caminha rumo a sala 23.

Não podia resistir. Tinha que fazer isso.

Ele abre a porta e vê todas a criançada com a cara no livro de atividades infantis, outras conversavam.

-Benção, crianças -Ele queria parecer o mais cristão o possível.

Todas as crianças pararam oque estavam fazendo e miraram o garoto.

Ele vestia uma calça jeans, uma blusa branca sem mangas com um casaco de couro preto e fones de ouvido brancos pendurados nos ombros.

-Quem é você? -Pergunta uma garotinha de cabelos escuros.

-Eu me chamo João. A professora Regina me mandou aqui pra ficar de olho em vocês. Ela vai demorar um pouco. Enquanto isso, que tal fazermos uma atividade?

João caminhou até o armário branco de metal no fundo da sala (Todas as salas tinha um) abriu o armário e tirou de dentro um pacote de plástico com cem folhas A4. Juntas elas pareciam um grande bloco de notas plastificado.

O garoto rodou a sala distribuindo uma folha para cada aluno.

-Hoje vamos fazer uma coisa diferente.

Após terminar de entregar a ultima folha, João se enconstou na enorme mesa da professora.

-Vocês com certeza conhecem Lúcifer, o anjo caído. O primeiro demônio, certo? -Todos fizeram que sim com a cabeça. -Bem, além dele, existem outros demônios.

João apontou para uma garotinha de cabelos curtos e escuros.

-Você. Qual o seu nome, meu anjo?

-Helena. -Respondeu a garota.

-Helena, como você acha que é um demônio?

-Eu acho que eles tem chifres.

-Bem, a atividade de hoje vai ser essa. -João esboçou um sorriso maldoso. -Vocês vão desenhar demônios do jeito que vocês acham que eles são.

*Na Sala Do Padre...

-Você fez o quê!? -A voz do padre Marechal era firme, soava como um sermão.

A madre superiora estendeu uma folha sobre a enorme mesa de madeira em frente pro padre.

-Aqui está um desenho que uma das crianças da sala 23 fez.

O padre segurou a armação do óculos com o polegar e o indicador aproximando o rosto da folha.

Havia um desenho de um ser humanóide e vermelho com chifres e os olhos verdes.

João que estava sentado de frente para o padre, levantou a cabeça e deu uma olhada no desenho. Viu que o demônio tinha os olhos semelhantes aos dos personagens de DragonBall Z, não pôde resistir e soltou uma gargalhada. O padre fitou João com seus olhos azuis, com um olhar sério e crítico.

-Você acha isso engraçado, João?

-Desculpa, padre é que... -João tentava segurar o riso forçando seus labios um contra o outro.

O padre abaixou a cabeça dando a visão periférica de seus cabelos brancos e crespos.

-Eu não vou pedir para você rezar porque eu sei que você não o fará -Começou o padre.

-Como assim, Marechal? Eu rezo sim. -Se defendeu João.

-João, da ultima vez eu mandei você rezar dez pai-nosso e você ficou cantando Raffa Moreira.

-Peraí, você tava escutando minha reza?

-Padre, eu não aguento mais esse garoto. -Suspirou a madre Beth.

João se vira para a madre:

-Tu ainda tá aqui, mulher?

-A madre Beth tá certa, João. Você já nos deu muito trabalho. -Diz o padre.

A madre superiora vê a frustação e aproveita a chance pela qual sempre esperava:

-Se quer saber, padre, eu acho que o mais adequado seria expusá-lo.

Padre Marechal junta as mãos e se vira para a madre superiora.

-Aqui é a casa de Deus, madre.

-E na casa de Deus não existe satanás. -Soltou a madre.

João entendeu que a indireta fora pra ele. Como uma mulher de Deus podia falar daquele jeito? João nunca gostara da madre. Nunca gostara de seu jeito de andar, de seus oculos grossos, de seu cabelo desgrenhado sempre amarrado num coque e, principalmente, nunca gostara de sua voz.

-Então o quê a senhora está fazendo aqui, Valak? -Debochou João.

Estão gostando, meus amores? Próximo capítulo João vai conhecer Daniel.

Como Ir Para O Inferno (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora