Capítulo 2: "O que você quer?"

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    Eu olhava nos olhos verdes do menino à minha frente sem respondê-lo. Eram de uma cor tão vívida e profunda... e ainda por cima, ele tinha o tipo de olhar que parece que vai desvendar todos os seus segredos. Eu tive que desviar o olhar para aliviar a sensação de que ia acabar dizendo algo sem querer.
Ele colocou a mão sobre minha cabeça delicadamente e se sentou ao meu lado, não entendi o ato dele já que ninguém nunca tinha se aproximado de mim daquele jeito. Por livre e espontânea vontade.
O garoto tinha um cheiro bom de perfume masculino. Era forte porém entrava em minhas narinas me acalmando ao sentir o aroma. Eu não pude evitar soltar um sorriso de canto, embora meio irônico.

- Então... qual é seu nome? — ele disse com um ar descontraído, olhando para frente com um sorriso leve. Aquele garoto era realmente interessante.

Eu preferi não respondê-lo, apenas o olhei virando o meu corpo para o mesmo, assim apoiando meus palmares na grama e os joelhos estavam tocando o solo também. Eu tinha um olhar afiado e desafiador. Ele pareceu surpreso pois se virou para mim com os olhos levemente arregalados quando me movi. Acabei abrindo a boca para soltar uma pergunta no ar, aquela frase estava arranhando minha garganta desde que ele tinha olhado para mim pela janela.

- Por que se aproximou de mim, e por que me olhou na janela? Podia ter me ignorado.

Ele sorriu e aproximou seu rosto do meu. Eu me surpreendi com o ato dele e uma sensação esquisita tomou conta de mim. Senti minhas bochechas ganharem rubor. Não tinha entendido isso, nunca tinha sentido isso antes. O que era?
O maior apenas beijou minha bochecha e sussurrou no meu ouvido com uma voz calma e levemente rouca: "Porque eu quis". Aquilo me arrepiou, e me senti obrigada à afastá-lo de perto. Empurrei o peitoral do mesmo de leve com ambas as mãos, mas para minha surpresa ele pegou as mesmas e as beijou antes de as soltar e se levantar para ir embora.
Eu fiquei petrificada na mesma posição que estava antes de que ele se aproximasse. O que tinha acontecido? O que é essa sensação? Por que agora, por que ele?. Tantas perguntas, mas nenhuma resposta. Foi com isso que eu suspirei e me levantei, indo para a sala com quaisquer pertences que eu pudesse haver trazido. Não prestava mais atenção à minha volta, minha cabeça estava a mil.
Quando cheguei na sala, obviamente atrasada levando em conta o ritmo dos meus passos pelo corredor, ouvi uma régua ser arremessada para perto da minha cabeça. Eu franzi o cenho. Não vai ser como da outra vez. Não vou deixar que seja.
Eu levantei minha mão para alguns centímetros de distância da minha cabeça, e sem saber exatamente o que eu fiz, consegui pegar a régua no ar. As risadinhas que ouvia pararam e algo estranho se instalou na ar. Eu sorri sarcasticamente e olhei para a fileira de onde obviamente aquele material de acrílico tinha vindo. Eu abri a boca perguntando calmamente:

- Quem jogou?

Uma menina bem mais alta que eu e de cabelos curtos morenos com mechas ruivas apontou para uma carteira atrás dela, onde havia uma outra garota que era somente alguns centímetros mais alta que eu e que tinha cabelos louros cacheados, longos. Eu ri de leve fazendo um movimento negativo com a cabeça.

- Escolha bem seus alvos, Barbie do Paraguai. Você pode acabar se machucando.

Assim que acabei a fala, arrumei minha postura para uma de lance de bola e arremessei a régua na direção na loura, que se estremeceu quando o acrílico arranhou um pouco abaixo da orelha da mesma. Eu ri de leve, nasalmente me dirigindo ao meu lugar enquanto sentia olhares sobre mim.
    Meu sorriso se desmanchou e me sentei violentamente na cadeira fazendo barulho. Era de propósito para que parassem de me olhar. Eu suspirei para me acalmar e olhei para o lado de fora enquanto o professor não chegava para dar a aula. Acho que não estava realmente atrasada, afinal.
A aula estava entediante. Eu não estava nem um pouco interessada em anotar ou prestar atenção depois de tudo o que tinha acontecido. Então, para que o professor não percebesse que eu não fazia nada, fiquei fazendo alguns rabiscos no caderno. Tentava fazer com que eles tomassem forma de algo.
No final da aula, eu acabei conseguindo desenhar o garoto de olhos verdes de mais cedo. Eu senti aquela sensação estranha novamente. Não sei descrever exatamente... só sei que estava corada e sentia um aperto no coração quando não o via pessoalmente.
Quando a aula acabou eu arrumei minhas coisas rapidamente e me levantei, indo até a saída. Foi quando senti uma mão tocar meu ombro. O aperto do nada sumiu. Eu virei para trás e finalmente pude ver quem era.

...continua...

Unknwon feelingsOnde histórias criam vida. Descubra agora