Mãe

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Capítulo 3

- Certas tradições foram feitas para serem seguidas, não concorda?

Evelyn me coloca gentilmente em uma das cadeiras em frente ao espelho, e sinto suas mãos nos meus ombros, que agora já estavam penteando meu cabelo com sua escova dourada.

- Concordo somente que algumas delas podem ser realmente irritantes.

- A vida é cheia de sacrifícios querida, somente precisa entender e seguir o coração quando chegar a hora.

Olho meu reflexo no espelho, e observo Evelyn sorrir, vendo que mesmo com sua certa idade, continuava tão bela como me lembrava.

- Obrigada Evelyn, com certeza me lembrarei disso, só me pergunto se aqueles Pais pensam o mesmo.

Levanto-me enquanto estava pronta, e o vestido cai junto com meus passos que se seguiam até a porta.

- Não sei sobre o que pensam, mas me disseram que hoje haveria uma enorme surpresa para a Senhorita Hayley, e que parece ser algo grande.

Ela me segue até a porta, e lhe devolvo um sorriso calmo enquanto sumia pelo longo corredor com tantas tochas que não posso contar.

As surpresas de minha Mãe não eram comuns, então imaginei que esta noticia não seria algo que me deixasse contente, por mais que eu a agradeça, ela iria querer me dar mais do que o necessário, sua excentricidade em vestidos de penas e unhas feitas já provavam isso há um longo tempo.

Ao final do corredor, uma longa escada se encontrava e minhas mãos sempre iam diretamente para o corrimão, afinal tropeçar ali era tão fácil quanto o vento passar pelas janelas, então as minhas conclusões eram as certas.

Depois do ultimo degrau, reparo em minha Mãe me olhando firmemente ao final, enquanto seu coque loiro e perfeito como sempre não tinha saído um centímetro de seu lugar de costume.

- Como está Mãe?

Sorrio e a vejo abrir seus enormes braços, me puxando calorosamente para perto.

- Melhor impossível querida, teremos um longo dia está noite! Sugiro que se prepare.

- Ainda não tenho tido muitas informações sobre isso, do que se trata exatamente? Papai continua com suas festas sobre a companhia?

Nós nos separamos, e seu sorriso é desfeito na mesma hora, pegando em minhas mãos brancas já cobertas entre luvas finas.

- Parece que ainda não está informada, repare em torno de você, talvez algo lhe venha à mente?

Ela se vira, balançando suas penas que estavam firmemente em volta de seu pescoço, e levo meu olhar para o grande salão, que agora estava enfeitado e preparado para uma grande festa, e os vários empregados que corriam apressados por todos os lados.

- Não realmente, mas as flores são lindas, talvez seja realmente uma ocasião especial.

Ela continua com o mistério que me incomodava, e somente me olha.

- Seu Pai lhe contara sobre isso!

Acho um pouco estranho, vendo que meu Pai nunca aparecia há anos para algo com a família, e geralmente só o via em seu escritório ou no grande salão.

- Muito bem, então esperarei.

- Claro, mas querida, por favor, se arrume melhor, sabe que não pode andar por ai com os cabelos soltos assim!

Abaixo meus olhos, e tento não dizer algo que a irritasse, logo voltando a olhar em seus olhos claros que brilhavam como um diamante.

- Vou pensar sobre isso, a gaiola vai continuar sendo horrível, não tende me persuadir.

Minha Mãe suspira derrotada.

- Vá ver o seu Pai, pode acabar se surpreendendo, então pode ter certeza de ficar preparada.

E vejo suas costas eretas, se virando contra mim como sempre tem feito desde que me entendo por gente, francamente, não sei o que é isso, mas já vejo que me enche como nunca.

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