Capítulo 5
Em toda minha vida, as únicas vezes que pisei no escritório fechado e proibido do meu Pai, era quando era uma garotinha que adorava muito perturbar, e quando penso nisso, me vem coragem suficiente para fazer o que eu estava prestes a fazer, e de nenhum modo poderia aceitar uma coisa dessas, eu era dona de mim mesma e queria ter o poder de controlar o que posso fazer independente de um noivo que seja lá onde esteja agora, quer me tomar isso.
Bati uma vez, e em seguida bati duas e três, e nenhuma resposta como imaginava, se isso iria ser assim, meu querido Pai, peço que tente conhecer melhor sua única filha mulher.
Tirei os sapatos brilhosos que me incomodavam, e como sempre dizia, uma coisa deve ser feita quando você precisa fazê-la, mesmo sendo algo que eu inventei nesse momento, tudo estava valendo.
Deixando os sapatos em algum local do corredor, respirei fundo, e encarei a porta firmemente, talvez eu leve uma bela bronca em como damas não fazem esse tipo de coisa, mas foi ele que me fez aprender isso de qualquer forma.
Dei alguns passos para frente, e vi a janela de vidro que era facilmente quebrável, antes de qualquer coisa, pensei que poderia me arrepender, mas já que tinha a bela oportunidade de sair da casinha, então seria fácil.
Coloquei minhas mãos nela, e rapidamente dou um puxão que a faz abrir, digo pra mim mesma que era muito boa nisso, e coloco um dos pés nela, logo pulando a janela com acesso ao corredor, não me pergunte o porquê, mas cada gosto é indiscutível, especialmente o do dono de relógios grotescos.
- Olá, Pai! Desculpe-me pela falta de formalidade, mas me parece que o senhor também não fazia questão.
Reparo em uma parte do vestido rasgado tocando o tecido lentamente, e que Evelyn com certeza me mataria por isso, mas meus olhos são levados para meu Pai, que sorria firmemente para mim enquanto estava confortável em sua poltrona favorita, com o jornal de dois dias atrás que ele regularmente esquecia-se de trocar.
- Parece que minha filha nunca vai mudar, com certeza a janela não é um bom modo de me dizer olá, e, por favor, de onde tirou essa ideia indiscutível?
Ele finalmente abaixa o jornal e me olha diretamente, cruzando suas pernas e segurando uma xícara de chá.
- Não me faça te lembrar de quando me ensinou essas coisas, estou um pouco envergonhada confesso, mas não me arrependo sabendo que o senhor não queria discutir algo importante comigo.
Vou a sua direção, me sentando em sua outra poltrona em frente à dele, e faço sua mesma posição, claramente não tendo o mesmo charme pelos pés descalços.
- Não me lembro de ensinar minha filha a não ter cortesia.
Ele me encara, e eu devolvo na mesma moeda.
- Não me lembro de um Pai que casa sua filha com qualquer um.
Olhamos-nos, claramente tendo uma pequena guerra de somente nossos mundos.
O vejo deslizar sua xicara até a mesa de centro, e reparo em sua aparência que não parecia de forma nenhuma envelhecer, meu Pai era um homem belo e jovem, mas confesso, apenas em sua aparência.
- Já está decido, e não há como você mudar essa decisão. – Ele continua. – A minha decisão.
- Sua decisão não vem somente de você Pai, quero ter meus direitos! Quero poder escolher com quem me casar, e muito menos não quero um doido maluco me acordando de manhã.
- Você parece ter imaginado uma ótima criatura Hayley, seu noivo não é de nenhuma forma um maluco, e sim alguém importante, ele está carregando o futuro da nossa empresa com ele.
Fico desconfortável, me mexendo sem parar na cadeira, então afinal, é tudo pelo seu trabalho, pelos relógios, e sua filha não vale nada perante isso.
- Ainda sou muito nova.
- Felizmente você já passou da idade normal de casamento.
Meu Pai da um longo suspiro, e se encosta da cadeira, parecendo querer relaxar, e me olha mais uma vez.
- Hayley, entende sobre as lendas?
- Sobre o que estávamos falando aqui Pai?
Ele cruza seus braços, e continua.
- Lendas nunca morrem, elas sempre vão ser parte de você, e sabe por quê?
- Não entendo.
- Porque nunca vão esquecer as pessoas que fizeram historia, elas vão sobreviver, então sabe o principal motivo do porque estou fazendo isso?
- Não.
- Porque quero que se torne alguém importante, uma pessoa que é conhecida pelos seus feitos, mas aquela que ninguém entende a historia por trás disso.
Ele me deixava confusa, e me sentia injustiçada, queria que ele não começasse dizendo e fazendo o que estava agora, ele não estava me dando a opção de recusar, e deste modo o faria parecer certo, o que eu realmente não queria.
- Está deixando isso difícil para mim.
- De qualquer modo, ele já está a caminho Hayley.
Penso por um minuto, e me levanto da cadeira, tomando uma decisão.
- Muito bem, vou tirar minhas conclusões e ver realmente se não é o monstro que eu imagino ser, e isso não quer dizer de forma alguma que eu aceitei esse casamento, pois vou fazer de tudo para acabar com isso, e que se danem as lendas! Afinal, vou fazer minha história eu mesma, e do jeito que eu pretender.
Viro-me com pressa, e saio pela porta principal.
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Our Times
RomanceAos meus olhos, o meu mundo mudaria junto com meu tempo e como o vejo, e quando percebi já o estava esperando voltar como todas às vezes, ficaria feliz se olhasse seu belo sorriso todos os dias, e deixaria as teimosias para depois. O começo era o me...