Capítulo Um

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A tia Em saiu da casa para regar os repolhos quando viu Dorothy correndo em direção a ela.

– Minha menina querida – ela gritou, abraçando a garotinha e cobrindo-a de beijos. – Onde você se meteu?

– Na Terra de Oz – disse Dorothy. – E aqui está o Totó também. Ah, tia Em! É tão bom estar em casa de novo!

Harry fechou os olhos quando sua mãe leu as últimas palavras no fim do conto do Mágico de Oz. Ele descansava suas forças, suas energias para o próximo dia mais esperado de Harry. Visitar a Ilha de Morfeu. A ilha que mora sua tia July e sua avó Rachel.

Harry se esforçou muito para as últimas provas do ano. Suas médias eram altíssimas. No seu aniversário, na qual fez seus atuais dez anos de idade, ganhou uma câmera digital e um Iphone de última geração. Era um bom menino. Nunca havia cometido problemas em casa ou na escola, era um garoto extremamente educado.

A mãe de Harry, Fernanda, beijou sua bochecha. Apagou as luzes e suspirou um grande alívio. Seu trabalho hoje foi bastante cansativo, pois ela ainda estava cuidando dos erros ortográficos da sua tese de pós-doutorado. Fernanda passou mais de um ano e meio escrevendo e pesquisando sobre bactérias hospitalares, buscando em artigos científicos no Google Acadêmico; fazendo vários fichamentos e procurando também em arquivos internacionais.

Tudo vai sair bem, pensava Fernanda, enquanto verificava cada linha.

***

As malas já estavam prontas quando Harry acordou bem cedo naquela manhã de sábado. Quando os olhos de Harry finalmente estavam ativos, sem dormência, percebeu que sua mãe colocou sua roupa sob sua cômoda ao lado. O celular, que também estava na cômoda, tocou um alarme com uma música irritante de um galo. Harry tirou aquele som extravagante e bocejou. Eram 06h00 da manhã, seu avião saia às 12h30 para a famosa Ilha de Morfeu.

– Bom dia, Harry – saudou Fernanda, entrando no quarto. Fernanda amarrou seu cabelo e deu dois nós firmes.

– Bom dia, mamãe – saudou Harry, dando um grande sorriso no rosto. Harry Joe era gordinho, com as bochechas redondas. Seus olhos eram azuis, igual ao lindo céu de verão. Suas férias finalmente chegaram, mas ele sabia que estava em contagem regressiva em um belo cronômetro para o fim. E precisava aproveitar o máximo.

– Liguei para sua tia e sua avó hoje, estão com a ansiedade superior ao tamanho da nossa casa!

– Eu imagino. Mamãe, acho que estou igual a elas. Estou com saudade de viajar para a ilha... poder ver novamente os ovos de tartaruga, as águas salgadas do oceano cristalinas e tirar bastante foto naquelas paisagens incríveis.

– Que bom, filho. Eu também amava estar lá – disse Fernanda, alisando os ombros lisos e pálidos de Harry.

– Vem comigo. Simples assim – disse Harry, esperançoso, seus olhos brilharam.

– Não posso. Seja igual a Dorothy, vá para a Terra de Oz, depois volte para casa. Use a sua imaginação para suas brincadeiras com tia July. Vai perceber que existe magia nelas.

– Magia? Igual os desenhos da Disney?

Ela balançou a cabeça positivamente.

– Uma criança é capaz de imaginar coisas mais reais que os adultos normalmente não conseguem. Entende isso?

– Sim. Deixa fluir.

– Deixe sua imaginação fluir – ela deu um sorriso torto após responder.

O conto da ilha de MorfeuWhere stories live. Discover now