Capítulo dois

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A Ilha de Morfeu não mudou nada para os olhos de Harry. A mesma forma que deixou um ano atrás, em suas lembranças, visto nas últimas férias de verão, os belos corais verdes, próximos as pedras negras ainda grandes, fazendo o processo de quimiossíntese naquele instante – Harry aprendeu em sua aula de Biologia Iniciante, mas ficou em dúvidas se as algas também faziam o mesmo processo biológico noturno.

As casas eram bem distantes uma da outra na ilha. Os coqueiros também estavam em grande número, comparado as últimas vezes que veio. Harry imaginou um grande castelo de areia, com uma muralha feita de conchas encontradas nas margens da praia de águas cristalinas. Realmente, a Ilha de Morfeu era um lindo paraíso. O frio da ilha não incomodou Harry assim que chegou. A ilha não era tão populosa. O número de habitantes era inferior a mil, e olha que a Ilha de Morfeu é gigante. Para alguns, servia mais para os turistas.

Rachel era uma mulher aposentada. Seu marido morreu nos últimos dez anos. Ele era um grande piloto de aviões, contudo, em uma enorme queda em uma noite de tempestade, o avião com o destino a Paris caiu. Várias pessoas foram mortas, poucas machucadas, e ele foi junto ao grupo dos que morreram. Foi ele que presenteou Rachel com a casa luxuosa na ilha no seu aniversário de quarenta anos. Nesta idade, minha mãe morava em São Paulo, no Brasil, no processo acadêmico na faculdade. Minha tia finalizou a faculdade de bióloga marinha e veio ficar próximo de vovó Rachel. Tia July estudou e fez também suas teses na Ilha de Morfeu, onde ainda trabalha com isso. E ajuda nas despesas junto com Rachel. A parte mais legal é que ambas estavam de férias, livres de tarefas e prontas para diversão.

Harry escolheu ficar nos quartos do primeiro andar. A casa litorânea era esplêndida. Na sala, o mais chamativo era a varanda, com grandes vidros para visualizar o nascer do sol e o seu crepúsculo. Os sofás, novos e grandes, defronte a grande televisão de setenta polegadas, com direito aos filmes e séries da Netflix todas as noites após o jantar caseiro. As decorações mais prediletas delas eram os quadros, talvez comprados em Paris, mostrando belas paisagens do campo e linda flores em jarros. Tia July, sempre amou e sonhou em bibliotecas, por isso, ao lado do painel da grande tevê estava as suas estantes enormes de livros. Livros clássicos, contemporâneos, HQs e outros gêneros mais acadêmicos em ordem alfabética. A cozinha era enorme. Parecia as cozinhas dos filmes norte-americano com o balcão preto, armários pendurados para os grãos e cereais, uma grande geladeira de material inox e um fogão inox de cinco bocas mais caras do mercado. Harry pegou uma maça na fruteira sob a mesa, e subiu para o primeiro andar pela escada espiral.

Os quartos eram bem simples e modernos. Só haviam quatro quartos no primeiro andar, na qual, dentro em cada, existia uma bela cama magnética em cada departamento. Ar-condicionado móvel, que deixava o ambiente em 21 a 23 graus. Ao lado da cama, uma cômoda com duas gavetas seminovas, suportando um simples abajur. Os quartos eram pequenos e confortáveis. Harry escolheu o último, para também obter a janela defronte a praia e poder acordar com o nascer do sol. Deixou seus pertences e desceu com sua tia July para a sala. Estavam cansados e com bastante fome.

– Fome, fome, fome. E olha que já engoli uma maça agora!

– Fase de crescimento, querido. Muito bem, realmente precisava comer bastante para ficar grande e forte – respondeu July.

Harry pensou um pouco em algum tema para conversar. Seus olhos visualizaram as paredes de vidro e ele pôde ver a suavidade das águas escuras do mar.

– Tia July... Porque a ilha se chama Ilha de Morfeu?

July pensou um pouco. Coçou a cabeça em seguida.

– Gostaria de ouvir? Uma lenda? É bem legal. Meu pai contou para minha mãe... na verdade, o pai do meu tataravô contou para ele pra... enfim, seguiu na tradição até chegar a mim e agora para você. Parece que todos os idosos da Ilha de Morfeu sabem dessa lenda.

O conto da ilha de MorfeuWhere stories live. Discover now