Capítulo 4

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O Senhorio de Sakura havia finalmente perdido a paciência. Ele estava lhe dando 48 horas para pagar os atrasados, do contrário, seria despejada.
Sakura sentou-se pesadamente e ficou olhando para o pedaço de papel. Ela estava devendo tanto dinheiro que nem se surpreendia, apesar de ter esperanças de que ele esperasse mais um pouquinho, até ela encontrar um emprego que pagasse o suficiente.
E ela não tinha nada em vista. Até hoje.
E ela, idiota que era, jogou a oferta de volta na cara de Sasuke.
Sakura perdeu a noção do tempo que ficou sentada com aquela carta intimidadora na mão. Só sabia que não tinha outra escolha. Mas a mera idéia de telefonar para Sasuke era abominável.
Ela levou o dia inteiro para ligar. Na verdade, já estava quase na hora de dormir e ela quase desligou antes de ele entender. Talvez ele não estivesse em casa. Talvez ela estivesse perdendo tempo. Talvez ele não a quisesse mais. Todo tipo de desculpa lhe veio à mente.
Até que ela ouviu sua voz.
Profunda e sexy! De arrepiar! O bastante para ela sentir o risco que estava correndo.

— Sou eu. — A voz dela estava estridente e fraca, mas ele reconheceu.
— Sakura? — Ela quase podia ver o sorriso dele. — Você mudou de idéia?
— Mudei — ela sussurrou.
— Que bom que você colocou a cabeça no lugar. Começamos o expediente às oito e meia. Você tem carro ou preciso lhe pegar?

Sakura fez uma careta.

— Posso pegar o ônibus, se me disser...
— Besteira — ele interrompeu rispidamente. — Vou buscá-la às oito. Esteja pronta.
— Tem outra coisa — ela sussurrou, arrasada, mas contente por não ter de dizer isto cara a cara. — Eu preciso... será que eu poderia... bem... — Ah, diabos, como ela ia pedir aquilo?
— Fale de uma vez, Sakura.

Ela sentiu que ele estava perdendo a paciência.

— Meu aluguel está atrasado.

Um segundo de silêncio...

— Você precisa de um adiantamento? E isso?
— Sim — ela disse com voz quase inaudível.
— Seu senhorio está lhe cobrando?
— Está.
— Por que não me disse antes?
— Encontrei o aviso quando cheguei em casa.
— Estou indo até aí.
— Não, não venha. — Mas ele já havia desligado.

Sakura disse um palavrão por entre os dentes. A última coisa que ela queria era uma conversa cara a cara sobre seus problemas financeiros.
Ela ficou andando na sala de um lado para outro enquanto esperava  por Sasuke. Seu coração estava batendo tão alto que dava para  ouvir pela rua inteira. Isso prometia ser pior do que quando ela ameaçara abandoná-lo. E, de certa forma, muito pior. Ela estava se rebaixando, coisa que nunca fizera antes.
Ouando ela ouviu seu carro se aproximando, abriu a porta e entrou na sala novamente. Quando Sasuke entrou, ela estava sentada na beira de uma poltrona, entrelaçando os dedos nervosamente.

—Desculpe. Não tive a intenção de...

Mas, novamente, ele a interrompeu.

—Quanto você está devendo?

Quando ela disse a quantia, ele assobiou.

— O que está havendo?
— Gastei muito dinheiro com a doença da minha mãe. Queria que ela recebesse o melhor tratamento. Consegui pagar as dívidas com os médicos, mas meu aluguel foi aumentando e... bem... o que eu ganho mal cobre meus gastos.
— E por que você nunca me contou nada disso? Por que não me procurou? — Sasuke olhou para Sakura como se ela fosse totalmente idiota.
— Como eu poderia pedir dinheiro ao meu ex-marido? Seria humilhante demais. E não estaria lhe pedindo nada agora se você não tivesse me oferecido emprego. Só que parece que já e tarde demais — ela acrescentou dando um suspiro profundo.
—Amanhã serei uma sem-teto — Sakura completou, e passou a Sasuke o comunicado do senhorio.
—É... — Sasuke disse fechando a cara. — Acho que é melhor você vir morar comigo. Não dá para ser feliz morando onde você mora.
— Ah, mas eu sou — Sakura insistiu, horrorizada pela idéia. — Adoro esta casa. Passei aqui a maior parte da minha vida. Tenho boas memórias.
— Mas você pode trazer suas memórias com você—ele  alegou. — Isto não passa de uma combinação de tijolos e cimento. Não é mais um lar; é só uma casa. É melhor você não ficar aqui.

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