A Proposta

Capítulo 3

—Estou indo embora, Sasuke.

Ele fizera cara de quem não estava gostando e a fitara, completamente perplexo.

—Sakura, diga que isto é uma piada.
—Nunca falei tão sério — ela dissera baixinho.
— Mas por quê? — Ele parecia verdadeiramente surpreso.
— Será que vou ter que soletrar? — ela perguntara com impaciência. — Não é óbvio? As brigas que temos, as horas que você passa fora... Eu não agüento mais isto. Quero um marido que se interesse por mim.

Era parte culpa dela mesma, Sakura percebera. Nunca devia ter se casado tão nova, menos ainda com um homem que pensava mais no trabalho do que nela. Mas isso não alterava o fato de ela estar mortalmente infeliz.

— Sakura, é claro que eu me interesso por você. — Ele tentara abraçá-la, mas ela o repelira. — Tenho um amor profundo por você — dissera, e a expressão em seu rosto confirmava as palavras. — Você é a melhor coisa que tenho na vida.

Os olhos dela faiscaram com um brilho verde.

— Que pena que você não pensou nisto antes. Porque eu não quero mais continuar casada com você. Já arrumei minhas malas. Vou embora assim que amanhecer.
— Você não pode fazer isto — Sasuke levantara a voz, irado.
— Posso, sim.
— Não vou deixar. — Ele a fuzilara com os olhos. — Você está casada comigo, para o bem e para o mal.
— Porque fui idiota. Porque não percebi como seria ruim. Não agüento mais!

Ele trincou o queixo e seus olhos foram tomados por uma sombra assustadora.
Mas Sakura não voltara atrás. Se fizesse isso, estaria condenando a si mesma a uma vida infernal. Ela não devia ter avisado que estava indo embora; devia ter simplesmente partido.
Será que, em seu subconsciente, ela esperava que ele a persuadisse a ficar? Será que ele prometeria mudar seus hábitos? Se ela acreditasse nisso, seria uma tola, pois Sasuke jamais mudaria.

— Eu amo você, Sakura — ele dissera isto com tanta calma que havia sido assustador. — E se você parar de me agredir por um momento, vai reconhecer que precisa de mim.

Se ele achasse mesmo isso, não a negligenciaria, Sakura pensara. Ela queria aproveitar a vida ao lado dele. Pelo amor de Deus, ela acabara de completar vinte anos de idade; não podia ficar passando tantas noites sozinha. Passar os dias sozinha já era terrível, mas as noites também...

— Sim, eu preciso de você — ela respondera com tristeza. — Esta é a grande questão. Eu preciso de você, mas não o tenho.

Eles conversaram madrugada adentro e, quando finalmente foram dormir, Sasuke a tomara nos braços e procurara demonstrar que ela ia ficar bem e seria amada. Se ele fosse sempre assim, ela jamais pensaria em ir embora, mas Sakura sabia que aquelas promessas não eram verdadeiras.

Na  manhã seguinte, ele a fizera jurar que estaria em casa quando ele voltasse, mas Sakura não tinha intenção de cumprir a promessa. Assim que ele virará as costas, ela colocara as malas no carro e fora embora de vez.

LEMBRANÇAS de Sakura a fizeram ficar acordada a noite inteira. No entanto, ela estava pronta quando Sasuke apareceu na manhã seguinte. Não que ela adorasse a idéia de estar com ele.
Se ela soubesse como entrar em contato com ele, teria cancelado o encontro.

Se é que aquilo podia ser chamado de encontro...

Ele a forçara a isso. No entendimento de Sakura, eles não tinham nada para conversar. O passado era apenas isto mesmo: passado. Estava tudo acabado. Eles haviam se divorciado. Por que ele queria revê-la?

Sasuke chegou às dez em ponto, devastadoramente lindo com aquela calça cinza e a camiseta branca de seda. Apesar de suas apreensões, o coração de Sakura quase parou.
Ela fizera questão de não caprichar no visual; escolhera calça branca e uma camiseta cereja, e não esperava que Sasuke fizesse nenhum comentário.
Mas ele comentou.