A Proposta

Capítulo 2

O carro de Sasuke era preto, elegante e luxuoso. Cheirava a couro e ao perfume dele, e Sakura ficou deslumbrada ao ver como ele subira na vida em poucos anos.
E ela podia ter sido parte disto, se não o tivesse abandonado.
Pensar assim não lhe agradava em nada. Ele podia ter todos o conforto que o dinheiro pudesse oferecer, talvez tivesse tanto dinheiro que não soubesse o que fazer com ele, mas será que era feliz de verdade?

— E você, se casou de novo? — ela perguntou sem rodeios. Ele não estava usando aliança e nem estava acompanhado de nenhuma beldade.
— Não tenho tido tempo — ele respondeu dando uma olhada rápida para ela, com um sorriso tenso no rosto.
— Você se casou com seu dinheiro, é isso? — ela perguntou, mantendo a voz dócil e os olhos na estrada. Era irritante o modo como um mero olhar dele era capaz de lhe perturbar os sentidos.

Sasuke era o tipo de homem que deixava qualquer mulher louca sem fazer esforço algum. Sakura se sentira a garota mais sortuda do mundo quando ele lhe pedira em casamento.

— O dinheiro não é meu escravo, se é isto que está dando a entender — ele respondeu tranqüilamente. — Eu admito que gosto de ser bem-sucedido, gosto de poder ir aonde quiser e fazer o que quiser, mas isto não é tudo na vida.
— Então por que não se casou de novo? — ela perguntou, olhando para ele, que deu um sorriso triste. — Não pode ser por falta de mulheres em sua vida.
— Claro que não — ele respondeu sem se abalar. — Posso conseguir dez garotas de uma vez com um estalar de dedos. — Ele a fuzilou com os olhos e voltou a olhar para a estrada. — Mas não vale a pena. Já aprendi minha lição anos atrás.
— Está dando a entender que eu me ofereci para você? —O tom de Sakura foi de indignação. Se alguém havia se oferecido, fora Sasuke. Não que ela não tivesse gostado da oferta!
— Vai me dizer que não deixou aqueles papéis caírem de propósito? Por favor, Sakura, esse truque é mais velho que andar para a frente. Claro que, na ocasião, eu não me dei conta, mas... — Ele deu de ombros e deixou o resto da frase no ar.
— Eu o teria abandonado se tivesse me casado com você por dinheiro? Acho que não, Sasuke. Você está falando bobagens.

Foi um alívio quando pararam em frente à casa dela. Era um imóvel com dois cômodos em cima e dois embaixo, bem modesto, mas muito confortável, e sua mãe adorava o lugar.

— Obrigada pela carona — ela disse, abrindo a porta e quase saindo do carro antes de ele estacionar. — Não se esqueça de dizer a Ino que vim para casa, sim?
— Tenho certeza de que ela carrega o celular na bolsa. É melhor você mesma ligar para ela — ele disse asperamente, saindo pelo outro lado do carro e alcançando-a na calçada.
— Não precisa me acompanhar até a porta — Sakura disse, já em pânico. Isto era a última coisa que ela queria. Saíra da festa para ficar longe de Sasuke, não para ele lhe dedicar atenção exclusiva.
— Um cavalheiro jamais deixa uma dama entrar sozinha em casa.

Sakura destrancou a porta e a abriu apenas um pouquinho, mas antes que ela pudesse dizer que estava em segurança e dispensá-lo, ele abriu a porta mais um pouco. Com a outra mão nas costas de Sakura, ele a fez entrar.

— Isto é absolutamente desnecessário — ela insistiu, desesperada. — Como pode ver, está tudo bem. Pode voltar para sua festa.

Mas Sasuke tinha outras idéias em mente. Seu sorriso foi cruel.

— Faz muito tempo que devemos a nós mesmos uma conversa séria. Você faz idéia do que eu senti quando você me abandonou?
— Não quero conversar com você. — Os olhos verdes de Sakura cintilaram de desespero. — Você e eu não temos mais nada a dizer um para o outro. Agradeço pela carona, mas agora quero que você vá embora.
— Você vai me forçar? — Ele cruzou os braços sobre o peito amplo, desafiando-a. Ele era totalmente másculo, forte e indomável, e Sakura sabia que ia perder aquela batalha antes mesmo de começar.