Depois da refeição do dia, Flippo e Grunny foram para a proa do navio admirar a paisagem em que estavam, o vento soprava as grandes velas fazendo o barco se mover rapidamente pelas ondas do mar. A água era esverdeada naquela região e não se via nada além dela.
O céu era claro, com algumas nuvens e o sol brilhava, Flippo teve que tirar seu casaco estranhando o clima mais ameno da região que morava.
- Será que ele vai ficar bem? - perguntou para o companheiro.
- Não sei Flippo, talvez precisasse de mais cuidados, mas não temos muita coisa aqui no navio para ajudá-lo.
- E, por que ele veio para cá então? Sozinho?
- Não sei, você não disse que conversou com ele.
- Ele quase não conseguia falar... apenas tossia, não quis ficar perguntando.
- Tenha calma Flippo, o remédio ajudou ele a descansar, foi o que pude fazer.
- Sim, obrigado, vou ver como ele está.
Flippo desceu até os convés, a mulher ajudava o velho a se alimentar encostado num barril.
- O senhor está melhor? - perguntou Flippo se aproximando dos dois.
- Nada como uma boa noite de sono. - respondeu piscando para o garoto. - Já está bom querida, não quero mais. - falou para a mulher que o alimentava. - Gostaria de sair para ver o mar, você me ajuda garoto?
- Sim, claro.
Tanto Flippo como o marido da mulher que o alimentava ajudaram o homem a se levantar e o acompanharam até a proa do navio, sentando-o num banco.
- Ah, que agradável brisa marítima. - disse respirando profundamente e logo voltando a tossir.
- Não é melhor voltarmos? - perguntou a mulher, embrulhando ainda mais o bebê que tinha no colo.
- Ora, me deixem aqui! Quero aproveitar essa vista... e as lembranças... que ela me traz. - respondeu enquanto sua tosse parecia aumentar.
- Esse vento não fará bem para o senhor, não nesse estado. - disse o mago se aproximando.
O velho permanecia apenas olhando para o horizonte, apenas contemplando e lutando contra o seu corpo que tremia por completo.
- Sabe meninos... um anão tem que saber a hora que tem seguir e que tem que parar... já vivi mais de quatrocentos anos, agora quero voltar para junto daqueles que amei... não na terra, mas no mar.
- Por isso o senhor está aqui? - perguntou Flippo com os olhos arregalados.
O homem apenas consentiu com a cabeça.
- Cante... cante aquela linda canção menino, quero voltar a reviver os momentos de mocidade.
Todos olharam para Flippo, esperando sua reação. Ele hesitou por um momento, mas pegou sua flauta e entoou a alegre música anã que tocava nos festivais na taverna.
O homem fechou seus olhos e deixou com que lágrimas começassem a escorrer, logo um súbito ataque de tosse o obrigou a voltar para dentro do convés. Ele foi deixado em sua cama, coberto.
- Ele não vai resistir muito. - comentou Grunny bem próximo aos ouvidos do amigo.
Com a flauta nas mãos, Flippo posicionou-a em seu peito e começou a reproduzir a canção para dormir, de olhos fechados como costumava fazer.
A tosse foi diminuindo, o barulho ficando mais silencioso, até que não mais se ouviu nada. Grunny estava ao seu lado quando a música parou, todos os outros estavam deitados, dormindo em seus leitos.
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As Aventuras de Flippo e o Trinustempus
AdventureHá quase um ano do desmoronamento que soterrou sua mãe nas minas anãs de Bedaürinde, Flippo toma conhecimento de um torneio que tem como prêmio viajar no tempo. Instigado pela lembrança da mãe, o pequeno parte rumo à essa aventura. Na companhia do...