Prólogo

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Às vezes não se pode mudar seu destino, muitos alegavam que na vida anterior eu havido sido o próprio demônio. E agora nessa vida atual, completamente miserável, pagava a minha dívida de sofrimento, sendo cego eternamente. Não posso discordar deles. Afinal, que resposta mais plausível poderia dar para justificar minha cegueira. Nunca pude sentir a claridade tocando meu rosto, nunca pude ver meu próprio reflexo cravado no espelho. Vivia da escuridão, sempre à escuridão, sugando-me completamente a visão.

Eu sempre fui infeliz, meus pais haviam morrido e me abandonaram nesse mundo escuro e sem amor. Queria sentir seus braços calorosos rodeando meu corpo e ouvir seus sussurros reconfortantes contra a dobra de meu ouvido. Mas, sabia que isso nunca iria acontecer, porque eles estavam mortos e deixaram-me sozinho, ziguezagueando, de um lado ao outro, tateando, freneticamente as paredes, me guiando em meio ao negrume que rodeava-me. Eu não os odiava, eu os amava profundamente. E não poderia culpa-los pela deficiência da qual havia nascido. Na realidade não odiava ninguém, até mesmo, não odiava aqueles garotos que zombavam de mim e se engrandeciam com a minha incapacidade de ver a luz ao meu redor.

Então, um dia ela apareceu. Trazendo vida para meu mundo sombrio e escuro. E segurou-me pelas mãos, guiando-me em meio aos pedregulhos que se encontravam pelo meu caminho. Seus risos límpidos, preenchendo o imenso vazio de minha alma. Eu a amava e não poderia revelar meus sentimentos a ela. Sabia que seu pai nunca permitiria que sua única filha se casasse com um homem cego. Afinal, de que utilidade serviria para ele.

Não poderia ver sua face. Mas, sabia que ela era linda, assim, como era linda por dentro. Eu a amo intensamente, sentia gratidão por ter ela estar trazendo as cores e a diversão para minha vida obscura. Nunca, poderia revelar a Catherine que meus dias com vida estava se esgotando, e que uma grave doença residia dentro do meu corpo. Extraindo minha vida, pouco a pouco e lentamente.

E a única coisa que pensava era em Catherine e na sua melodiosa voz; e no quanto eu a amo perdidamente...

Uma Luz Na EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora