Capítulo 7 - Céu

16 1 0
                                    


É absolutamente terrível se sentir traída. Nunca imaginei que papai me trairia da maneira mais sórdida e grotesca que somente um ser humano, mergulhado em lixo fétido, faria algo tão baixo como trair a própria filha e vendê-la a uma família preenchida por: dois tubarões arrogantes. Justo ele que sempre alegou dizer me amar incondicionalmente. Estou com muita raiva, e esse sentimento despertado dentro de mim é tão inflamável que chega assustar-me. Aperto com força os dedos de Jonathan que estão entrelaçados firmemente com os meus, e sinto os olhares de todos recaírem sobre mim - seus olhos queimam ardentemente minha pele: como a soda cáustica corroendo lentamente uma barra de ferro. As lágrimas não param de rolar pela minha face, e começo a me sentir como um coelho encurralado e cercado por sua presa selvagem. Não posso permitir que minha falecida mãe comande minha vida, mesmo após ela estar morta. Eu sei que isso soa muito egoísta e extremamente indelicado. Mas, não posso admitir ser manuseada como um fantoche nas mãos de seu manipulador em pleno show de marionetes.

- Eu não vou me casar com ele – murmurei chorosa.

- Eu também não quero me casar com você – rebateu Benedict, não querendo ser rejeitado, e muito menos não ser humilhando diante de toda aquela plateia esplendorosa, observando e nos fitando com tanta atenção.

- Se não queremos nos casar. Então, não há necessidade de haver um casamento forçado – argumentei calmamente, mais às lágrimas continuavam a se derramar.

- Catherine! – Meu pai repreendeu, e senti a impaciência no seu tom de voz mal controlado, e percebi que ele estava prestes a perder as estribeiras. – Deixe-nos ao menos explicar as vantagens desse arranjo tão benéfico.

- Não! – eu gritei muito alto, e assustei Jonathan com a força gravitante de minha palavra emergida do fundo da garganta latejante pelo rancor profundo. – Eu não quero e não vou desposar ele!

Papai respirou fundo, e lançou um olhar suplicante para a mulher de cabelos escuros. Ela me fitou com amorosidade e dizendo-me o mais gentilmente possível:

- Querida! Eu sei que isso pode soar muito terrível, mais com o tempo se acostumará com a ideia. Anthony foi deveras imprudente em não ter lhe contado a verdade desde o início, talvez ele estava querendo te manter protegida. Eu não o julgo por querer proteger sua cria e poupá-la das responsabilidades da vida. Mas, quero que saiba que Benedict reagiu da mesma forma que você, quando contamos a ele sobre o contrato de casamento e nos acusou de ilícitos.

Nisso ao menos ele tinha razão.

- Talvez não seja tão ruim assim, Catherine – disse Jonathan tentando apaziguar a situação.

- Então, casa-se você com ele – respondo furiosa, e puxei minha mão com raiva me soltando do emaranhado de dedos de Jonathan.

- Eu não! É você quem deve se casar com ele, sua boba – respondeu Jonathan rapidamente o rosto ficando escarlate de vergonha.

- Pois deveria, os dois formariam um lindo casal – cantarolei sem parar.

- Ei! – gritou Benedict e Jonathan ao mesmo tempo, ambos vermelhos de raiva.

Comecei a rir e pressionei os dois braços sobre a barriga morrendo de rir. Nunca imaginei que trocando apenas algumas poucas palavras com Jonathan, voltaria sentir alegria tão rapidamente, e vi um pequeno sorriso brotar dos zangados lábios de Jonathan.

- Catherine! Não deve falar sobre certos assuntos tão abertamente - papai repreendeu-me novamente. – Isso é indecoroso tem que aprender a manter sua língua atrás dos dentes.

Uma Luz Na EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora