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Acordo sentindo a galhada branca do cervo encostando em minha testa. Sinto meu corpo se revoltar. Acaricio o animal que dessa vez não se vai e olho ao redor, estou no hospital. Sinto algo perto da minha barriga, mas não tenho tempo de ver o que é.

O cervo se vai quando alguém entra na sala, Áurea. Mas o que ela está fazendo aqui?

- Como você está viva? - ela grita para mim e enxerga o frasquinho no meu pescoço. - É claro. - ela o arranca, e não tenho força para impedi-la, e é frio novamente. - Ele lhe deu um pedaço da alma.

- O que você...

- Me poupe de sua voz. - ela sorri. - Como você é tolinha, Mia. Nem se deu conta quando eu envenenei a maçã. Mas você não é mais um problema para mim, consegui achar a árvore e a destruí.

- Como você está aqui?

- Eu sou uma viajante entre mundos, posso ir e voltar quando quiser. E sabe o que eu dizia toda vez que eu voltava para meu mundo, a Alden? Que você não se importava com ele. - ela me olha irritada. - Não bastou eu destruir as outras maçãs, você sempre volta.

- Porque?

- Porque? - ela grita. - Era minha coroa, mas Alden a ama, e nunca se casará comigo. E por causa de você, ele está infeliz e nosso reino perecendo.

- Porque está me contando isso?

- Porque como você não mordeu a maçã certa, em breve esquecerá de tudo. - ela sorri vitoriosa. - Não é mais meu problema.

- Eu sempre volto.

- Não dessa vez. A árvore morreu.

Percebo então o que há em baixo de mim, o globo de neve.

- Se você me condenou a esse destino. – eu a olho com lágrimas nos olhos. - Vou te condenar também!

Pego o globo e com toda a minha força acumulada o estilhaço no chão.

- Não! O que você fez? - ela grita. - Sua idiota!

Ela se ajoelha e tenta inutilmente montar os cacos de vidro.

- Como você conseguiu achar isso? - ela desiste e vem para cima de mim, começando a me enforcar.

Uma força a repele e outra faz com que ela desapareça. Recupero o ar enquanto avisto um senhor, o mesmo da loja de globos de neve.

- Para onde ela foi? - gaguejo.

- Para longe, mas ainda está nesse mundo.

- Eu quebrei o globo. - choramingo.

- Você quebrou o poder de Áurea, e não a passagem até o mundo de neve.

- Então quer dizer que eu poderei voltar?

- Receio que não, a árvore se foi.

- Eu vou perder a memória? - as lágrimas me inundam.

Ele tira do bolso uma maçã.

- Só consegui achar a parte branca. A outra metade se foi. - ele me olha sério. - Se você mordê-la, nunca mais poderá voltar para lá, mas suas memórias ainda viverão.

- Há alguma esperança de voltar para lá? - pego a maçã.

- Tudo é possível.

Choro com a possibilidade de nunca mais voltar para meu lar, e derrubo a maçã.

- Adeus, Mia. - ele pega o colar do chão e põem em meu pescoço, me devolvendo o calor de um eterno amor.

- Eu fiz a escolha certa?

- Só o tempo dirá. - ele se aproxima e beija o topo da minha cabeça e desaparece, me deixando sozinha.

🍎

Então é o fim...

Claro que não! ;) O conto termina aqui, mas se você gostou da história me siga para se manter informado... pois se vocês quiserem uma continuação, eu conto o que veio depois, porque afinal, nada acaba de verdade ♡ 

A Mais Bela de Todas [concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora