Capítulo 3.

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Bati a porta de madeira atrás de mim, deixando um suspiro pesado sair dos meus lábios. Era como se eu tivesse prendendo a respiração durante todo o dia, e só agora, trancada em meu apartamento, meus pulmões voltassem a fazer a sua função normal e o oxigênio circulasse novamente pelo meu organismo.

Com as costas apoiadas na porta, fechei os olhos, repassando cada detalhe do dia em minha cabeça. Eu definitivamente precisava aliviar a tensão que crescia em meus ombros e, se eu prolongasse por mais algum tempo, com certeza ela se espalharia por todo o meu corpo, como quando entramos em contato com algum tipo de vírus e logo ele se espalha por nosso corpo sem que a gente se dê conta.

Harry era o meu vírus. E era por isso que eu não podia deixar ele me infectar novamente.

Fui retirada dos meus pensamentos quando senti o meu celular vibrar no bolso traseiro da minha calça. Como esperado, era Amy, já pronta para fazer a nossa ligação de vídeo diária.

Me livrei das minhas sapatilhas pretas, que machucavam um pouco os meus pés, e logo atendi a ligação da minha amiga.

- Você não vai acreditar em quem me chamou para sair! - Amy disse, exalando entusiasmo, antes mesmo que eu pudesse dizer algo.

O sorriso estampado em seu rosto era tão grande que me lembrou o gato de Cheshire.

Mas sem a parte sinistra, óbvio.

- Harry voltou - cuspi de uma vez, como se eu tivesse arrancado o curativo de um machucado o mais rápido possível para não doer.

Amy, tirando Isaac, era a única pessoa que tinha noção da minha relação com Harry. Ela esteve comigo depois que ele foi embora. Além disso, eu me sentia sufocada, precisava colocar a "novidade" para fora, mesmo que não fosse a hora certa.

- Espera.. o que? - os seus olhos castanhos se arregalaram de imediato.

Me joguei no sofá, cansada.

- Isso mesmo que você ouviu. Harry Styles está de volta.

- Ele está em Nova Iorque?

- Sim. E adivinha? Também está dando aulas na minha faculdade - um sorriso forçado se formou em meus lábios.

- Aí meu Deus! - ela exclamou, animada. - Mas por que você não me parece nada feliz?

- Eu não sei. Eu acho que nunca pensei que iria mesmo reencontrá-lo algum dia. Quer dizer, quais a chances da gente se esbarrar em Nova Iorque e ele ainda cair na mesma faculdade que eu?

- Coincidência, talvez? - perguntou, erguendo a sobrancelha em dúvida.

- Talvez.

- Ou..

- Ou o que? - franzi o cenho, um pouco ansiosa pela sua resposta.

- Ou Harry é um stalker que está te perseguindo.

Nós duas explodimos em risadas na mesma hora.

- Vai ver ele não te superou. "O poder da Alex." - ela falou, fazendo um drama desnecessário enquanto segurava o riso.

Revirei os olhos.

- Eu vou desligar agora mesmo se você continuar com esses comentários sem noção.

- Tudo bem, tudo bem. Não está mais aqui quem falou - ela levantou as mãos em rendição. - Mas, sério, o que você pretende fazer?

- É suposto eu fazer alguma coisa?

- Eu não preciso estar ao seu lado para sentir o quanto você está tensa e preocupada. Você precisa fazer alguma coisa, Alex.

- E o que você sugere?

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