Capítulo 10.

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Os primeiros dias da semana passaram voando. Me organizei melhor e consegui adaptar o meu horário da faculdade para passar mais tempo com Amy. Durante todos os dias, ignorei todas as mensagens e tentativas de contato do Harry comigo. Não me sinto orgulhosa por tais atitudes, mas eu precisava de um tempo para decidir o que eu iria fazer em relação a nós dois, por mais que a resposta fosse a mais óbvia possível.

Eu estava adiando um acontecimento que não tinha mais como ser adiado.

Minha amiga até sugeriu que a melhor saída era simplesmente encarar Harry e expor todos os meus sentimentos, mas só de pensar na possibilidade de ser rejeitada, ou pior, Harry rir da minha cara por confundir as coisas entre nós, me faz acreditar que a melhor opção é acabar tudo de uma vez por todas. Sei que estou agindo como uma criança medrosa, fugindo dos próprios sentimentos, mas declarar o que sinto está fora de cogitação.

Eu confundi as coisas, eu comecei isso, e eu irei colocar um ponto final.

Apesar de ignorá-lo esses dias, eu sabia que uma hora eu teria que encará-lo, e, pra ser bem mais específica, essa hora estava prestes a acontecer. Assim que o sinal tocou, avisando o fim da aula, arrumei o meu material na bolsa e a coloquei no ombro, pronta pra deixar a sala.

Como eu já esperava, Harry logo me parou.

— Winters. — ele me chamou, me fazendo parar os meus passos no mesmo instante. — Podemos conversar?

Assenti e caminhei em sua direção em passos hesitantes. Permanecemos em total silêncio até que todas as pessoas que restavam na sala saíssem e finalmente nos deixassem a sós. Harry fechou porta da sala e andou ao meu encontro em seguida.

— Tá tudo bem? — ele colocou as mãos no bolso e esquadrinhou o meu rosto.

— Sim, claro. — me apressei em afirmar, inquieta e nervosa. — Por que não estaria?

— Você não respondeu as minhas últimas mensagens. — Seu tom era firme e acusatório, mas ao mesmo tempo, preocupado.

— Eu estava ocupada com algumas coisas. A visita da Amy me pegou de surpresa.

— E como ela está?

Franzi o cenho, estranhando a sua pergunta.

— Bem. — respondi.

— Não me diga que ela realmente acreditou naquela nossa desculpa péssima. — Ele riu, cruzando os braços sobre o peito.

— Eu sei o que você deve estar pensando, mas não precisa se preocupar. — Assegurei.

Por mais que a minha amiga tenha ficado chateada, ela nunca faria nada para me prejudicar. Amy não era assim.

— Amy não vai contar nada a ninguém, até porque, o que nós dois temos não é nada sério. — Dei de ombros.

Harry ergueu as sobrancelhas em surpresa.

— Uau. — ele disse, como se tivesse levado um soco no estômago. Diria até que havia um pouco de mágoa na sua voz.

Talvez as minhas palavras tenham sido pesadas demais. Não disse na intenção de magoá-lo, mas era a verdade. Nós não tínhamos nada sério.

— Não sabia que você pensava assim. — completou.

— Mas gente não tem nada, Harry. Nós só transamos, isso é o que nos liga.

— Por que está tão brava comigo quando foi você quem me ignorou durante todos esses dias?

— Eu não tô brava. — Cruzei os braços sobre o peito, um pouco irritada com as suas acusações. — Apenas estou jogando os fatos na mesa.

Ele balançou a cabeça em negação e soltou um suspiro exausto.

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