Capítulo 6.

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Era bem a sexta vez que eu tentava achar uma posição confortável na cama para conseguir dormir. No entanto, parecia algo impossível. Meu corpo estava completamente cansado, ao contrário da minha mente, que continuava insistindo em trabalhar e não me dar um segundo de descanso.

Encarei o teto do meu quarto e bufei frustada, tirando os lençóis de cima do meu corpo para me sentar na cama.

Pensei em fazer um copo de chocolate quente para ver se o sono finalmente viria, mas meu estômago deu várias voltas só com a possibilidade.

Não seria uma boa ideia, além disso, eu não estava com fome.

Levantei da cama e caminhei até a grande janela do meu quarto, coberta por uma cortina, e admirei o movimento de Nova Iorque. Não era muito tarde, então talvez esse fosse o motivo das ruas ainda estarem muito agitadas, apesar de eu saber que essa cidade nunca dormia.

Fechei as cortinas novamente, pronta para ir até a cozinha pegar pelo menos um copo de água, mas meu olhar focou no meu guarda roupa, que tinha uma porta aberta.

Andei em direção ao objeto, pronta para fecha-lo, porém, assim que vi a calça que usei há alguns dias atrás presa por um cabide, toda a raiva de horas atrás voltou a correr pelo o meu sangue. Era a mesma calça que eu tinha usado no dia que resolvi falar com Harry, a mesma em que ele fez questão de colocar um papel com o seu endereço

— Seu endereço.. — falei para ninguém em específico.

Meu olhos brilharam no mesmo instante. Peguei a calça e coloquei as mãos no bolso traseiro da mesma, a procura daquele maldito papel com o endereço de onde Harry morava.

Mesmo um pouco manchado por conta da lavagem, as letras ainda eram legíveis.

Na mesma hora, decidi que acertarias as contas com Harry essa noite e não esperaria mais nem um segundo.

Agarrei um casaco preto grande, que ia pelo menos até os meus joelhos, e o vesti, cobrindo o pijama de seda que eu usava.

Se eu pensasse em me arrumar com certeza desistiria no meio do caminho.

Fui em direção à cozinha e peguei as chaves do apartamento no balcão, trancando o cômodo logo em seguida.

Assim que cheguei na portaria, Paul, o porteiro, me parou.

— Senhorita Winters, posso ajudá-la? — ele se aproximou com um sorriso amigável, apesar de eu notar a dúvida estampada em seu rosto.

Ele me olhou de cima a baixo, fixando seu olhar um certo tempo nos meus pés, provavelmente confuso por causa das pantufas em meus pés.

Eu devia ser a única louca de Nova Iorque a sair de casa a essa hora da noite apenas de pijama.

— Pode chamar um táxi para mim, por favor? — Tentei soar gentil, apesar de sentir a raiva se espalhando pelo meu corpo a cada segundo.

— A senhora está bem? — franziu o cenho, preocupado.

Eu odiava quando Paul me chamava de senhora porque eu me sentia como uma idosa de noventa anos.

— Sim, eu só preciso resolver uma coisa urgente.

— Já é tarde, tem certeza que está bem? Precisa de alguma coisa?

— Estou bem, Paul. Pode, por favor, chamar o táxi?

Se ele continuasse a fazer perguntas eu mesma chamaria o maldito táxi.

O mais velho, percebendo a minha impaciência, resolveu não fazer mais perguntas e logo desapareceu da minha vista a procura de um táxi.

Esperei alguns minutos, até que finalmente avistei o veículo amarelado do lado de fora do meu prédio. Agradeci ao meu porteiro e entrei no táxi, passando o endereço certo ao motorista logo em seguida.



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