Capítulo 9.

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— Surpresa! — Amy gritou, animada, estampando um sorriso de orelha a orelha.

Eu continuei parada, completamente sem reação. Amy se inclinou para me dar um abraço de urso, e depois de alguns segundos processando o que estava acontecendo, eu finalmente retribui.

— O que você está fazendo aqui? — Tentei soar o mais normal possível.

Eu não queria que minha amiga pensasse que eu não estava feliz em vê-la, porque eu realmente estava, mas ela realmente me pegou de surpresa.

Ela desgrudou os braços do meu corpo, me permitindo respirar novamente, e me encarou. Sua pele parecia bem mais branca e seus cabelos bem mais pretos ao vivo.

— Aquele lance de estar atolada com a faculdade era uma desculpinha pra minha surpresa. Resolvi chegar mais cedo. — ela respondeu, ainda animada. — Por que? Eu fiz errado? — Amy franziu as sobrancelhas, preocupada.

— Não, não! — Me apressei em esclarecer. Eu estava com muita saudade e muito feliz em vê-la depois de muito tempo, mas, sendo sincera, aquele não era o melhor momento para uma visita surpresa.

— Ufa! — ela suspirou, voltando a exibir seu sorriso perfeito.

Amy pegou as duas malas de carrinho e adentrou o meu apartamento antes que eu pudesse impedi-la.

— Amy, eu.. — Tentei segurá-la, mas claramente foi em vão.

— Uau! Seu apartamento é incrível, Alex. — ela falou, analisando a minha sala.

Com o seu comentário, corri para recolher a pipoca espalhada pelo chão, nervosa e agitada. No momento em que me levantei, ouvi as palavras que eu tanto temia saírem da sua boca:

— Professor Styles?

— Senhorita Wood. — Harry respondeu, esboçando um sorriso desconcertado.

Mordi a bochecha, alternando o meu olhar entre a minha amiga, que me fitava com um olhar nada amigável, e Harry, que estava claramente desconfortável com toda a situação.

O silêncio que pairava no ambiente era constrangedor.

— Amy, você se lembra do Harry, não é? — Falei a primeira coisa que me veio na cabeça. Eu só queria cavar um buraco no chão e enfiar a minha cabeça. — Harry, lembra da Amy?

Era óbvio que os dois se conheciam, e mais óbvio ainda que se lembravam um do outro. Meu olhar desesperado entregava todo o nervosismo presente em meu organismo, mas a esse ponto, eu não sabia se estava pedindo ajuda a Amy, para deixar o assunto para uma outra hora, ou a Harry.

— Claro, como eu poderia esquecer? — Amy respondeu, contendo um sorriso.

Ok, ela definitivamente não iria me ajudar. A minha última esperança era contar com a ajuda de Harry.

— Hum.. o Harry já estava de saída. — Meu olhar aflito pousou no meu professor. — Na verdade, ele só veio buscar um trabalho que eu atrasei.

— Buscar pessoalmente, hein? — Amy riu, balançando a cabeça negativamente, e voltou a direcionar o seu olhar acusador para Harry.

— Pois é. — ele coçou a nuca, desconfortável. — O que a gente não faz para ajudar o nossos alunos.

Amy forçou uma risada, denunciando que não acreditava nem um pouco na nossa desculpa esfarrapada. Eu ri também, mas de nervoso. As minhas mãos, que seguravam o balde de pipoca, suavam frio. Minha garganta também estava seca.

— Bom, eu preciso ir agora. — Harry pigarreou, fingindo olhar um relógio inexistente em seu pulso. Ele saiu de trás do balcão e caminhou até a porta. — Foi um prazer revê-la, senhorita Wood.

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