cecília

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Levei meus lábios ao canudo, sugando o líquido gelado. O sabor era realmente agradável, uma delícia!

—Isso é muito bom. – falei me referindo ao milk shake. – Quer um pouco?

—Claro, por quê não? – Karla se inclinou na mesa e levou seus lábios até o canudo que há minutos estava em meus lábios. Ela me lançou um olhar que fez meu corpo todo se esquentar e esquecer o frio que aquela bebida me causou. Ela retirou sua boca de lá e lambeu os lábios. – Realmente muito bom. – sorriu. – Sabe Lauren, seria falta de educação da minha parte se não lhe oferecesse do meu. Aceita?

Eu nada respondi, fiz o mesmo que ela. Fechei meus olhos sentindo o sabor do morango de seu milk shake. Logo os abri novamente, Karla me olhava com um sorrisinho sacana.

—Uma delícia. – falei dando uma piscadinha em seguida.

—Hey, sapatonas. – ouço a voz de Normani e fecho meus olhos, tentando não voar no pescoço dela. – É melhor pararem com essa putaria, da pra notar a tensão sexual de vocês daqui.

Bastou isso para meu rosto queimar de vergonha, olhei para Karla, que não demonstrava nenhum sinal de vergonha. Ela pareceu notar isso.

—Dinah é igualzinha, não me afeta. – deu de ombros.

—Normani sempre foi assim, mas nunca me acostumo. Espero que isso possa mudar um dia. – Karla riu e eu também.

*Quebra de tempo*

Depois de muita conversa, resolvemos continuar andando e conversando.

Lolo, olha aquele lugar. – apontou para um local animado.

—Karaoke! Precisamos ir lá.

—Claro. – sorriu e fomos.

Entramos no local, haviam algumas pessoas sentadas, conversando, tomando um lanche...
Outras cantavam, bom, na verdade já tinham terminado de cantas mas estavam viçando no palco.

—Que tal cantarmos juntas? – sugeri.

—Adorei a ideia. – falou. – Que tal... Cecília?

—Brasileira? É um desafio, eu gosto de desafios, então vamos cantar.

(Pelo amor de Deus eu sei que pt - BR é foda mas eu amo essa música.)

Sorri para ela, que retribuiu. Subimos no palco, Karla pediu para que tocassem a música. As pessoas saíram do palco e outras se aproximaram para ver.

O som começou a tocar, o som do piano automáticamente me fez arrepiar.

—Teu olho despencou de mim
Não reconheço a tua voz
Não sei mais te chamar de amor
Não ouvirão falar de nós

A gente se esqueceu, amor
Certeza não existe não
E a pressa que você deixou
Não vem em minha direção – Karla cantou essa parte sozinha.

—Parece que o tempo todo
A gente nem percebeu
Que aqui não dava pé não
Que tua amarra no meu peito não se deu – comecei a cantar junto.

—Te vi escapar das minhas mãos. – cantei sozinha.

—Eu te busquei, mas – cantou só.

—Não vi teu rosto não – cantamos juntas.

Eu te busquei, mas – cantei só.

Não vi teu rosto

não. – cantamos.

O piano novamente tomou conta. Era visível que eu estava triste, essa música mexe muito comigo.

—Ausência quer me sufocar
Saudade é privilégio teu
E eu canto pra aliviar
O pranto que ameaça

Difícil é ver que tu não há
Em canto algum eu posso ver
Nem telhado, nem sala de estar
Rodei tudo, não achei você – cantei com os olhos fechados.

—Parece que o tempo todo
A gente nem percebeu
Que aqui não dava pé não
Que tua amarra no meu peito não se deu – abri meus olhos ao ouvir a voz de Karla junto a minha.

—Te vi escapar das minhas mãos – não pude controlar minhas lágrimas, larguei o microfone e saí correndo.

Unicórnio & Dragão | CAMRENOnde histórias criam vida. Descubra agora